2121 – Capítulo 44

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Capítulo 44 – Autoquíria

 

A morte é um pássaro traiçoeiro a espreita, em silêncio. Um corvo negro sempre por perto, pousado suntuosamente num galho de árvore. De tempos em tempos ele executa voos circulares por cima de nossas cabeças, nos momentos em que ele quer nos mostrar que não teria dificuldades em pousar em nosso ombro. Sabemos que depende da vontade dele, e não podemos fazer nada para espantá-lo para longe, nem temos como correr; pretensão boba a nossa achar que podemos correr mais rápido que um voo de ave de rapina. Apenas nos resta esperar seu pouso final, ou olhar em seus olhos.

***

– Mas você não enxerga! – Sam dizia, gesticulando.

– Eu posso seguir o barulho do seu air ski, basta que você guie devagar.

– Não, não, Theo, não vamos atravessar esse mar a noite em air skis, vamos arranjar um barco ou outro meio de transporte, nada individual.

A dupla já estava circulando pela cidade litorânea há duas horas, a procura de algum ponto pouco movimentado e transporte marítimo para a ilha. Passava das nove da noite e haviam planejado atacar as onze.

– Continuaremos rodando como baratas pela cidade? – Theo perguntou.

O carro estava parado num semáforo, estavam na orla, numa avenida larga e com prédios coloridos não muito altos ao redor, Sam corria os olhos para fora, com preocupação.

– Hum.

– Esse grunhido é sinal de coisa boa? – Theo perguntou.

– E se não formos pelo mar?

– Está pensando em que? Helicópteros?

– Ultracópteros.

– Aquelas coisas que parecem helicópteros de brinquedo?

– Sim, acabei de ver uma propaganda sobre um parque turístico aqui perto, que disponibiliza passeios aéreos nessas coisinhas.

Ouviu-se uma buzina comprida, o sinal estava aberto.

– Acho que estão buzinando para nós. – Theo disse.

Sam manobrou o carro para o acostamento, erguendo o dedo médio para o motorista que buzinava.

– Vá você! – Ele bradou da janela, ao passar por elas.

– Vá você o que? – Theo perguntou confusa.

– Sei lá, o trânsito é cheio de loucos. – Desconversou.

– Ok então.

– Ok o que?

– Vamos de ultracóptero para a ilha, apenas tente não nos derrubar.

– Não me peça coisas difíceis, eu não sei nem pilotar isso, se conseguir tirar do chão será uma vitória.

– Sam, você me mata de tanta positividade.

Minutos depois o carro azul subia por uma estradinha escura em meio a árvores altas, chegando ao local recreativo, onde eram oferecidas atividades como arvorismo e tirolesa.

Após estourar o portão da entrada, Sam estacionou próximo a um grande deque de madeira, onde haviam uns dez mini helicópteros coloridos. Tratou de eliminar a vigilância eletrônica flutuante e o guarda robótico.

– Achou os brinquedos? – Theo perguntou quando Sam retornou, estava de pé ao lado do carro.

– Sim, estão a nossa frente. A área já está limpa.

– Então vamos.

– Não, espere.

– O que?

– Sam hesitou antes de falar.

– Desculpe se estou parecendo pessimista, mas estou com um pressentimento ruim. Eu gostaria de não estar me sentindo assim, e sei que você tem tentado manter a situação positiva, mas é que… Eu acho que estou com medo… – Sam dizia encabulada.

– O medo faz parte, nos deixa alerta, nos prepara para as situações adversas. Não se culpe, o use para a prudência. – Theo disse de forma acolhedora.

– Se voltarmos dessa ilha, tudo terá mudado, meu destino estará decidido, para o melhor ou para o pior. Não temos plano B, e não temos tempo, depois de amanhã meu prazo termina.

Theo concordou, balançando a cabeça devagar.

– Daqui algumas horas nossas vidas estarão completamente mudadas.

– Eu vou entrar no carro um instante, se importa de ficar sozinha alguns minutos? – Sam perguntou.

– O que você vai fazer?

– Uma última oração.

– Posso acompanhar você?

– Mas você não reza.

– Eu posso segurar a sua mão, talvez diminua seu medo.

Sam sorriu.

– Entre.

Theo entrou no carro e foi logo se virando no banco, ficando de frente para Sam, que já sentava em frente ao volante.

– Com a mão boa. – The estendeu a mão direita.

Sam a tomou e deu uma olhada, apoiou o cotovelo esquerdo no volante, e a testa na mão, fechando os olhos. Fez sua prece de forma silenciosa, segurando firmemente a mão de Theo. Ao final trouxe sua mão para perto, e beijando devagar.

– Eu vou conseguir, não é meu fim. – Sam disse com convicção.

– Não, não é seu fim, é seu recomeço.

– Nosso recomeço. – Sam virou-se em sua direção, a abraçando. – Se eu não voltar, saiba que amei você cada segundo, mesmo quando não tratava você decentemente, mesmo quando eu estava confusa.

– Achei que você ainda estivesse confusa. – Theo sorriu sorrateiramente, e a beijou.

– Ok, Archerzinha, hora de usar seu conhecimento, vamos tentar desligar o monitoramento eletrônico através do meu comunicador, você disse que sabia como fazer isso.

– Eu não disse que sabia, eu disse que o pessoal da segurança contou que era possível, e me mostraram algumas telas.

– Eu já achei o aplicativo que você falou, inclusive ele já localizou uma unidade ativa num raio de três quilômetros. Tente o resto por comandos de voz.

Depois de longos vinte minutos de tentativas, finalmente o sinal vermelho iluminou-se na tela nas mãos de Sam.

– Conseguimos, vigilância desativada. – Sam disse sorridente.

– Agora só faltam as dezenas de guardas fortes e armados.

– Você vai precisar ter paciência, vamos observar bastante antes de cada passo, um por vez.

– Posso oferecer apenas meus ouvidos.

– É o suficiente. Vem, hora da invasão.

Embarcaram num dos ultracópteros, Sam levou alguns minutos estudando os comandos, que eram relativamente simples, e logo já estavam sobrevoando o mar em meio a escuridão.

– Vamos voar um pouco mais alto que o normal, para que não nos vejam do solo. – Sam comunicou.

– Que?

Sam colocou os fones em Theo.

– Vamos voar mais alto que o normal, para não nos verem lá de baixo.

– Ah. Já enxerga a ilha?

– Sim, para alguma coisa essa minha visão cheia de frescuras tem que servir. Eu vejo prédios, Theo, eu vejo prédios que parecem laboratórios! – Sam comemorava.

Pousaram o pequeno aparato numa área gramada, um pouco afastada do complexo de prédios baixos, que eram verde escuros. Um vento frio moderado vinha do mar, fazendo Theo se encolher e Sam fechar seu casaco de couro marrom.

– É aqui perto? – Theo perguntou.

– Sim, atrás destas árvores.

Sam tomou a mão de Theo e atravessaram devagar uma pequena faixa densa de árvores, encontrando a lateral do que parecia o prédio principal. Todos os prédios estavam interligados, formando uma grande massa de aço e concreto verde.

– Está com sua arma? – Sam perguntou, certificando-se também de que sua pistola prateada estava carregada.

– Sim, aqui atrás.

– Não use a esmo, use apenas em situação real de risco.

– Quando você autorizar.

– Muito bom, você aprende rápido.

Correram pela lateral, em busca de seguranças externos, não encontrando nenhum, apenas os vigias robóticos desligados. Circularam todo o complexo, e continuaram sem enxergar nenhum segurança do lado de fora.

– Limpo até agora? – Theo perguntou.

– Tudo limpo aqui fora. Hora de entrar.

– Onde estão os dedos de Evelyn?

– No bolso da minha jaqueta.

– No seu bolso?

– Eu os embalei, não me olhe com essa cara de nojo.

Acessaram uma pequena porta lateral, e na segunda tentativa com os dedos, finalmente a pequena luz verde acendeu-se na fechadura.

– Estamos dentro. – Sam sussurrou, caminhando lentamente com Theo em sua mão.

– O que vê?

– Uma pequena sala com sofás e uma copa.

– Deve ser alguma sala de descanso para funcionários. Procure alguma porta larga, também com fechadura biométrica.

– Tem uma, vamos.

Passaram pela porta larga, acessando agora um grande pavilhão, de pé direito altíssimo e alguns mezaninos metálicos o rodeando. Haviam dezenas de bancadas brancas repletas de vidrarias de laboratório. As luzes estavam apagadas mas haviam pequenas janelas no alto, por onde entrava um pouco de claridade natural.

– O que vê? – Theo perguntou.

– Ãhn, um lugar grande com coisas de vidro, mesas.

– Muito grande?

– Bem grande, cabem umas dez casas do tamanho da minha aqui dentro. As luzes estão apagadas, parece estar com a vigilância desligada. Nenhum sinal de guardas ou alguém.

– Ótimo, mas o que procuramos deve estar longe daqui. Vamos procurar outro bloco, algum que aparente ser de alta segurança, aqui é zona de trabalho.

A dupla passeou por mais dois ambientes semelhantes, com bancadas de trabalho, chegando até uma pequena sala com trajes de segurança bioquímica pendurados na parede.

– Acho que estamos esquentando, parece uma antessala de desinfecção, e tem uma porta com um daqueles símbolos de alerta, escrito biossegurança nível dois, com uma bela fechadura, parece um painel da NNASA.

– Isso é bom, quanto mais segurança, mais precioso o conteúdo. – Theo se animou.

– Eu acho ótimo, mas como abriremos? Tem um teclado numérico, isso deve ter uma senha bem cabulosa.

– Ou não. Pegue seu comunicador, naquele aplicativo de vigilância talvez tenha algo referente a travas e fechaduras.

Sam encontrou algo que parecia gerenciar travas alguns minutos depois, destravando uma por uma, eram mais de vinte. Em determinado momento, a fechadura emitiu um bip.

– Opa! – Sam olhou para a porta, contente.

– Shhhh, não comemore assim alto, pode atrair vigilantes. – Theo a censurou.

Sam deu uma olhada em todas as direções, e pela porta por onde haviam entrado.

– Nenhum sinal de vida inteligente por aqui, vamos voltar para a fechadura.

Tentou abrir, a empurrando, mas continuava travada. Usou um dos dedos e mais um bip foi ouvido. Mas a porta continuava sem abrir.

– Nada ainda? – Theo perguntou.

– Não, mas o teclado acendeu, será que está pedindo uma senha?

– Tente algo.

– Qual algo?

– Tente algo bobo, como uma sequência.

– Ok.

Sam tentou algumas sequências e números aleatórios, era uma senha com seis dígitos.

– Não é algo tão bobo assim. Vamos passar para as datas de aniversário, provavelmente não é a sua. – Sam zombou.

– Por que não tenta a data da sua vó?

– Você anda muito malcriada. Me diga algumas datas.

Theo ditava as datas e Sam digitava, mas nada fez efeito.

– Eu vou tentar pelo aplicativo novamente, senão passaremos a noite aqui tentando.

Sam tirou a jaqueta, estava cada vez mais nervosa e já era visível algum suor em sua testa.

– Temos o código. – Sam disse enfática.

– Achou?

– Talvez sim, vou tentar. 980417.

E três bips soaram no recinto. Sam empurrou a porta que finalmente se abriu, fazendo um ar congelante invadir a pequena sala.

– Abriu? – Theo perguntou ansiosa.

– Agora entendi o porquê dessas roupas penduradas, lá dentro deve estar abaixo de zero. Venha.

O lugar parecia uma câmara fria asséptica, haviam apenas prateleiras metálicas com milhares de pequenas caixas azuis.

– O que tem aqui dentro? – Theo indagou, tremendo o queixo com frio.

– Caixas, várias caixinhas azuis, não vejo nada além disso.

– Procure melhor, as caixas devem ser de Beta-E, mas as matrizes podem estar um pouco mais escondidas.

Sam revirou todo o ambiente, derrubou algumas caixas, mas de fato não havia mais nada por ali.

– Tanto trabalho para abrir essa porta, para nada. – Sam resmungou, voltando a tomar a mão de Theo.

– Você olhou bem?

– Só tem paredes e caixas azuis, nenhum sinal de portas, cofres, compartimentos, nada.

– Então vamos continuar desbravando essa porcaria de lugar.

Abandonaram a sala gélida e voltaram a andar pelas dependências do conglomerado, entravam e saiam de salas, sem encontrar nada.

– Theo, espere um minuto. – Sam parou o passo.

– O que foi?

– Não está achando isso um pouco estranho?

– Isso?

– Onde estão os guardas? Não vi nenhum ainda, essa fortaleza ultrassecreta não tem um vigilante sequer?

Theo coçou a cabeça, pensativa.

– Eles sabem que estamos aqui, é isso, eles sabiam que viríamos.

– Se eles sabiam, porque não aumentaram a segurança? – Sam disse.

– Porque sabem o que queremos, devem estar nos aguardando no lugar onde estão as matrizes, ou em alguma sala próxima.

– Que ótimo – Sam exasperou. – A boa notícia é que assim acharemos o depósito das matrizes. A má notícia é que talvez tenha um exército pronto para abrir fogo em nós.

– Bem armados.

– Devem estar de tocaia, nos aguardando. Tem alguma sugestão? Além de continuarmos brincando de gato e rato com eles?

– Bom, não tenho nada mais interessante para fazer essa noite. – Theo brincou, com desânimo.

– Não restam muitas salas, estamos quase lá. Vem. – Tomou seu casaco e saíram da sala.

Cada ambiente testado era um momento carregado de tensão, seguiram por uma passarela suspensa para o último módulo, o menor de todos, chegando numa sala branca vazia e fria.

– O que tem aqui?

– Absolutamente nada. E uma porta.

– Está com o mesmo pressentimento que eu?

– Estou. Continue alerta. – Sam sacou sua pistola da perna e manteve erguida a sua frente.

Abriu a porta e viu um ambiente de médio porte, com bancadas repletas de utensílios e equipamentos tecnológicos, era o laboratório mais bem equipado que já tinha visto.

– O que tem aqui? Está frio. – Davam passadas lentas pelo centro da sala.

– Parece um parque de diversões para cientistas, nunca vi tantos… Ai!

Sam foi interrompida por um tiro, que atingiu a lateral de sua perna esquerda, a fazendo ajoelhar-se com semblante de dor.

– Deite no chão! – Sam a empurrou pelo ombro.

Sam ergueu-se um pouco e viu dois homens parados no fundo da sala, um em cada canto, apontando armas em sua direção. Os tiros voltaram e abaixou-se novamente, ao lado de Theo.

– Tem dois homens vindo em nossa direção, permaneça embaixo dessa bancada, não tente nada. – Sam dizia nervosamente.

– Você levou um tiro?

– Fique aí.

– Moças, não queremos machucar vocês. – Um dos seguranças disse em voz alta.

– Não? E esse tiro em mim?

– Foi apenas um alerta. Queremos levar vocês em segurança até uma de nossas salas, por favor jogue sua arma na minha direção e nos acompanhe.

– Não vou cair nessa.

Sam correu abaixada por trás das longas bancadas, na direção de um dos seguranças, que usava um terno negro. Recebia uma saraivada de tiros, que atingiam apenas o metal das mesas, eles pareciam tomar cuidado com os equipamentos e vidrarias que estavam acima.

Ela conseguiu acertar alguns tiros em sua perna, o derrubando, atirou-se para cima dele, finalizando o serviço. Percebeu o outro guarda vindo em sua direção disparando, e fugiu no sentido contrário, abaixada. Assim que ergueu a cabeça viu mais dois guardas surgindo da entrada da sala, estava encurralada por eles. Pulou para o lado, apavorada, corria pelo labirinto branco de mesas, fugindo dos três.

Deu uma olhadela por cima de uma estufa e viu o primeiro guarda gesticulando para os outros dois, aproveitou o momento para acertar um tiro em sua cabeça. Os dois restantes separaram-se, cada um vindo por um lado, em sua direção.

Por alguns segundos tensos, planejou o que fazer e seus próximos passos. Respirou fundo e partiu na direção de um deles, recebendo tiros e protegendo-se como podia. Um tiro estraçalhou uma vidraria próximo a sua cabeça, ferindo com alguns pequenos cortes o seu rosto.

Atirava de forma destemida na direção do grande homem, que se escondeu atrás de um refrigerador. Sam pulou para cima dele, porém, o homem robusto não caiu no chão, travaram uma luta corpo a corpo tentando atirar um no outro. Sam perdeu sua arma, mas segurou firmemente em seu pulso. Numa investida ela usou o movimento executado por ele para mudar o curso da arma, apontando na direção do outro homem que vinha em sua direção, apertando o gatilho por cima dos seus dedos. Restava um.

Sam recebeu algumas joelhadas na perna ferida, a deixando vulnerável por alguns instantes, fingiu cair no chão, aproveitando a oportunidade para juntar sua arma que estava caída e atirar quatro vezes na cabeça do último vigilante, deitada no piso branco.

Ainda se dando conta do acontecido, permaneceu alguns segundos em choque no chão, respirando rapidamente, segurando a arma com as duas mãos que tremiam.

Levantou-se e correu para a bancada onde havia deixado Theo, mancava e sua calça já se tingia de vermelho.

– Sou eu, sou eu. – Sam pousou sua mão no ombro de Theo, a assustando.

– Você está ferida? – Theo levantou-se, tentando tocá-la com a mão direita estendida.

– Eu levei mais um tiro na perna, mas estou bem.

– Eram quatro homens?

– Sim, já dei um jeito em todos.

– Podem surgir mais.

Sam olhou por todo laboratório, ainda respirando rápido.

– Ok, vamos aguardar um pouco, mas o caminho é esse, estamos perto.

Segundos depois uma porta abriu pesadamente, deslizando devagar.

– Que barulho foi esse? – Theo perguntou, assustada.

– Uma porta se abriu.

– Sozinha?

– É.

– Onde?

– Nos fundos desse laboratório. Abaixe-se, talvez apareçam mais guardas de lá.

Sam ergueu sua arma na direção da porta ao longe, aguardando tensamente que algo acontecesse. Sentia o suor escorrendo pelas laterais do seu rosto, um silêncio nada tranquilizante testava seus nervos.

– Acho que está limpo, vamos entrar. – Sam decidiu, minutos depois.

– E se tiver um batalhão lá dentro?

– Não terei escolha, enfrentarei o batalhão. E você corre de volta para essa sala, ok?

– Ok, Super Sam, vamos lá.

Sam recarregou sua pistola e conduziu Theo pela mão, arrastando sua perna esquerda ferida, a dor ficava em segundo plano, era tomada pela adrenalina do momento.

Entraram numa sala menor que a anterior, escura, com apenas uma bancada, cadeiras, três refrigeradores, e poucos equipamentos. A luz se acendeu.

– Precisava ter matado meus homens? Eram de confiança.

– Pai?? – Theo bradou espantada.

Um homem de cabelos claros, parte grisalhos, surgiu caminhando lentamente na direção delas, usava uma camisa branca com a gravata cor de chumbo folgada no pescoço. Tinha os olhos azuis elétricos.

– Não se aproxime dela. – Sam disse, abrindo o braço a frente de Theo.

– Você deve ser a soldado fugitiva, que está usando minha filha para se dar bem. – Benjamin falou com sarcasmo.

Theo estava emudecida, em choque.

– E você é o desgraçado que colocou a própria filha num bordel, que belo pai. – Sam respondeu, com raiva, enxugando o suor no rosto.

Ben apenas sorriu, e recostou-se na lateral de uma das bancadas, cruzando os braços.

– Senti saudades, Theodora.

– Eu também, cada segundo dos últimos dois anos. – Theo começava a se recompor.

– Antes de qualquer coisa, vamos esclarecer alguns fatos. – Ben começou. – Eu não mandei você para bordel algum, meu irmão mau caráter que te enfiou naquela casa imunda dele, eu não sabia onde você estava.

– Pelo amor de Deus… – Theo riu incrédula. – Você me entregou para Elias, para que eu trabalhasse naquele lugar.

– É, você está certa, eu entreguei você a Elias, mas era para dar cabo na sua vida. Eu não fazia ideia que você ainda estava viva. Aquele espertinho… Deve ter faturado uma fortuna com você.

Sam ergueu a cabeça, fitando Benjamin sem conseguir acreditar na frieza com que confessava isso.

– Nossa… A história fica cada vez mais bonita. – Theo balbuciou.

– Confesso que não gostei nem um pouco do que ele fez com você, ele me desrespeitou, desonrou minha filha de uma forma degradante, depois acertarei minhas contas com aquele cretino.

– Desonrou? Você mandou matar a própria filha! – Sam se exaltava.

– Ok, não foi uma saída elegante, mas tive meus motivos.

– Quais motivos?

– Você estava me dando trabalho, estava se juntando àqueles merdas da resistência, minha própria filha me apunhalando pelas costas.

– Foi você, não foi? Que matou minha mãe.

– Ela pediu por aquilo, assim como você.

– Meu Deus… – Theo esfregou uma mão no rosto, começava a suar, apesar da sala fria.

– Bom, acho que estou amolecendo meu coração, porque tive uma pontada de felicidade quando descobri que você estava viva, mesmo que cega, mas pelo menos ainda estava viva.

– Quando soube?

– Quando você começou a se locomover no meu radar, depois de quase dois anos parada na Zona Morta. Achei que você estava enterrada por lá.

– Tem algum rastreador em mim?

– Não mais, você vendeu, numa pequena cidade do México.

Theo enrugou a testa pensativa, e se deu conta.

– O crucifixo que eu usava no pescoço, que minha mãe me deu, isso era o rastreador?

– Sim, eu sabia que você não se livraria de algo dado por sua mãe. Mandei Walter, um dos meus melhores homens, para lá. Ele conversou com o dono da loja de penhores, que disse que uma garota cega de olhos azuis havia vendido um dia antes. Não tive dúvidas, era minha estimada filha. Fiquei um tanto pesaroso por descobrir que você havia perdido a visão, queria te trazer de volta para casa, coloquei Walter a sua procura.

– Haviam várias pessoas tentando me levar de volta para você, não apenas esse tal Walter.

– É, depois que vocês mataram Walter contratei alguns grupos mercenários para te caçar.

– Quem era esse Walter? Aquele coronel que você mandou para a ilha no Rio?

– Não, aquele era um bom amigo do exército, Coronel Lopez. Ah, claro, vocês não o conheciam por Walter, ele teve a ideia de usar um nome que despertasse sua simpatia, Theodore, não foi esse o nome que ele usou?

– Theodore… Aquele… – Sam balançava a cabeça, se dando conta.

– Ele estava fazendo um bom trabalho, fiquei um tanto decepcionado com a morte cruel dele. A lista é grande… Admito que subestimei vocês, são boas guerreiras. – Benjamin agora andava devagar pela sala, falando com sua voz mansa, num tom controlado. – Até mesmo Evelyn você teve coragem de assassinar, quanto sangue frio! A própria namorada. A propósito, você ficou muito bem disfarçada de policial, soldado.

– Mais um fantoche contratado por você. Pai, você é tão… Tão nojento, você é a pessoa mais asquerosa que já conheci, e eu conheci muitos homens asquerosos naquele inferno.

– O que você disse para essa soldado, para que ela aceitasse te dar carona? O que prometeu? Ela é mais uma namoradinha que você está usando, não é?

Sam olhou para Theo, confusa.

– Felizmente não herdei seu caráter, nunca precisei usar ninguém.

– Ela apenas pediu ajuda, ela não me prometeu nada. – Sam disse.

– Theo, você é persistente como eu, sempre admirei essa qualidade. Conseguiu subverter uma boa moça católica, a afastou do noivo, eu tiro meu chapéu para você. Não sei qual de vocês duas é a mais oportunista. – Benjamin riu, parando mais ao fundo da sala.

– Foi bom você tocar nesse assunto, nós viemos aqui por um motivo, e você vai nos ajudar a encontrar o que procuramos. – Theo disse, com um tom mais incisivo.

– As matrizes? Eu descobri que você estava mancomunada com essa soldado a procura das matrizes ontem, não tive tempo de pendurar balões e faixas nesta porta. – Ben apontou para uma porta com uma grande tranca redonda.

– As matrizes estão aí dentro?

– Sim, querem ver?

– Queremos levar conosco, na verdade. – Sam retrucou.

– Acho que vocês mudarão de ideia, mas terei prazer em mostrar a vocês. Me acompanhem.

Benjamin girou a grande trava circular, pousou sua digital, digitou uma senha, e a porta metálica e espessa se abriu.

– Não toquem em nada, tudo aqui é frágil e altamente esterilizado. – Ben disse, a dupla entrou logo atrás, e Sam parou abruptamente seu passo.

– Meu Deus, o que é isso?! – Sam gritou, levando as mãos a boca.

– O que aconteceu, Sam?

– São… São… Jesus Cristo, tende piedade. São cinco tubos enormes, e com garotas dentro. – Sam disse, atordoada.

– Garotas? Pessoas dentro de um tubo?

– Theo… Elas são idênticas a você. Mas que abominação é essa? – Sam estava perturbada com a visão, tentando desviar o olhar, incomodada. Theo estava boquiaberta sem entender.

Haviam cinco tubos cilíndricos, preenchidas por um líquido translúcido. Dentro de cada um havia uma garota nua, com a mesma aparência que Theo; haviam tubos metálicos saindo de suas bocas, nuca, e baixo abdome, e seus longos cabelos castanhos estaticamente esvoaçantes.

– Essas são as matrizes, minhas preciosas matrizes. – Benjamin disse com um sorrisinho, andando ao redor dos tubos, orgulhoso.

– Minha Nossa Senhora, elas estão vivas! – Sam percebeu o movimento de uma delas.

– Estão, mas não tem consciência, são apenas corpos sendo mantidos vivos para fins biológicos.

– São clones? – Theo perguntou, sentia um arrepio gelado percorrendo sua espinha.

– São sim, mais uma vitória do grupo Archer: a clonagem humana.

Sam pareceu se dar conta de algo.

– Onde estão as outras matrizes?

– Essas são todas as matrizes que eu tenho.

– Não, meu contratante disse que o número era maior que o esperado, tem outras matrizes, onde estão?

– Eu estou falando a mais pura verdade, estas são todas as matrizes que eu tenho.

– Pai, pare com esse joguinho irritante, tem outras matrizes, não tem?

– Filha, você é a outra matriz. – Benjamin abriu um sorriso.

Sam fitou Theo com um olhar desesperado, ambas pareciam estarrecidas com as informações, com semblantes assombrados.

– Eu sou a sexta matriz?

– Exato, você é o item mais precioso da minha coleção.

Theo gesticulou incrédula, tentando formar sua próxima frase.

– Então… As tais matrizes de DNA2856, que nosso contratante pediu, são cinco clones minhas. E eu.

– Não. – Benjamin disse enfático.

– Não? – Sam disse.

– Filha, há dois erros na sua afirmação. – Benjamin se aproximou de Sam, fazendo com que ela erguesse a arma.

– Abaixe isso, só quero lhe mostrar algo, venha.

Sam o seguiu até um dos tubos, ela continuava evitando olhar para as garotas. Ben apontou para uma etiqueta digital afixada na parte inferior do tubo, onde havia uma espécie de pedestal metálico.

– DNA2857. – Sam pode ler.

– Seu contratante está desatualizado, já estamos uma versão além. Mas ele não irá ligar para isto, creio eu.

– Por que está uma versão além? O que isso quer dizer? – Sam indagava.

– Como está o tempo de vocês? Querem uma aula de como o Beta-E é fabricado? Acho que você não tem muito tempo restante, não é? – Ben zombou de Sam.

– Fale logo, pai.

Benjamin recostou-se num dos tubos.

– Estas belas criaturas possuem um genoma planejado, nós sintetizamos o Beta-E em seus corpos através de sua arquitetura previamente desenvolvida para essa finalidade. Porém o Beta-E vai perdendo sua eficácia com o passar do tempo, as vacinas perdem a utilidade depois de alguns anos, as pessoas vacinadas passam a ficar imunes aos efeitos. Para isso temos algumas cidades cobaias, onde fazemos uma vacinação maciça, e recolhemos amostras biológicas desses habitantes. Com estas amostras, reinjetamos sintetizadores nas matrizes, e ela produzem uma nova fórmula, que será eficaz por mais alguns anos. É um ciclo perfeito e admirável, e agora vocês entendem porque estas matrizes são uma preciosidade. – Seus olhos brilhavam quando falava de sua empresa.

A dupla ouvia a explicação em silêncio, assimilando as informações, Theo teve um estalo.

– Rosarito. Lembra, Sam?

– A cidade feliz. – Ela também se dava conta que Rosarito era uma das cidades cobaias.

– Sim, é uma delas. – Ben corroborou.

Sam esfregou os olhos com os dedos, a situação só piorava.

– Meu Deus, olhe o que você fez, você é um monstro. – Sam fitava de perto um dos tubos. – São seres humanos, essas garotas estão vivas.

– São apenas clones. – Benjamin rebateu.

– Por que você me clonou? – Theo questionou.

– E chegamos ao segundo erro da sua afirmação. Não são clones de você.

Theo franziu as sobrancelhas, sem entender.

– Elas são idênticas a mim e não são clones minhas?

– São clones da minha filha, Theodora.

– Que sou eu.

– Não, você também é um clone.

Theo sentiu-se zonza, seus joelhos fraquejaram.

– Isso não é verdade. – Sam o desafiou.

– Eu não sou um… Eu não… – Theo balbuciava.

– Sim, você é. Por que você acha que foi tão fácil mandar Elias dar fim em você? Eu nunca enxerguei você como minha filha de verdade. Imogen enxergava, ela te tratava como filha de verdade, mas eu olhava para você e apenas me recordava que minha filha estava morta.

– Minha mãe sabia? – Theo disse incrédula.

– Ela concordou em clonar a filhinha morta.

– Então… A Theo verdadeira, morreu?

– Infelizmente sim, com cinco meses apenas. Mal súbito noturno. Imogen ficou arrasada, ela achou uma ótima ideia fazer uma nova filhinha, concordou inclusive de participar do projeto. Mas ainda estávamos clonando apenas animais, seria um passo além e arriscado clonar um ser humano, por isso fizemos quatorze clones.

– Quatorze??

– Apenas seis sobreviveram, e apenas você tinha condições de ter uma vida normal. Estes cinco clones nasceram com graves problemas de formação de órgãos e funções, são clones imperfeitos, assim como você, mas você foi a menos imperfeita.

– Esses… Esses problemas de saúde que sempre tive, é por causa disso? – Theo mal tinha forças para falar, Sam fitava o chão, em choque.

– Sim, mas considere-se uma vencedora, as outras não tiveram a mesma sorte que você. – Benjamin voltou a andar devagar pela sala, com as mãos as costas. – Sabe, sua mãe dizia que você era um milagre, eu sempre achei que era apenas coincidência.

– Que coincidência?

– Contratamos treze barrigas de aluguel, Imogen foi a décima quarta. E adivinhe qual delas gerou você?

– Minha mãe?

– Sim. – Benjamin balançou a cabeça, confirmando.

– Foi minha mãe que me gerou… – Theo sorriu ingenuamente.

– Ela se apegou a você. Eu não. Acho que o fato de você ter passado seus primeiros dois anos na Europa, longe de mim, me ajudou a não criar maiores laços afetivos pela filha clonada, mas eu precisava esconder vocês duas, se ficassem aqui desconfiariam do que estávamos fazendo, ninguém sabe que você é uma cópia da minha filha legítima, a clonagem humana ainda não está regulamentada. Bom, tem também o fato de que toda vez que eu entrava nessa sala tinha a certeza que minha filha estava aqui. – Ben apontou para uma pequena porta, que parecia de um cofre refrigerado.

– O que?

– A Theo original está ali, seus restos mortais. Minha obra prima, que levei anos arquitetando nesses laboratórios, montando o genoma perfeito para desenvolver o Beta-E em larga escala, e assumir o fornecimento isolado ao governo. – Benjamin dizia cheio de si.

– A Theo original, foi arquitetada? – Sam perguntava, e sentia-se mal em falar nestes termos, em Theo original.

– Seu genoma foi minimamente arquitetado pelos melhores cientistas do mundo, e por que essa preciosidade não ser minha própria filha? Foi a época perfeita, éramos recém-casados, Imogen queria um filho.

– Minha mãe sabia disso também? – Theo perguntava com seu semblante de surpresa constante.

– Não, alguns detalhes são desnecessários, ela acreditou que eu tinha problemas de ordem reprodutiva, e fizemos uma fertilização in vitro. Filha, nós revolucionamos a biologia, criamos a chamada reengenharia genética, você deveria sentir orgulho do que é, uma chave para o futuro. Depois que a lei das vacinas foi aprovada, obrigando a população a se vacinar de tempos em tempos, nós deslanchamos, somos monopólio! – Ben se exaltava.

Theo tentava assimilar os fatos novos com os antigos, naquela bagunça de raciocínio em sua mente.

– Você se elegeu deputado apenas para isso, não foi? Lançar esse projeto de lei. Como caíram nessa? Como aceitaram esse absurdo?

– Eu era o genro de Daniel Bedford, o senador mais influente do país.

– Você casou com minha mãe por causa disso? Para ter influência política?

Ben se aproximava de Theo com passos lentos e um sorrisinho contido.

– Theodora, lembra o que nós fazíamos quando eu chegava mais cedo do trabalho?

Theo baixou a cabeça pensativa.

– Você me ensinava a jogar xadrez.

– Quantas vezes você ganhou de mim?

– Nenhuma.

Ben sorriu, lhe tocando o rosto e a assustando, sob o olhar vigilante de Sam.

– Eu sou um exímio enxadrista.

– Você é um sociopata ganancioso. – Theo rebateu, desvencilhando de sua mão.

Ben voltou a se afastar, a dupla começava a sair do choque e a se dar conta que não poderiam fazer a troca das matrizes com o contratante, Theo era uma das matrizes.

– Temos que pensar num plano B… – Sam sussurrou para Theo.

– Desculpe dificultar a vida de vocês. – Benjamin disse, após ouvir Sam. – Mas tomei a liberdade de decidir o próximo passo.

– Você vai nos ajudar? – Theo disse, esperançosa.

– É, acho que é a idade, eu falei, eu estou amolecendo meu coração. – Ben andava pela lateral da sala.

– Vai nos ajudar a conseguir um coração novo?

– Não, na verdade a vida dessa garota já terminou há muito tempo, vou apenas antecipar o curso do destino, vocês não têm mais chance de conseguir um coração. Quanto a você, Theo, eu vou permitir que volte para casa, que volte para sua vida normal, a faculdade, o basquete, as garotas que você gosta de brincar. Sob forte vigilância, é claro. Não quero que você volte a se envolver com aqueles anarquistas revolucionários.

– Não, Sam precisa de um coração, eu não vou deixá-la morrer, nós precisamos arranjar uma forma de conseguir.

– Vocês ficaram sem escolha, sinto muito.

– Não, por favor, pai, nos ajude. – Theo dizia com desespero. – Você é uma pessoa influente, você conhece tantas pessoas, ajude a conseguir um coração para Sam, ela não pode morrer, por favor faça algo.

– Não me envolva com seus dramas particulares, essa garota já está morta, não temos o que fazer, nem tenho a menor vontade em ajudar. Mas não fique triste, você arranja outra namorada logo. – Benjamin sorriu com deboche.

– Por favor, pai…

– Se você tirar as matrizes daqui elas morrem e se tornam inúteis. Você seria a única matriz viva, e acho que a sua soldado não vai querer te entregar para o contratante, principalmente sabendo quem ele é.

– Você sabe quem ele é? – Sam perguntou, espantada.

– Vocês não sabem? – Benjamin riu surpreso.

– Só sei o nome da pessoa que me liga às vezes, David. – Sam respondeu.

– David é o nome do meio de quem, Theo?

– Eu não sei.

– Vamos lá, faça um esforço, David é o nome do meio de qual querido parente?

– Elias. – Theo se dava conta, estarrecida. – Theo virou a cabeça na direção de Sam. – Elias é o seu contratante. – Balbuciou com perturbação.

– Você está blefando, quer deixar nossa situação mais difícil, nos fazer desistir das matrizes. – Sam rebateu.

– Ele vai te ligar daqui a pouco, pergunte se o primeiro nome dele é Elias.

– Como sabe que ele vai me ligar?

– Falei com ele ontem, liguei para perguntar por você, se tinha notícias. Foi quando ele me disse que um dos tantos mercenários que ele contratou para conseguir as matrizes estava com uma companhia ilustre. Eu sabia que aquele bastardo, que meu pai sequer deu seu sobrenome, tinha inveja do império que eu construí, enquanto ele mantinha negócios degradantes na Zona Morta, sempre foi um fracassado, um pária. Mas não fazia ideia que Elias havia se unido a Falange para fabricar o Beta-E, aquele pretensioso de merda se uniu à pior escória do mundo, e acha que vai conseguir tirar o monopólio das vacinas de mim.

– Elias… – Sam olhava com sofreguidão para Theo.

– Malditos… Vocês dois, são dois demônios em forma humana. Eu odeio você, eu te odeio. – Theo falava entre os dentes.

– E então, soldado? Vai tentar salvar sua vida entregando Theo para Elias? Ou vai ter uma atitude nobre, morrer por sua namorada? Eu apostaria na segunda opção, porque provavelmente você sabe o que Elias fazia com Theo, não vai querer que ela volte a fazer aquelas coisas no Circus. Ou vai? – Ben provocava.

– Nunca, eu nunca permitiria que Elias encostasse em Theo novamente, muito menos que ela voltasse para o Circus, mesmo que isso me custe a vida. – Sam mantinha a mão fazendo pressão no ferimento a bala na sua perna, sentia descargas de dor de tempos em tempos.

– Talvez seja nossa única saída… – Theo murmurou.

– Não, esqueça essa possibilidade, Theo. – Sam disse enfática.

– Benjamin, eu sei que você pode nos ajudar. – Sam pedia com clemência.

– Talvez tenha meios para isso, mas não tenho a menor vontade de ajudar você, que veio até meu laboratório me roubar, não passa de uma mercenária de quinta categoria se aproveitando das informações privilegiadas que Theo tinha sobre a Archer, uma soldado covarde que deserdou, abandonou o exército da Europa com desonra em seu nome, invadia vilarejos e matava inocentes na Zona Morta, civis de todas as idades, inclusive crianças. Eu falei recentemente com o Coronel Phillips, seu sogro, ele me contou algumas coisas sobre você, e ele também estava um tanto chateado por ter traído seu filho.

– Você é muito pior do que eu imaginava. – Sam disse nervosamente.

– Pai, você é um desgraçado… Um desgraçado egoísta… – Theo dizia num murmúrio raivoso.

– Um desgraçado que construiu um império com as próprias mãos, orgulhe-se de mim. No xadrez também sofremos baixas, temos que abrir mão de algumas peças para pode vencer.

– Sam… – Theo enxugou o suor que escorria pela testa. – As horas.

Sam se dava conta da intenção de Theo.

– Não, não, Theo.

– Sam, me diga as horas. – Theo perguntou com uma entonação raivosa.

– Você não vai fazer isso.

– Por Cristo, Sam! Se você não me disser as horas eu nunca te perdoarei!

Sam deu uma olhada rápida em Benjamin, que havia parado de andar pela sala e as fitava sem entender.

– Duas horas.

Theo sacou sua pistola das costas e desferiu cinco tiros na direção dada por Sam. Dois atingiram Benjamin no peito e um no braço. Baixou a arma devagar, como se num ritual, sua fisionomia continuava dura, raivosa.

– Sam, verifique.

Sam não falou nada, prontamente seguiu sua ordem, aproximou-se de Ben constatando que ele ainda estava vivo, agonizando.

– Ainda não. Quer que eu finalize?

– Não. – Theo estendeu a mão a frente, iniciando um passo inseguro. Sam a buscou, a deixando ao lado do corpo que ainda se movia e tentava falar.

– Me ajude… Filha, me ajude… – Benjamin implorava, sua camisa branca já estava tomada por vermelho.

– Eu não sou sua filha, sou apenas uma cópia, que para seu azar não está dentro de uma dessas redomas.

– Por favor, faça algo… Você não é assim, você é boa.

Theo ergueu um pouco o braço, apontando a arma na direção de Benjamin, sua mão tremia.

– Você me transformou num monstro.

Fechou os olhos e apertou o gatilho três vezes, soltando a arma no chão, por fim.

– Guarde. – Sam recolocou a arma em sua mão, a despertando.

– Está feito?

– Está.

– Ótimo. E agora? – Theo perguntou, zumbificada.

Sam deu um longo suspiro, olhando ao redor, já não evitava olhar para os tubos.

– Acho que o jogo acabou.

– Ainda não. Vamos sair desse laboratório dos horrores, vamos sair daqui e encontrar um plano B.

Theo guardou sua arma no cós da calça e estendeu a mão para Sam, que prontamente a colheu.

A longa caminhada de volta foi silenciosa, andavam de mãos entrelaçadas pelos vários ambientes do complexo, sem trocar nenhuma palavra, até chegarem no pequeno helicóptero.

– O vento aumentou, talvez nos derrube. – Sam disse, ajudando Theo com os cintos de segurança.

– Tudo bem, você sabe nadar.

A decolagem já dava sinais do que viria, correntes de ar que tiravam o pequeno aparelho da rota para o continente.

– Estamos chegando! – Sam dizia nervosamente, esforçando-se para mantê-las no ar.

Uma rajada as afastou para longe da colina onde estava seu carro.

– Acho que vou ter que pousar na praia! Será que é uma boa ideia pousar na praia?

– O que?

– Coloque a porcaria do fone!

– Não entendo o que você fala!

Sam puxou o manche principal na tentativa de ganhar altura, e voltou a enxergar o deque de pouso, voltando a ideia inicial de retornar para o local onde estava o carro, no alto daquela colina.

– Vamos conseguir! – Sam vibrava.

Uma lufada de vento forte arremessou o aparato de duas pequenas hélices na direção do barranco que havia abaixo do deque, fazendo com que se chocassem violentamente contra a parede de terra e vegetação.

– Ai. Humf. Ai. – Theo tentava mover suas pernas, mas estavam presas nas ferragens, estava ainda atordoada sem entender o que havia acontecido. Até que se deu conta.

– Sam? – Estendeu sua mão direita a procurando ao lado, ela estava lá, mas não respondeu.

– Me ouve? Sam? – Theo a sacudiu pelo ombro, apavorada.

Tentou soltar seus cintos, mas a mão esquerda não funcionava, e a direita não alcançava uma das travas, conseguiu soltar-se apenas de um lado.

– Samantha, você me ouve? Fale algo, por favor! – Sem resposta.

Tateou seu tórax e seu rosto, percebeu sangue em sua cabeça, na parte superior. Pousou dois dedos na lateral de seu pescoço, ficou aliviada ao perceber os batimentos normais.

Uma corrente de ar passou pelo ultracóptero, fazendo com que se movesse na encosta.

– O-ou. Algo me diz que vamos cair. – Theo disse com pânico, ao perceber que estavam vulneráveis ao vento.

– Sam? Saaaaaaaaaam! – Deu tapinhas em seu rosto desfalecido. – Eu não posso sair nem tirar você daqui, estou presa, por favor acorde!

Theo passou os minutos seguintes tentando soltar suas pernas e os cintos restantes, sem sucesso.

– Ok, vamos esperar o sol nascer e os funcionários do parque tirarem a gente daqui. O lado ruim é que eles vão chamar a polícia, roubamos um helicóptero.

Novamente o vento fez o equipamento chacoalhar, escorregando alguns metros encosta abaixo.

– Minha nossa Senhora! – Theo apavorou-se.

Outra rajada, outro movimento, parecia agora encontrar galhos de árvore no caminho para baixo.

– Eu não faço ideia da queda que teremos, mas algo me diz que será feia. Saaaaaaaaaaaaaaaaam!

Mais alguns minutos aterrorizantes e o vento as empurrou lateralmente, as virando de lado.

– Sam? Seria um bom momento para você acordar, você está em cima de mim, e não de um jeito que eu gosto.

– Ãhn?

– Sam? Sam? Fale algo!

– O que aconteceu? – Sam falava devagar, ainda atordoada.

– Caímos na encosta, e acho que o vento vai nos jogar colina abaixo.

Sam arregalou os olhos olhando ao redor, entendendo a situação crítica.

– Por Cristo! Você viu a altura que estamos?

– Vi sim, o tempo todo, não parei de ver. Agora tira a gente daqui!

– Ok, mantenha a calma, e não faça movimentos bruscos.

– Eu passei a última hora sem respirar.

– Suas pernas estão presas?

– Agora somente a direita, me ajude a puxar.

Sam segurou por baixo de seu joelho, fazendo força. O helicóptero, que em sua maior parte era de acrílico, moveu-se, as pegando de surpresa.

– Ok, não foi dessa vez que caímos. – Sam disse sem se mover, arregalada. – Soltou?

– Sim. Agora solte meus cintos.

– Se eu te soltar agora, você vai sair rolando pela encosta. Eu vou me soltar, vou sair, e vou te puxar daqui de dentro.

– Quando você sair, esse brinquedinho infernal vai rolar. E eu também.

– Tomarei cuidado, não vou balançar nem mover.

Elas estavam alguns metros abaixo do deque, e algumas centenas de metro acima da praia. Abaixo havia apenas árvores, pedras, e barrancos, de forma íngreme.

– Ok. – Theo suspirou. – Acho que vou rolar, mas foda-se. Vejo você lá embaixo.

– Ok, não faça…

– Movimentos bruscos. Ok, entendi essa parte. – Theo completou.

Sam segurou-se nas ferragens e soltou seus próprios cintos, tomando o cuidado de não cair por cima de Theo. Saiu lentamente por cima, com movimentos planejados, finalmente pisando no chão de terra.

– Saiu?

– Sim, já estou fora. Eu vou me aproximar pelo outro lado, vou soltar seu cinto e segurar em seus braços, vou puxar você. Entendeu?

O helicóptero escorregou dois metros abaixo.

– Theo? – Sam correu em sua direção.

– Era mentira, eu não quero ver você lá embaixo, ok? Me tire daqui. – Theo disse amedrontada.

– Estenda sua mão direita para o alto.

Sam firmou seus pés na terra e segurou com firmeza sua mão.

– Vou soltar a fivela.

Sam inclinou-se por cima, onde o acrílico estava quebrado, curvou-se e abriu o cinto.

– Prontinho, você está solta, vou puxar você pelos braços, estenda também o esquerdo agora.

– Ok.

Um pequeno estrondo foi ouvido, e o helicóptero rolou ribanceira baixo, levando pedras e pequenas árvores.

Sam conseguiu segurar Theo pela mão direita, ambas estavam caídas junto à terra inclinada, ouvindo o barulho do equipamento em choque com os obstáculos naturais.

Ainda assustada e respirando rápido, Sam continuava segurando sua mão com força, pelo pulso.

– Conseguimos… Conseguimos… – Sam comemorava, com um leve sorriso. Projetou-se por cima de Theo, a abraçando e dando um beijo em seu rosto, aliviada.

– Obrigada. – Theo murmurou. – Estamos longe da base?

Sam saiu de cima dela, olhou para cima, a base estava uns cinquenta metros sobre suas cabeças.

– Não, pouca coisa. Mas aqui é íngreme, você não vai soltar minha mão, certo?

– Você está bem? – Senti sangue em sua cabeça.

– Devo ter batido na ferragem, mas isso não vai me matar.

Chegaram no deque cansadas, se arrastando, e deitaram na madeira de costas, lado a lado.

– O carro ainda está aqui?

– Está.

– Que bom.

A respiração delas já voltava ao normal, Theo interrompeu o silêncio instantes depois.

– Eu sou uma patricida.

– Patricida é quem mata o pai?

– É.

– Você fez um favor para a humanidade. – Sam respondeu sem medir palavras. Olhava para o céu, onde haviam algumas nuvens esbranquiçadas ornando o firmamento negro.

– Quer ir?

– Para onde? Não temos para onde ir. Talvez passe o restante da noite aqui olhando para cima procurando nuvens em formatos curiosos.

– Pareidolia.

– É quem mata o que?

– Pareidolia é o instinto de procurar formas familiares em nuvens, constelações…

– Eu gosto do seu vasto vocabulário. Eu gosto de várias coisinhas em você, aqueles detalhes próprios da sua personalidade, suas coisinhas peculiares, sabe?

– Idiossincrasias. O nome dessas particularidades.

– É, eu gosto das suas idiossincrasias, você é uma pessoa interessante.

– Eu nem sou uma pessoa, Sam.

– Você está deitada ao meu lado, me ensinando palavras desconhecidas. Se eu esticar minha mão, alcançarei a sua, você vai fechar seus dedos, entrelaçando nos meus. E um arrepio subirá pela minha espinha. Acho que você é uma pessoa.

– E uma matriz.

– Isso é irrelevante.

– Não, é minha característica mais importante, nós vamos para a Zona Morta, eu serei a moeda de troca para seu coração.

– De forma alguma, eu não vou devolver você à Elias, isso está completamente fora de cogitação. – Sam sentou-se.

– Eu posso fugir depois, eu já fugi uma vez.

– Ele vai trancafiar você num belo cofre, ou dentro de uma gaiola num laboratório clandestino bem vigiado. Agora ele sabe que você é uma matriz, você vai se tornar mais uma garota no tubo.

– É sua única chance, Sam.

– Não, eu não permitirei.

– Você não pode decidir por mim. – Theo sentou-se também.

– Theodora, não há decisão a tomar! Você não vai voltar para Elias!

Theo assustou-se com o rompante de Sam, ficando em silêncio.

– Talvez ele não saiba que eu sou uma matriz, e podemos dar a localização do laboratório, ele achará que são todas as matrizes.

– Ele deve saber. – Sam retrucou, estava sentada com os braços apoiados nos joelhos, olhando para o mar escuro na direção do horizonte.

– E se não souber? Podemos barganhar, fazer uma contraproposta, nós temos a localização das matrizes, é algo que ele não tem, vamos negociar.

– Negociar com o maior canalha da… – O comunicador vibrou dentro de sua jaqueta marrom, era um ID restrito.

– Sua noite de aventura já terminou? – A voz masculina perguntou jocosamente do outro lado da linha.

– É ele? – Theo perguntou, sussurrando.

– Sim. – Sam sussurrou em resposta.

– Prefere que eu lhe chame pelo primeiro nome ou pelo nome do meio? – Sam respondeu.

– Do que você está falando?

– Elias, em primeiro lugar eu gostaria que você soubesse que o maior prazer na minha vida seria bater eu seu rosto até sentir meus punhos esmagando seu cérebro. – Sam falava com calma. – Mas vamos pular essa parte e ir direto para os negócios.

Silêncio do outro lado.

– Estou com saudades da minha sobrinha, posso falar com ela? – Finalmente ele respondeu.

– Não, ela não quer falar com você.

Theo estendeu a mão, pedindo o comunicador.

– Tem certeza? – Sam a indagou.

Ela apenas assentiu com a cabeça.

– Ok, mas vou ativar o viva-voz.

Sam hesitou, mas lhe entregou o aparelho. Theo fechou os olhos com força por alguns segundos, naqueles segundos as lembranças de tudo que seu tio fizera a ela passaram como um flashback em sua mente.

Abriu os olhos e começou a falar tentando controlar a emoção na voz.

– Não temos como transportar as matrizes, são humanos sendo mantidos vivos em tubos.

– Theo, minha querida! Quanta falta sinto de você, fiquei magoado com sua fuga, você sempre foi minha preferida.

– Você ouviu o que eu disse?

– Eu lembro todos os dias de nossas tardes furtivas, nunca me diverti tanto naquele sofá, mas acho que você preferia a mesa, não é? As coisas eram mais profundas na mesa. – Ele riu.

Theo apenas apertou os olhos, esforçando-se para não chorar, estava com um semblante transtornado. Sam tomou o comunicador dela, e tirou do viva-voz.

– Você é um homem morto, se não for pelas minhas mãos, providenciarei que alguém acabe com sua vida, e que seja de uma forma lenta e penosa. Eu faço questão que você tenha pelo menos uma amostra do mal que fez a Theo.

– Isso não é jeito de falar com a única pessoa que pode conseguir um coração para você.

– Você ouviu o que Theo disse? Não temos como levar as matrizes para você, senão elas morrem e se tornam obsoletas.

– Eu já imaginava isso, por isso tenho uma nova proposta para você: ainda está no laboratório? Se não estiver, volte lá e destrua as matrizes. Depois me traga a matriz viva, minha estimada sobrinha.

Sam cerrou seu punho com decepção, ele sabia que Theo era uma das matrizes, a última esperança caia por terra.

– Nunca.

– Prometo cuidar bem dela, não a colocarei no trabalho, darei aposentos dignos, faço questão de visitá-la todos os dias para saber como está, eu me importo com minha sobrinha, temos o mesmo sangue.

Sam sentiu-se enjoada.

– Eu nunca entregaria Theo a você, esqueça. Você é um verme nojento, você nem deve ter um coração artificial para me dar em troca, deve ter blefado todo esse tempo, eu encontrarei outras possibilidades.

– Realmente não temos ainda a tecnologia Borg, mas isso é apenas um detalhe na proposta, eu não menti, eu realmente tenho como arranjar um coração fresquinho para você, e tenho onde fazer a cirurgia aqui na Zona Morta. Acredite, se você me trazer essa menina sairá desse continente com um novo coração batendo no peito, dou minha palavra.

– Elias, tenho uma contraproposta para você.

– Qual?

– Vá se foder.

Sam desligou a ligação, repousando o aparelho ao lado. Theo continuava em silêncio, com um olhar vazio.

– Ele nem tem um coração Borg para me dar, ele me daria um coração humano, esse homem é um desgraçado mentiroso.

Theo continuou em silêncio, sem expressão. No alto daquela colina o vento agitava suas roupas e cabelos, amanheceria em menos de duas horas.

Sam a fitou de lado, pousou a mão por cima de sua mão direita. E voltou a falar, agora num tom confortável.

– Eu sei que não estarei mais aqui, mas vou conversar com Maritza amanhã, ela é minha pessoa de confiança dentro do exército. Vou encarregá-la de dar um jeito em Elias, ela conhece algumas pessoas na Zona Morta, tem como encontrá-lo. Ela irá vingar você.

Silêncio.

– Vamos para San Paolo. – Theo respondeu algum tempo depois, com frieza.

– Agora?

– Sim, se pegarmos a estrada agora chegaremos no meio da manhã.

– E o que faremos em San Paolo?

– Na cidade tem… Tem quatro hospitais que fazem transplantes cardíacos. – Theo gaguejava.

– Eu já falei o que aconteceria se eu entrasse num hospital pedindo um transplante, me entregariam imediatamente à polícia. E me mandariam para alguma base militar na Europa, vão me jogar numa cela e assistir minha morte.

– Use sua ID falsa e ganharemos tempo, descobririam tarde demais, você já estaria dentro do centro cirúrgico, e os médicos tem ética o suficiente para não deixar que te levem no meio de uma cirurgia.

– É arriscado… – Sam pensava cabisbaixa, torcendo a boca.

– É nosso plano B, tem algo melhor?

– Eu preciso de tempo para pensar, não me vem nada a mente agora.

– Vamos esperar o sol e os policiais aqui? – Theo indagou.

Sam olhou ao redor, e ergueu-se.

– Ok, vamos para San Paolo, durante as cinco horas de viagem pensarei num plano C. – Tomou sua mão a ajudando a levantar do chão, e seguiram para a caminhonete.

– San Paolo então? Tem certeza? – Sam perguntou dando partida no carro.

– Acho que nossas melhores chances estão lá, mas se tudo der errado subimos para Ilhabela, lá tem água de coco e boas cadeiras de praia.

Sam sorriu.

Dirigiam há quase duas horas trocando poucas palavras, o sol surgia pela janela traseira do carro azul.

– Como era a relação entre seu pai e suas namoradas, ele aceitava? – Sam puxou assunto.

– Ele não estava nem aí para minha vida pessoal. – Theo resmungou.

– Por que ele falou aquelas coisas? Sobre você usar suas namoradas, foi para te irritar?

– Eu nunca usei ninguém.

Sam balançou a cabeça, pensativa.

– Ele estava tentando jogar uma contra a outra, não era?

– Sam, ele queria que eu casasse com a filha de um figurão inglês, para expandir os negócios da Archer para a Europa, nossas conversas sobre minha vida amorosa praticamente se restringiam a isso, a largar quem eu estivesse namorando para namorar essa garota.

– Nossa. E você a conheceu?

– Superficialmente. Ela nem era lésbica.

Sam pensou antes de falar.

– Acho que eu não ia gostar de tê-lo como sogro.

– Ele ia encontrar todos os podres da sua vida, desde a chupeta que você roubou no berçário, e jogar na minha cara. Por falar nisso, é verdade que você matou crianças na Zona Morta?

– Há controvérsias. Mas não quero falar sobre isso. Vamos pensar num plano C.

– Eu pensei num plano C. –  Theo disse surpreendendo Sam.

– Já?

– Eu já vinha pensando nisso como plano Z.

– O que é um plano Z?

– Aquele para cogitar depois que todos os outros 25 falharem.

– E qual é?

Theo ajeitou-se no banco, tirando o boné.

– Talvez a célula amarela tenha a tecnologia Borg, eles podem estar mais avançados do que imaginamos.

– E como acharíamos isso?

– Igor disse que eles estão localizados no MT, lembra?

– O MT é um estado bem grande.

– Eu escutei uma conversa de vocês, sobre você ir para um sítio para refugiados, no interior do MT, se quisesse passar um tempo escondida.

– Sim, numa cidadezinha chamada… Primavera alguma coisa.

– Primavera do Leste. E se o pai dele, Amadeu, não tiver morrido, apenas foi para lá se esconder, por algum motivo forte o suficiente?

– Então… – Sam juntava as peças. – Você sugere uma viagem até essa cidadezinha, para procurarmos Amadeu, ou alguém da amarela?

– Isso aí.

– Perderíamos bastante tempo fazendo essa viagem, eu tenho 42 horas de vida.

– É o plano reserva, se os hospitais falharem. Pegaríamos um avião ou um supersônico para Cuiabá, e de lá arranjaríamos um transporte para o interior.

– Não estou completamente convencida, seria contar com uma boa dose de sorte.

– Eu sei. – Theo disse sem entusiasmo. – Continue pensando em possibilidades.

As sete pararam para tomar um café e comer algo na estrada, saíram às pressas quando Sam avistou um sentinela circulando pelo estacionamento, enquanto fazia um curativo nos tiros em sua perna.

Algum tempo depois o silêncio voltou a preencher a cabine da caminhonete, Theo parecia alheia ao mundo, angustiada.

– Por que você está quieta? – Sam quebrou o silêncio.

– Assimilando algumas coisas, aceitando outras.

– É coisa demais para assimilar.

– É sim, não estava preparada para tantas reviravoltas…

– Mas converse comigo, não quero ficar sozinha com meus pensamentos. – Sam pediu num tom triste.

– Eu também não, não são bons pensamentos, preciso abstrair o que não é importante agora.

– Eu queria poder desligar esse carro e abraçar você até a meia-noite de amanhã.

Theo deslizou devagar para o lado, tomou a mão de Sam e passou por cima de suas costas, deitando sua cabeça em seu ombro.

– Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. – Theo disse baixinho, recebendo um beijo sorridente na lateral de sua testa.

– Eu nunca quis morar com namorada nenhuma. – Theo continuou. – Mas consigo me imaginar morando sob o mesmo teto que você. Um teto permanente.

– Você disse que irá morar com Letícia. – Sam acariciava seu braço, por cima da jaqueta verde.

– Eu poderia morar com você?

– Essa ideia me parece melhor do que te visitar, como eu tomaria conta de você fazendo visitas?

– Você moraria comigo na praia?

– Moraria. – Sam respondeu com uma voz mansa. – Eu moraria em qualquer lugar com você, até num carro.

– Eu duvido, você odeia dormir no carro comigo.

– Porque você é espaçosa, me chuta, me dá cotoveladas.

– Qualquer lugar, menos um carro.

– Ok, nada de carros. – Sam concordou.

O comunicador de Sam tocou, era a ID de Lindsay.

– Oi, irmã.

– Sam? Recebi sua mensagem, então nada deu certo?

– Na verdade foi tudo pior do que o imaginado, estou sem nada.

– O que vai fazer? Você tem menos de dois dias.

– Estamos voltando para San Paolo, tentarei entrar em alguma fila de transplante.

– Vão prender você.

– Eu sei, mas não tenho opções melhores.

Lindsay ficou em silêncio.

– Você ainda quer falar com nosso pai?

– Claro.

– Ok, ele disse que será breve. Vou passar para ele.

Sam estacionou no acostamento.

– Samantha? – A voz grave urgiu com insegurança do outro lado.

– Pai? Quem bom ouvir o senhor. – Sam disse emocionada.

– Por que não conseguiu um coração ainda?

Sam esfregava a mão pela testa.

– É difícil, pai, tem sido difícil desde o dia que sai do quartel, estou correndo atrás desse coração há dois meses.

– O que vai fazer agora?

– Tentar um transplante humano.

Elliot ficou em silêncio antes de falar.

– Apenas volte logo para casa, ok? Conversaremos pessoalmente, você tem cometido muitos erros.

Sam suspirou devagar, e cobriu os olhos.

– Estou me focando nisso, em sobreviver, depois terei tempo para explicar minhas decisões.

– Não demore. Vou passar para Lindsay. Fique bem.

– Pai, se não nos falarmos mais…

– Oi Sam, já falou com nossa mãe? – Lindsay a interrompeu.

– Não, vou aproveitar a parada e tentar falar com ela agora.

– Eugene melhorou, eles já deixaram o hospital.

– Ok. Ligo amanhã para você, se possível reúna as crianças.

– Tentarei.

Sam desligou a ligação e encarava a tela antes de ligar para a mãe.

– Finalmente conseguiu falar com seu pai. – Theo havia abandonado seu ombro, mas percorria seus dedos carinhosamente por sua nuca, o braço apoiado sobre o banco.

– Foi bom ouvi-lo. – Respondeu timidamente. – Tentarei minha mãe agora.

A ligação demorou a ser atendida, Sam aguardava com ansiedade.

– Mãe?

– Lynn?

– Não, sou eu, Samantha.

– Eu gosto de ouvir você dizendo seu próprio nome. – Theo sussurrou com um sorriso arteiro.

– Sam? Meu Deus, Sam, minha filha! Como você está? De coração novo?

– Ainda não, as coisas têm dado errado ultimamente.

– Mas você vai conseguir, não vai? – Isabel falava de forma esbaforida, atropelada.

– Mãe… Minhas chances não são boas, estou ligando para me despedir. – Sam tinha um nó surgindo na garganta.

– Não, não fale assim, você está me devendo numa visita aqui em Marselha, lembra? – Isabel começava a chorar.

– Eu adoraria visitar vocês, desculpe por nunca ter ido, dei prioridade para as coisas erradas, e estou pagando por isso agora. Eu sinto muito por isso… E tenho tanta saudade.

– Não desista assim, lute!

– Eu vou lutar até minha última hora, eu prometo.

– Sam… – Isabel falou várias coisas não compreensíveis, seu choro atravessava suas palavras.

– Mãe, não estou entendendo mais nada, pare de chorar.

– Você pode morar aqui se quiser… – E mais nada foi entendido.

– Mãe, mãe, pare de chorar, não te entendo.

– Desculpe por… Eu vou tentar… Meu Deus, minha filhinha… Não posso perder você, minha querida. – Continuava chorando veementemente.

– Ok, se puder me ligar amanhã, chorando menos, nos falamos de novo, combinado?

– Combinado. Que Deus ilumine seus caminhos. – Soluçou.

– Amém, fiquem em paz.

Sam desligou e colocou o comunicador no painel do carro.

– Agora sei porque você é uma manteiga derretida. – Theo brincou.

– Nós somos um pouco emotivas. – Sam respondeu sem jeito.

– Bom, você conseguiu falar com todo o pessoal, tome isto como combustível para continuar na luta.

– Eu preciso sobreviver, eu realmente preciso, tenho muito o que fazer nesse mundo ainda, visitar lugares, ver pessoas. – Sam tomou a mão de Theo e colocou em seu rosto. – Você nem me viu de verdade ainda.

– E se eu te ver e sair correndo?

– Eu quero correr esse risco. Eu quero que a mulher que eu amo me veja algum dia.

– Por enquanto te verei assim. – Theo correu sua mão por seu rosto, delicadamente. E Sam adorava isso.

Por volta das dez da manhã estacionaram no primeiro hospital, o Cedars.

– Acho melhor você ficar aqui. – Sam disse, soltando seu cinto.

– Não, eu vou com você.

– Você acha que é seguro? Já devem saber da morte do seu pai.

– Sam, eu estou oficialmente morta, lembra? Eu não existo.

Sam contornou o carro, abrindo a porta para Theo.

– Mas se eu perceber qualquer sinal de policiais ou movimentação estranha, nós damos no pé, ok?

– Pensamento positivo. – Theo segurou firmemente na mão dela, e seguiram para a entrada do grande e moderno hospital, Sam mancava.

Havia uma recepção logo após a porta, uma espécie de triagem e centro de informações, com cinco funcionários vestidos de forma impecável.

– Bom dia, procuro o centro de cardiologia, ou algo do tipo, eu preciso de mais informações sobre a fila de transplantes, é urgente.

– Podemos agendar uma consulta com um de nossos cardiologistas para esta tarde.

– Esta tarde? – Sam deu uma olhada rápida em Theo, que estava logo atrás dela.

– Ok, pode ser.

– 1.258 dólares. Não trabalhos com convênios.

– Isso por uma simples consulta? – Sam rebateu assustada.

– O pagamento é antecipado, o recibo será nominal ao titular do chip?

– Vocês não teriam algum programa social para quem não pode pagar?

O funcionário, que ostentava um penteado um tanto exótico, sorriu de leve.

– 1.258 é o menor valor, isso aqui não é uma ONG, é o melhor grupo hospitalar de San Paolo.

Elas não tinham nem 258 em mãos.

– Eu realmente preciso de atendimento emergencial. – Sam insistiu.

– Não damos entrada em emergências sem o pagamento.

– Vocês são uns mercenários. – Sam disse irritada.

– Já tentou o Estadual? Lá é gratuito.

– Theo, esse está em nossa lista? – Sam se virou.

– Não, não fazem transplantes lá. Sam, vamos para o seguinte, se for preciso roubamos um banco mais tarde.

– Ela estava brincando. – Sam virou-se rapidamente para o recepcionista, tentando um sorriso.

Foi ignorada, e em instantes já estavam circulando pelas ruas de San Paolo de novo.

– Todos serão assim? – Sam perguntou, enquanto guiava.

– O próximo é público, o Central, a qualidade não é lá essas coisas, mas tem centro de transplante.

– Essa cidade é enorme, o trânsito é péssimo, eu preciso dar várias voltas, tudo aqui é tão demorado e longe.

– Eu gostava de dirigir por aqui.

– Você é louca, eu surtaria se… Droga.

– O que foi? – Theo percebeu o tom apreensivo.

– Tem uma motonave policial nos seguindo.

– Pode não ser conosco, diminua a velocidade.

– Eu deveria acelerar.

– Você quer apostar corrida com uma dessas motos voadoras?

– Ok, vou diminuir.

Assim que o carro desacelerou, a moto as sobrevoou, o policial gesticulou para que acompanhasse.

– Ele quer que eu o siga. Estamos ferradas.

– Temos para onde fugir?

– Nesta supervia não. E tem outra moto atrás, nos escoltando.

Sam dirigiu em baixa velocidade pela pista mais à direita, a moto seguia a frente, com suas luzes ligadas. Vinte minutos depois a moto saiu de cima da supervia, tomando uma estradinha adjacente, por onde andaram mais alguns quilômetros angustiantes.

A moto pousou numa espécie de base policial quase deserta, com um pátio repleto de carros batidos e em péssimo estado, era um bairro residencial e com pouco movimento, dentro da pequena construção bege havia uma policial assistindo a tela a frente, e um policial com os pés em cima da mesa, dormindo.

O oficial que estava da moto removeu o capacete e aproximou-se do carro, pelo lado de Sam.

– Senhora, por gentileza saia do veículo.

Sam titubeou, com uma mão sobre o botão da porta, e a outra sobre a pistola no coldre da perna, calculava seus próximos passos, tentava não demonstrar seu nervosismo.

– Tudo certo, policial? – Sam disse após sair do carro, e prestou continência.

– Não, venha até aqui.

Sam o seguiu até a frente do carro.

– Está vendo isso? Seu carro está trafegando fora das normas, está sem para-choques e uma das luzes está quebrada.

– Eu sei, eu sinto muito, aconteceu agora cedo, estava saindo de casa e um caminhão me acertou de raspão, mas eu estava a caminho da oficina. – Sam falava devagar.

– Você não é daqui, é?

– Ãhn… Não, da Inglaterra.

– As regras de tráfego aqui são mais rígidas, eu terei que apreender seu carro e conduzir você até a central policial.

– Por favor, eu prometo concertá-lo imediatamente, mas não apreenda, tenho um compromisso importante hoje, preciso dele.

O policial sisudo deu uma olhada em Sam, e voltou a falar.

– Vou ver o que posso fazer, me passe seus documentos, por favor.

– Senhor policial, e se consertássemos o carro agora? Ficaríamos dentro da lei, correto? – Theo surgiu pelo outro lado, cheia de sorrisos.

– Bem… Tecnicamente sim.

– Deve ter alguma oficina aqui perto, onde colocaríamos um para-choque novo.

– E a lanterna quebrada também.

– Claro, a lanterna também. – Sam entrou no jogo ao perceber que o policial estava aceitando.

– E então, podemos seguir?

– Tem um lugar aqui no final da rua que conserta carros velhos, talvez possam fazer os reparos.

– Ótimo, estamos indo diretamente para lá. – Sam respondeu, estendendo a mão ao policial.

– Aguardem um instante, a oficial Adamaris vai acompanhar vocês até o término do serviço.

Theo e Sam reclamaram ao mesmo tempo.

– Não, não é preciso.

– Senhoras, estou sendo bastante flexível em permitir o reparo, eu deveria aplicar a multa e levá-las a delegacia, esta é a única alternativa.

Sam suspirou com desalento.

– Ok, será um prazer tem a companhia da oficial Stelamaris. – Sam disse.

– Adamaris.

– Tanto faz. – Sam conduziu Theo até o carro, entrando também na sequência.

– Não achei que ele colocaria uma escolta, desculpe. – Theo disse.

– Tudo bem, essa foi a alternativa menos ruim, só perderemos algum tempo.

– E o dinheiro do conserto. Quanto nós ainda temos?

Sam retirou algumas notas de dentro da jaqueta, e contou.

– 192.

– Quanto custa um para-choque?

– Eu não sei, Theo. Mas se for mais do que 192 dólares, teremos que ter um argumento bem convivente para pagarmos o restante depois.

A policial as conduziu até um ferro velho no final da rua, parando ao lado de um galpão na entrada, onde alguns funcionários de macacão cinza trabalhavam no conserto de três carros.

– Theo, você não imagina onde fica essa oficina.

– Não, não imagino.

– Dentro de um ferro velho. Aquele ferro velho.

– O ferro velho onde nós…

– Shhh. Sim, esse ferro velho.

– Que ótimo… Que linda coincidência!

– Eu não reconheci o caminho porque viemos pelo outro lado, mas vamos manter a discrição e fazer de conta que não conhecemos esse lugar.

Sam estacionou o carro dentro da oficina, em um trilho metálico. A policial permaneceu sentada na moto estacionada em frente a porta.

– Vamos reformar essa belezinha hoje? – Um homem de meia idade e mãos sujas veio falar com elas.

– Não, apenas precisamos estar dentro das leis de trânsito, um para-choque e uma lanterna secundária, e que seja o mais usado e barato que você tiver. – Sam disse olhando sua própria mão, após apertar a mão do homem.

– Nada de para-choque novo então?

– Não, realmente o mais barato, e o que for mais rápido para colocar também, temos bastante pressa.

O mecânico deu uma olhada no carro, abaixou-se e correu a mão pela lanterna quebrada.

– Duzentos do para-choque, cinquenta da lanterna, cem de mão de obra. Fecho tudo em trenzentinhos.

– Trezentos? – Sam perguntou apavorada.

– Estou fazendo um bom desconto, dona.

– Frank está aí? – Theo perguntou.

– Ele não vai baixar o preço, acredite.

– Mas ele está?

– Não. E então, aprovado?

Sam olhou para trás, onde a policial observava atenciosamente o que se passava.

– Pode fazer. – Sam concordou. – Em quanto tempo?

– Cinco horas.

– Não, não temos esse tempo.

– Vocês são exigentes mesmo, hein? Ok, vou apressar o pessoal para fazer em quatro horas, podem sentar ali naquele banco, mas não temos café, já vou avisando.

As duas sentaram num banco de madeira na lateral do galpão, Sam esfregava o rosto com os cotovelos sobre os joelhos.

– Eu tenho 35 horas de vida e estou num banco de oficina esperando o conserto dessa lata velha que nem é minha.

– Não temos trezentos dólares.

– Você é boa de lábia, é ótima em argumentação, vai negociar uma forma de pagamento que nos libere daqui o mais rápido possível.

– Você acha que vai conseguir que eu faça coisas apenas me elogiando?

– Acho.

– Você está correta.

Depois de quase quatro horas, o mecânico se aproximou com uma toalha imunda em mãos.

– Prontinho, já trouxe o leitor de chip para o pagamento.

– Senhor…

– Pode me chamar de Pezão.

– Pezão, estamos com um probleminha aqui, mas creio que podemos resolver de forma satisfatória para todos. Vamos dar uma entrada de 192 dólares e retornamos mais tarde com o restante, nossos chips estão não funcionais no momento, sabe como é, esses bancos novos, tecnologias novas… – Theo explicava.

– Nada feito, mocinha. Trezentos ou o carro não sai daqui. Nem a policial.

– Nós nos comprometemos em trazer o resto em 24 horas, eu assino qualquer promissória que você quiser.

– Vocês podem ligar para alguém trazer esse dinheiro aqui, mas ninguém sai sem pagar.

– O que é isso, Pezão, para minha amiga sempre será de graça. – Frank disse se aproximando, um moreno de cavanhaque e uma argola na orelha.

– Frank, que bom que você chegou! – Theo comemorava aliviada.

– Como está, Theo?

– Com muita pressa, desculpe trazer esse problema para você.

Frank apertou sua mão e cochichou próximo ao seu ouvido.

– O pessoal da azul vai gostar de saber que você está viva.

– Não diga nada a ninguém, por favor.

– Fique tranquila. – Frank disse em voz alta, sorridente.

– Temos que ir, obrigada pelo serviço, num outro momento conversaremos e eu acerto minha dívida com você, ok?

– Claro, até qualquer dia.

A dupla entrou no carro, Frank foi até a janela de Theo.

– Jogamos no fundo do rio em outro estado, não se preocupe com aquilo.

– Muito obrigada, Frank, prometo lhe recompensar quando puder.

Sam acenou para a policial na moto, que acenou de volta erguendo o polegar, as liberando, e logo tomaram a estrada.

– Sua na… Sua ex namorada virou comida de peixe. – Sam disse.

– Uma preocupação a menos. Vamos logo para o segundo hospital.

O carro estava parado num semáforo, esperando para adentrar a supervia, haviam cinco telas enormes formadas por nuvem de nanobots a vista, Sam prestava atenção nas notícias veiculadas nas telas.

– Theo… Seu pai está nas telas, a notícia da morte dele.

– É, era de se esperar esse tipo de comoção nacional. O que dizem as manchetes?

– Numa das telas estão exibindo uma espécie de retrospectiva da vida dele. – Sam sorriu de lado. – Ele era tão parecido com você quando era criança.

– Infelizmente.

– Em outra apenas estão noticiando a morte, onde foi encontrado, etc.

– Algo sobre as investigações?

– Sim, em outra tela. Diz que a polícia federal está tomando conta do caso, mas não tem suspeitos ainda.

– Podem estar blefando, mas dane-se. Algo mais relevante?

– Hum… – Sam continuava prestando atenção e lendo os enunciados. – Disse agora que a polícia está trabalhando com a possibilidade de crime encomendado.

– Pois que continuem trabalhando nessa hipótese.

– Theo… – Sam olhava assustada para umas das telas no alto. – Que droga… Mas que droga…

– O que foi? – Theo perguntou com nervosismo.

– Uma das telas está exibindo uma imagem sua.

– Devem estar falando da minha trágica morte há dois anos.

– Não, é uma imagem recente.

– Como assim? Descreva isso, por favor.

– É uma imagem escura, não está muito nítida, é de câmera de vigilância. É você, com o boné encobrindo parte do rosto, não estou reconhecendo o lugar, mas me parece a saída de um restaurante. E na legenda diz “Imagens de câmeras de segurança flagraram uma possível aparição recente da filha de Benjamin Archer, que supostamente morreu num acidente de esqui na Suíça em 2119.”

– Supostamente? Aquele canalha do meu pai deve ter forjado a coisa toda, deve ter feito funeral com algum outro cadáver e tudo.

– Sabem que você está viva.

– Por enquanto estão especulando, só espero que não comecem a ligar meu nome ao assassinato.

Buzinas foram ouvidas.

– O sinal está aberto, Sam.

Tomaram a supervia e meia hora depois chegaram ao segundo hospital. Não houve muito diálogo, o hospital público estava um caos, superlotado, e com dezenas de pessoas tentando atendimento, discutindo com os atendentes.

– Marcar hora para mês que vem? Esqueça! Vamos Theo, vamos para o terceiro. – Sam tomou Theo pela mão, voltando para o carro, após uma acalorada discussão com uma recepcionista.

As sete da noite estacionaram no terceiro item da lista, mais um hospital público, o Saint James.

– Vai ser o mesmo caos… – Sam resmungou, antes de adentar a recepção.

– Quem sabe esse esteja menos cheio, é um hospital menor.

– Ok, sente aqui enquanto eu converso com a recepção. – Sam colocou Theo numa cadeira na lateral da grande recepção onde quase todas as cadeiras estavam ocupadas.

– Boa noite, eu preciso falar com alguém que seja responsável pelos transplantes cardíacos, é bastante urgente.

– Quem é o paciente?

– Eu, meu coração vai parar amanhã, eu sei que é uma informação estranha, mas eu preciso entrar na fila de transplantes e gostaria de falar com alguém que possa resolver isso.

– Ok, me dê sua ID, vou repassar você para o setor.

– Vai repassar agora?

– Bom, depende da disponibilidade, dentro de uma hora talvez.

– Ótimo, aqui está minha ID. – Sam entregou o documento falsificado.

A recepcionista fez algumas consultas na tela a sua frente, e olhou insistentemente para Sam.

– Olhe para esse led, por gentileza. Não se mova. – Ela apontou para um pequeno scanner facial do outro lado da vidraça.

Sam hesitou, mas posicionou-se de frente para a câmera.

– Ok, vou falar com o responsável, já volto. – Ela foi para uma sala adjacente, logo atrás, carregando sua ID. Sam pode vê-la falando num comunicador. Um instante depois ela retornou, consultando a tela a sua frente novamente.

– Estão vindo conversar com você, ok? Aguarde aqui no balcão, não saia daqui, já estão vindo.

– Certo.

Sam olhou para o lado, e pelo reflexo de uma porta de vidro que alguém acabara de abrir, ela viu quatro policiais trotando em sua direção, com armas em punho.

– Ãhn, eu preciso falar com meu médico, já volto.

Sam tomou Theo pela mão e saiu correndo para o carro, arrancando em velocidade.

– O que aconteceu? – Theo perguntou sem entender.

– Me descobriram, tinha quatro policiais vindo na minha direção.

– Que merda…

– É, é uma grande merda, só nos resta um hospital, o Lincoln Memorial.

– Esse último hospital é um tanto afastado. – Theo disse.

– Eu sei, já vi aqui no localizador.

Sam estacionou no acostamento de uma via marginal, num lugar pouco movimentado.

– Por que paramos? – Theo perguntou.

Sam respirou fundo encarando o painel a sua frente.

– Eu preciso conversar com você.

– Sobre o que?

– Nós teríamos essa conversa mais cedo ou mais tarde, eu quero tê-la agora, eu quero aproveitar que estou com coragem. – Sam falava tentando manter um tom sóbrio.

– Não me assuste, Sam.

– Nós precisamos acertar algumas coisas, como será depois que eu for.

– For?

– Depois que meu coração parar.

– Isso não vai acontecer.

– Provavelmente vai, e nós precisamos conversar sobre isso.

– Você quer se despedir agora?

– Não, não é uma despedida, isso nós faremos amanhã. Só estou tentando ser prática. Podemos conversar?

– Podemos. – Theo ajeitou-se no banco.

– No bolso interno da minha jaqueta tem 192 dólares, infelizmente é tudo que nos sobrou. Você vai usar para pagar o hotel em que deixarei você amanhã à noite. O comunicador estará no bolso da minha calça, use para fazer suas ligações e peça ajuda a alguém de confiança. Me parece que você confia em Leticia, então peça para que ela te busque, mas lembre-se que estão investigando a morte de seu pai, mantenha-se o tempo todo na casa dela sem falar com ninguém, fique no anonimato por algum tempo, é o mais seguro para você, até porque Elias estará te procurando também.

– Ok. – Theo respondeu num murmúrio, cabisbaixa.

– Darei fim nesse carro, porque é roubado. Deixarei com você no hotel todas as roupas e a caixa médica. Ligue para o número de emergências e peçam que busquem meu corpo, depois vá embora. Quando a poeira baixar você poderá fazer aparições públicas, reclamar sua herança.

– Não tenho herança, Sam. Com certeza meu pai tirou meu nome do testamento depois que morri. Mas não se preocupe com isso, Leticia não tem muita grana mas acho que vai poder me ajudar por um tempo, depois eu me viro, procuro um emprego, tenho outros amigos também.

– Lembre-se de que você precisa cuidar da sua segurança, nunca fique sozinha, fique atenta, não confie em ninguém, não aceite ajuda de ninguém. – Sam deu um tapa no volante, irritada. – Que merda… Eu queria poder cuidar de você.

Theo não falou nada.

– Peça para Lindsay pedir ajuda a embaixada inglesa, para o traslado do meu corpo para a Inglaterra, acho que eles podem cuidar disso, ou dar algum auxílio financeiro. O número dela está no comunicador, peça também para que ela não conte a ninguém que você está viva, e que nunca repasse sua localização a Mike. Você vai lembrar de tudo isso?

– Vou sim. – Theo aparentava cada vez mais transtornada com a conversa.

– Se um dia você puder, vá a Kent, diga pessoalmente à Lindsay, ao meu pai, e aos meus sobrinhos, que você fez parte da minha vida, que você me fez feliz no final da minha vida e me aceitava como eu era. – Sam embargou a voz.

– Eu irei.

– Quando voltar a enxergar, vá à Baia, suba naquele deque em Morro de São Paulo e veja a cor daquele mar, veja se eu tinha razão, se as águas realmente são da cor dos seus olhos.

Theo apenas balançou a cabeça, concordando.

– Eu tinha planos de voltar lá com você, infelizmente não será possível. – Sam continuou, agora enxugando os olhos. – Mas quando estiver lá em cima no mirante, saiba que eu queria estar lá com você, e te beijar, eu queria beijar você naquela ocasião, mas você estava brava comigo.

– Estava possessa. – Theo quase sorriu.

– Eu sei, e me arrependerei por toda eternidade por ter feito aquilo com você.

– Eu já te perdoei.

– Mas continuo me sentindo culpada.

– Não se sinta, por favor.

– Ok. – Sam tomou fôlego antes de voltar a falar. – Isso está tomando o rumo de uma despedida, e eu não quero fazer isso hoje. Mas tenho uma última coisa a pedir.

– Peça.

– Eu não quero que você esteja ao meu lado amanhã à noite.

– Eu falei que iria até o fim com você.

– Não, não até o fim.

– Eu vou ficar.

– E eu estou te fazendo um pedido, você poderia respeitar minha vontade? Não quero que você me veja morrendo.

– Eu não verei, eu não vejo.

– Não quero que esteja do meu lado no momento em que meu coração parar, eu não morrerei imediatamente, agonizarei por alguns segundos, não quero que você tenha essa recordação.

– Ok, eu respeitarei sua vontade. – Theo respondeu com a voz falhosa.

Sam tamborilou os dedos no volante, pensativa.

– Você acha que eu poderia ter feito diferente?

– O que?

– Que eu poderia ter lutado mais?

– Você lutou muito. Você é a guerreira mais valente, corajosa, e chorona que já conheci.

– As outras coisas que tenho para te falar, ficam para amanhã, tudo bem?

– Tudo bem.

– Vamos para o quarto e último hospital, fica a quarenta quilômetros daqui.

Elas dirigiam em silêncio, passava das nove, o céu nublado deixava a rodovia ainda mais escura.

– Chegaremos em no máximo dez minutos. – Sam comentou, verificando o localizador.

Percebeu Theo curvada a frente, com uma expressão de dor.

– O que foi?

Theo não respondeu, e começou a chorar.

– Você está com alguma dor?

Ela balançou a cabeça de forma negativa. O choro aumentou, as lágrimas caiam rapidamente, sendo enxugadas afoitamente com as costas das mãos.

– Theo? O que foi? Eu nunca vi você chorando. – Sam falava preocupada, sem entender.

Theo tentou falar algo, mas soluçava e não conseguiu pronunciar nenhuma palavra.

– A ficha caiu, é isso? Você está se dando conta do que vai acontecer comigo?

– Sim. – Respondeu entre soluços.

– Não chore, por favor, ainda vamos tentar algumas coisas, não fique assim.

Mas seu choro só aumentava, Theo parecia não conseguir controlar aquele pranto desesperado.

– Estamos quase chegando, quem sabe tenhamos sorte nesse hospital e tudo se resolva ainda hoje. – Sam tentava, mas nada parecia abrandar a dor que Theo sentia.

– Ok.

– Não é o momento para despedida, Theo, não chore.

Com o passar dos minutos, a situação parecia aliviar-se.

Estacionaram o carro, Sam desceu e foi até a outra porta, a descendo do carro.

– Sam, espere. – Theo voltou a chorar.

– Não chore de novo, por favor.

Theo a tateou afoitamente, segurou seu rosto com ambas as mãos.

– Eu queria que tivesse dado certo… Eu queria poder ter você do meu lado para sempre.

– Eu também, é tudo que mais quero. – Sam respondeu carinhosamente.

– Sam, desculpe nunca ter contado sobre isso. – Theo chorava copiosamente.

– Isso o que?

– Eu te amo, eu te amo há tanto tempo.

Sam tentava não chorar, mas seus olhos já estavam molhados.

– Eu também te amo, nunca amei tanto alguém como te amo agora. Mas eu não quero me despedir hoje, por favor, não vamos fazer isso agora.

– Eu queria ficar com você, eu queria… – Theo não conseguiu terminar a frase.

– Meu amor, se recomponha, não chore mais, vamos entrar nesse hospital e vamos conseguir um coração, ok? Não é o momento para despedidas, nós ainda temos algum tempo, vamos lutar cada minuto do tempo que me resta.

Theo esforçou-se para estancar os soluços, respirava forte, de olhos fechados.

– Está melhor? Podemos entrar? – Sam falou de forma suave.

Theo abriu os olhos, a trouxe para perto, e a beijou. Sam sentiu o rosto molhado em contato com o seu, seu coração estava dilacerado vendo o estado dela. O beijo tinha gosto de lágrimas.

A abraçou com força, Theo correu os lábios para seu pescoço, e lhe sussurrou.

– Eu te amo, oficial.

Sam sorriu, e beijou seu rosto.

– Vamos, recruta.

Era um bom hospital particular, na recepção da emergência havia um longo balcão alto, de vidro e aço, onde uma recepcionista conversava de forma atenciosa com um senhor de idade avançada.

Sam colocou Theo sentada numa cadeira no lado oposto da sala, haviam algumas poucas pessoas sentadas aguardando atendimento, assistindo uma grande tela presa no teto.

– Senhora, tem algum outro atendente? – Sam perguntou, ao perceber a conversa lenta entre ela e o homem idoso. Dois enfermeiros ao lado estavam conversando entre si.

– O que seria?

– Preciso conversar com alguém do setor de transplantes, eu preciso entrar na fila de transplantes cardíacos com urgência.

– Fique à vontade, minha querida, eu só estava puxando conversa com a moça. – O senhor sorriu e sentou-se numa cadeira lateral.

– Vou precisar da sua ID.

– Eu perdi, você não pode me atender e depois eu providencio meus dados?

– Você se tem sua ID memorizada?

– Sim, 91695355.

– Não encontrei este número, vou verificar de novo.

Sam bufou e olhou para trás, para verificar como Theo estava. Parecia desolada e ainda transtornada, encarava um ponto qualquer à sua frente, com seus olhos vermelhos.

– Este número não consta no sistema de cadastro único. – A atendente respondeu educadamente, voltando a ter a atenção de Sam.

– Você não pode fazer isso depois? Apenas preciso falar com o responsável pelo setor, qualquer pessoa que esteja de plantão agora. – Sam respondeu já perdendo a paciência, debruçada no guichê.

– Você tem algum número complementar? Ou outro documento que a identifique?

– Não, eu perdi tudo, fui roubada. Por favor, me atenda e depois cuidamos do cadastro.

– Minha senhora, não podemos…

A fala cordial da atendente foi interrompida pelo estampido de um tiro, Sam virou-se para trás, abaixando-se instintivamente, olhando ao redor e procurando a origem do disparo.

– Deus do céu! – Uma enfermeira gritou, outros gritos horrorizados puderam ser ouvidos naquela sala ampla do hospital.

– Theo! – Sam correu na direção dela, pode ainda vê-la caindo no chão, devagar, à frente da cadeira onde estava sentada.

Rapidamente vários curiosos assustados a rodearam, Sam ajoelhou-se e viu a arma ainda presa em sua mão, apavorou-se quando viu uma poça vermelha crescer rapidamente abaixo de sua cabeça, juntamente de vestígios de massa encefálica.

– Eu não pude evitar, não sei onde essa menina arranjou uma arma! – Bradava o segurança do hospital, atônito, gesticulando.

– Theo, o que foi isso? Theo! – Sam segurava seu rosto, tremendo as mãos.

Mais pessoas juntavam-se ao redor, lançando olhares pasmados.

– Por favor, alguém ajude! – Sam passou a gritar, olhando para cima, ao redor. – Algum médico, por favor faça algo! Ela não pode morrer!

– Eu sou médico. – Um senhor de longo bigode grisalho ajoelhou-se também, dando uma olhada na cabeça de Theo.

– Faça algo, leve-a para dentro e a salve! – Sam disse em desespero.

O médico deu mais uma olhada mexendo devagar a cabeça dela, e lançou um olhar pessimista para o enfermeiro que estava abaixado a sua frente.

Sam percebeu a falta de ação deles, seus olhos os fitavam arregalados em desespero.

– A salve! Ela não vai morrer, faça algo, eu imploro!

O médico hesitou um instante, olhou para o lado e gritou:

– Uma maca!

Rapidamente aprontaram uma maca ao seu lado, e dois enfermeiros a colocaram no leito, a carregando.

– Para a sala de ressuscitação! – O médico disse, acompanhando logo atrás.

Enquanto a maca seguia na direção das duas portas de vidro translúcidas, um pequeno pedaço de papel caiu dos dedos entreabertos de Theo, Sam acompanhou o papel caindo lentamente, planando no ar, até repousar no piso branco. Ainda com o coração disparado e ofegante, caminhou até lá e o tomou em mãos, lendo o que dizia o bilhete:

“We can be heroes, just for one day.”

 

Autoquíria: s.f.: Suicídio.

FIM

64 comentários Adicione o seu
  1. Tipo assim, sem palavras!
    Como já disse antes, acho que em A Lince e a Raposa, digno de Hollywood! Não deve nada aos filmes tipo, divergente ou jogos vorazes.
    Enfim agora sofrer até outubro chegar trazendo a segunda parte. Talvez depois ei volte pra comentar o capítulo, pois muitas teorias pipocam na minha cabeça nesse momento.
    Bjão

    1. Obrigada pela comparação, eu apoio totalmente a ideia de transformar as histórias em filmes… rs
      E fique a vontade para deixar novos comentários, sei que o finalzinho foi meio impactante, mas antes tiveram umas revelações meio cabeludas tb.
      Bjinhos, e muito obrigada.

  2. Nossa… Não sei nem o que comentar. É difícil, muito.
    Eu fiquei bem quietinha nos últimos 2 caps, como que me preparando para o gran finale dessa primeira parte. Porque de alguma forma, (lógico) seria tenso… mas como nos preparar para o imprevisível?!

    E é exatamente por isso, pelo imprevisível, que…(com o perdão da palavra, deixo aqui bem claro que é no bom sentido) você é uma escritora phodastica!

    Eu ainda estou tentando discernir esse “final” incrível, assim como foi tudo, desde o começo.
    Agora é esperar com uma certa… ânsia? Tensão? Não importa, essa segunda parte será MUITO aguardada…Será que sobram unhas até outubro? E o coração? Rsrs
    Bjos, Cris. E obrigada, por nos permitir viajar nesse mundo incrível que são suas histórias.

    Até!

    1. Oi Glenda, você tava quietinha só na torcida por um final feliz, né?
      Que seria tenso, acho que já estava meio na cara, o tempo de vida tava se esgotando, e tudo dando errado.
      Tomei como um belo elogio o ‘phodástica’, não se preocupe… E obrigada.
      Eu resolvi dar esse mega spoiler para vocês para que não haja sofrimento até outubro: Theo não morreu. Lembra uma vez o que Elias disse a ela? Vaso ruim não quebra. Não que ela seja um vaso ruim, mas ela é forte, é resistente, e vai lutar pela vida na próxima parte.
      Eu que agradeço a leitura e todos os gentis comentários 😉

  3. Moça, nem sei o que dizer, eu li 15 vezes a cena final, pra ter certeza de que tinha entendido. Meu choque foi tão grande que eu saí contando pras pessoas: “gente eu estava lendo uma história linda e a autora matou a mulher, a protagonista que já teve todas as desgraças na vida”, minha mãe até quis saber mais da história depois de ver meu sofrimento. Mulé, você matou a Theodora, a linda e forte Theo, gente a última vez que chorei por uma morte foi a do Fred, nas Relíquias da Morte, as Sapatão já podem parar de chamar a Sara Lecter de assassina. Estou em choque.

    1. Cris acho que me exaltei no comentário anterior, peço desculpa, realmente estou em choque, você é brilhante escrevendo, tanto que me arrancou emoções que só a rainha J.K. tinha conseguido.
      Heroes já me lembrava ‘As Vantagens de Ser Invisível’ e um outro filme muito louco e triste ‘Amaldiçoado’, ainda assim eu conseguia escutar a música, como uma das minhas preferidas, essa sem dúvida, foi a menção mais triste dela.

      1. Não, não foi exaltação alguma, fique tranquila 😉
        Amaldiçoado é aquele filme com o Harry Potter de chifres?
        Sabe quando escolhi Heroes para ser a trilha delas? Eu assisti o filme Praia do Futuro no cinema, essa música tocou no final, e adorei o encerramento com ela, ali tive certeza que queria encerrar minha história com Heroes tb. (a propósito, o filme é ruim, só valeu pela trilha e o Wagner Moura).
        Bom, agora realmente ela ganhou uma lembrança triste…
        Bjos!

    2. Foi aquilo que você viu mesmo, Theo doando sua vida para Sam, de forma trágica.
      E não vai ser dessa vez que ganharei a alcunha de assassina, eu não teria coragem de matar Theo, por sorte ela é ruim de mira e o tiro não a matou. Mas fez um bom estrago, então se prepare para um drama hospitalar na segunda parte.
      Não achei justo com vocês deixar isso em aberto até outubro, vocês me acompanham há meses, torcem por elas a cada capítulo, achei que mereciam saber que Theo vai sobreviver. 😉
      Obrigada por ter acompanhado, e desculpe o choque… hehe
      Bjinhos!

      1. Sim, aquele filme bizarro, nem sei te dizer se achei bom ou ruim, de tão louco que é. Obrigada por não matar a Theo, elas não merecem um final assim, bom, agora é fortalecer os nervos, pra esperar até outubro e para aguentar mais sofrimento.
        Volto a agradecer por compartilhar sua escrita, você tem muito talento.
        Beijos

  4. Só Outubro???
    Como Assim???
    Você é muito má…To de Mal até Outubro!! A não ser que você volte antes?? Hum, que tal? Boa ideia neh?

    1. Eu gostaria de voltar antes de outubro, mas preciso de um tempinho para planejar e reiniciar a história, estou me dando umas mini-férias de Theo e Sam por enquanto.
      Espero que não fique de mal 😉

  5. E que história é essa de posso até matar a Sam mas a Theo não????
    Doidou, pode não, amo a Sam, quer me ver chorar mais?
    Que isso…
    Poxa chato neh…ficar mandando os comentários em partes, mas é que depois lembro que ficaram faltando alguns desabafos e volto…kkk (Esse riso é de nervoso, to a flor da pele e indignada, como você pode??? Comoooooooooo??)

    1. Sam não faria tanta falta assim, Theo é forte e conseguiria se reerguer, não acha?
      Fique a vontade para mandar o comentário em suaves prestações.
      :*

      1. Não senhora, nem pensar, não mate a Sam, Pleaseeeeeee…
        Ai sim ficarei de mal heim….kkkk
        Brincadeira, sei que vc sabe qual o melhor caminho para a história, confio em vc….hahaha
        Sei que vc merece férias, mas por outro lado, nó merecemos a história, não acha?? hum?? ?

  6. Ok. Eu sei.
    Mas vais desmemoriar ela?
    Convenhamos, tu não é uma das pessoas mais normais que conheço. Teu sadismo é quase doentio.
    Ok. Eu meio que ja esperava algo chocante… Não Theo sendo um clone, nem ela sendo a matriz… E com certeza eu nao a via como uma suicida. Mas bem, é o que temos pra hoje.
    Ja respirei fundo, to relendo meus caps favoritos e relendo meu xodó. Nessas horas so Janny e Anna pra me consolar.
    E quanto ao “anormal, sádica e doente”: Sorry… Not sorry!

    1. Eu já dei um spoiler gigante dizendo que Theo sobrevive, então vamos manter segredo sobre as sequelas, ok? rs
      É que eu resolvi dar todos os choques no último capítulo, pra deixar o final mais “intenso”.
      Mas Theo não é suicida, ela fez aquilo como último recurso, aquele desespero final era mais medo da morte do que qualquer outra coisa.
      Tudo bem, prometo não levar o ‘anormal, sádica e doente’ para o lado pessoal… rs
      Logo vem a continuação da Lince, e teremos mais um pouquinho de Jenny se ferrando 😉
      Bjos!

  7. Tipo assim ??? chorando ate outubro… Que historia linda e Heroes foi uma escolha perfeita de trilha pra elas!!! Amei cada capitulo cada linha cada momendo da historia ?❤❤?

    1. Ah, não fique triste, Flavia, teremos em breve uma linda e dolorosa história de superação (de vários sentidos).
      Tinha que terminar com Heroes né? Essa é a música delas.

  8. ? poxa tinha que termina assim? Nao podia ser um pouco mais positivo kkkk Que lindo esse final mesmo sendo de corta o coracao … Amei cada capitulo ?❤

  9. Parabens por esse final! Fiquei embasbacada com as revelaçoes do grupo Archer sobre clonagem humana e a Theo ser uma das matrizes. Realmente muitas perguntas foram respondidas, mas pera..a Theo cometeu suicidio pra doar seu coraçao e salvar a vida da Sam? em algum capitulo passado a Theo sentou na escada e ficou repetindo umas frases desconexas, numa especie de mantra..”ainda nao.. agora nao”. Entao ela ja pensava em fazer isso antes?!..enfim.. estou com algumas teorias malucas em como voce conduzira a proxima temporada..rs. Ver a Theo chorar nesse capitulo foi bem impactante tambem, voce escreveu que caia por terra a penultima promessa de Theo, ela havia prometido nao chorar tambem.
    Queria ter comentado mais em outros capitulos, mas odeio digitar no celular, catando milho.Abraço

  10. E Cris! to esperando ate agora a revelaçao do significado de uma das tatuagens que a Sam perguntou no dia em que estava de olhos cobertos. Fiquei imaginando que ela seria referente a faculdade, medicina especificamente, pela descriçao ser algo com serpente. Ainda bem q teremos a segunda em breve.

  11. Não sei nem por onde começar,mas vamos lá..
    Peguei a história já com muitos capítulos, fiz uma maratona sofrida, mas por vezes doce também. Já cheguei a odiar a Sam com todas as forças, mas também tive vontade de botar no colo de tão inocente que ela se mostrava. O que falar de Theo? A incrível e incomparável Theo? Me ganhou pelo pensamento, aqueles discursos lindos de mulher que conhece o valor de ser mulher e lutar por isso, ganhou pelo sofrimento (sofri horrores com a história do Circus, isso é uma realidade cruel), por ter colocado Sam acima da sua dor, por ter se permitido amar mesmo depois de tanto sofrimento. Acho que já deu pra perceber que amo essa garota tatuada,ne? Você pegou ela de judas,maltratou mais que a Pequena Castor , mas ela ainda sobreviveu a você (não me leve a mal na colocação), espero que na segunda temp ela sofra menos, na verdade espero tanta coisa dessa segunda temp.
    Acho que não estava preparada pra ler esse capítulo hoje,comecei, parei, respirei fundo horas depois e resolvi continuar, ainda acho que teria sido melhor deixar para ler outro dia, não se deve ler capítulos como esse depois de uma DR com a namorada, no final você não sabe se chora pela DR ou pelo fim do capítulo, mas acredito que o capítulo ganhou essa parada ç.ç
    Cris, não sei se já leu algo da Sara Lecter ou da Mel Bessa, mas garanto que elas já fizeram muita gente chorar com alguns capítulos, acabo de perceber que vocês três são terrivelmente incríveis com isso, e isso é um puta elogio,adoro ler algo que me deixe nesse estado, não que eu goste de chorar, mas gosto dessa entrega quando leio algo que me faz ficar dentro da história. Vocês três escrevendo algo juntas seria o fim do brejo hahaha
    Agora voltando ao capítulo, o que falar dessas revelações? Estou em choque com tanta coisa que rolou! Clones (lembrei de Orphan <3), Elias como contratante, Ben ,o canalha rei, morto (vibrei com essa morte), a "despedida" de Sam da família, ela planejando como deixar Theo segura e aquele choro incontrolável de Theo que me fez chorar junto, as declarações de ambas, muita emoção para poucas palavras, talvez eu releia e comente novamente huahuaha
    Acho que terei um troço esperando esse recomeço, sem pressão alguma: Não demore tanto, meu coração é fraco, e a ansiedade é muita
    Ah,meu niver é em Outubro, vou considerar como um presente,ta? Muito obrigada! hahaha
    Por último,mas não menos importante: Parabéns por esse livro incrível, sim, considero livro. Sua escrita só melhora, dos livros aos textos, não só a história, mas o conteúdo que traz para as leitoras. Sou graduanda em Psicologia e amei ver alguns conceitos e informações nos seus textos, parabéns novamente!
    Acho que é isso, abraços e até breve!

    *

  12. Cristine, vc gosta muito de judiar com suas leitoras, porque esse final de mantar de ansiedade qualquer um, espero que você antes d previsto para segunda temporada….falta Elis e quero pra ele uma morte lenta e dolorosa…mas esse cap foi eletrizante…kkkk
    abraço!!!

  13. Super incrível…
    Surpreendente… O que eu sempre pensei, não chegou nem perto do que li…
    Parabéns…
    Agora to mais ansiosa ainda pela próxima parte…
    Espero que Elias tenha o que merece, por favor…
    Só em outubro mesmo????

  14. Chocada e chateada com o fim dessa história.. Por mais que a situação não era boa, sempre esperamos um final feliz… Agora é esperar até outubro (falta muito? e agora? e agora?)…Mas não posso mais que te parabenizar por essa história, peguei ela com 5 ou 6 capítulos publicados somente, tive o prazer de acompanhar (sofrer e sorrir) semanalmente com ela.. Já comentei uma vez em um deles, que você tem uma habilidade impressionante pra instigar o leitor, fazer ele te amar em um parágrafo, e te odiar em outro, esperar ansiosamente para devorar o próximo capítulo, coisa que autores como JRR Martin, JK Howling e Agatha Christie faziam comigo… mas é isso que faz a gente amar a leitura, esse prazer que infelizmente poucos aproveitam…
    Quanto a história, estou vendo esse seu lobby pela Theo hein, mas e a Sam como fica? Ambas não merecem morrer, a Theo se perder alguma parte, ainda tem 5 cópias de backup :p… Já a Sam não.. E toda vez que eu li sobre a música Heroes, eu pensava nessa Heores: https://www.youtube.com/watch?v=a7SouU3ECpU , que é tão bonita quanto, e tem um pedaço lindo e importante: “We could be Heroes, ME and YOU !! “(tá vendo a mensagem subliminar né !…
    Por fim, novamente Parabéns, continue nos matando capítulo a capítulo, continue a escrever, não se apresse.. e que venha a 2ª Temporada para nos alegrar (ou não né)..

  15. Fantástico!!! cheguei aqui através do ABC e não me arrependo, estória maravilhosa e bem escrita que me prendeu do começo ao fim. sobre esse final já era esperado mortes mas nunca imaginei que fosse dessa forma, fiquei chocada e bem triste, tive que esperar me recompor pra comentar, Theo não merece a sorte que tem (no caso a má sorte), pessoa maravilhosa que merece tudo de bom, mas como você já adiantou que ela não morreu fiquei mais aliviada, não vai ser fácil mas espero que as duas consigam finalmente ficarem juntas e felizes na segunda parte da estória. O que me resta é esperar a volta com bastante ansiedade.
    Até Breve!

  16. Que vazio estou sentindo em mim agora.. Sempre queremos o final heróico e feliz.. São tantas possibilidades se formando em minha cabeça e só de pensar que esperarei até Outubro dá agonia.. Schwinden o que você provocou nos nossos corações? Precisando de um coração Borg agora..

  17. Reli, quase choro mais uma vez, a descrição da massa encefálica me deu arrepios, lembro das possíveis complicações e já sofro de agora, mas a Super Theo vencerá mais essa <3
    Fiquei pensando, já que você não irá mata-la (amei o spoiler, você merece um prêmio por isso haha), como fica a Sam e a busca pelo coração? Será que o hospital dará um jeitinho? Tô achando fácil demais…
    afff, ainda estou em choque com essa história, esse ''final'', coisa mais imprevisível! Até imaginei de você matar a Theo, mas achei que era só graça, depois voltei a achar, ai vem você e faz um suspense desses, uma quase morte, surpreendente, parabéns!
    Mais uma coisa: como Theo escreveu aquele bilhete? Foi muito rápido o.o
    Aguardando ansiosa, e com medo, esse capitulo alternativo!
    Estou me sentindo muito ''falante'', acho que paro por aqui
    bjs
    p.s. Adorei a escolha da música

  18. Oie, Cristiane… que final foi esse, hein?
    Cheio de aventura, desgraça, ação, humor e romance também. Montanha russa de emoções. Eu não preciso dizer que fiquei com vontade de te xingar por causa do que aconteceu com a Theo, né? Todo mundo gosta dela, só leio comentários dizendo: “Não mate a Theo…”, “A Theo não pode morrer…”. Eu concordo, ainda bem que você deu spoiler da próxima parte, tranquilizou meu coração. Ainda bem que não tenho problemas no coração senão infartava com esse final, mas ficou muito bom mesmo. Eu sou muito crítica com finais, esse foi muito revelador. Você tinha pensado desde o início que a Theo seria uma matriz e um clone? Eu quase caio pra trás quando elas viram os clones lá nos vidros. Já até perdoei a Sam, se a Theo que foi a mais prejudicada perdoou, quem sou eu, né? Além do mais, ela tá toda romântica e carinhosa ultimamente, acho que ela mudou mundo desde o início da história. Existem tantas possibilidades para a próxima parte, que nem vou chutar kkkk Não demore a postar, please. 🙂

    Ah eu finalmente escrevi um conto, acredita? Tomei coragem e resolvi colocar uma história que tava martelando na minha cabeça. Quero agradecer pelas as dicas de escrita que você tem dado, usei várias técnicas que você postou aqui no blog. Assim, se você não estiver fazendo nada e quiser se distrair um pouco leia o meu conto, é curtinho, tem uns erros, confesso, mas dá pro gasto kkkk
    Se você ler, e quiser dar uma crítica, pode ser sincera mesmo, eu aguento. Taí o link: https://abcles.com.br/historias/viewstory.php?sid=2465

  19. Oi…
    Li o final alternativo, e… Kkkkkkkkkkkkk….. O seu senso de humor e incrível… Você e demais…

    Claro que prefiro o outro capítulo…

  20. Esse capítulo foi de tirar o fôlego. Imaginei surpresas no 44, mas não cheguei perto do que você reservou para o final. De tudo que li, apenas a tentativa de Theo não me surpreendeu, cheguei a pensar até que ela conseguiria atingir seu objetivo e Sam sairia como uma vingadora na segunda parte detonando tudo. Ainda bem que você não matou Theo, Sam vingadora até me agrada, mas sem Theo não dá.

  21. Bom estou me pronunciando agora depois de ter lido da a historia, serio q o final foi assim? Desculpa mais estou revoltada, ela nao podia morrer assim elas poderiam ter pelo menos morrido jumtas depois de tudo q passaram ne? Mais em fim bela historia. gostei .

    1. Oi Danyella!
      Eu compreendo sua chateação, mas pode se alegrar, Theo não morreu, ela estará na segunda parte, se recuperando desse tiro, as duas estarão mais fortes do que nunca. Obrigada por ler, bjinhos!

  22. Incrível esse final ala Shonda Rhimes me surpreendeu totalmente foi para lá de impactante aguardando agora ansiosa a 2ª Temporada descanse e volte logo bJs Cris

  23. legal, vc me fez ficar tensa, rir bastante, chorar, ficar enojada com o que o ser humano faz e ficar suspensa nesse final, que em outubro continua. não canso de dizer pense numa historia que gostei e gostei do seu trabalho, outubro meu filho venha logo
    bjos moça inté a proxima

  24. Não esetou mais aguentando de ansiedade. Cristiane, voce nao tem noção do quanto fiquei feliz por saber que terá uma segunda fase. Quando terminei de ler, fiquei por uns minutos reflentindo e criando meu final. Gosto de livros/filme que nao tem um final concreto, e todo o resto caberia ao leitor. No meu final, Sam recebia o coração de Theo e voltava pra casa. Até fiquei de luto. Espero que Theo não perca a memoria na segunda fase. Alias, não vejo a hora de ler a continuação, vou devorar cada letrinha de todos os capitulos.
    Obrigada pelo presente.

  25. eu estava numa maratona no lettera (diga se de passagem incrível) ai parou lá nem sei qual cap se não me engano no 27, fiqueii desesperada . então como quem não quer nada que eu só coloquei no google( santo goole) 2121 e surgiu esse blog*ufaaa * pude continuar a jornada, eu sorrir eu chorreiiiiiiiiiiii rios , oque a theo passou é desumano, foram fortes cenas, pq minha mente viaja e parece que ver tudo . e me fizeram chorar muito,
    o modo como sam cuida dela, passa uma espécie de menina mulher, a inocência dela e logo em seguida a uma imponente e sexy mulher ,eu nem sei oque dizer desse final, mas to aliviada por ter uma segunda parte. eu acho que nao conseguiria tocar minha vida nos próximos dias o luto seria massacrante , você cris é incrivellll .e a cada diaa melhora mas acompanhei outra historia sua , eu preciso que 2121 vire livro . é surreal é magnifico , enfim adorei tudo , e obrigada por nos presentear com essa historia . bjaoooo bom final de semana . ansiosa pra próxima jornada.

  26. To pasma! To chocada! To sem chão.
    Que isso mulher? Por que cê faz isso com a gente !?? :'(
    Que final foi esse? Por que?
    Faz isso com a gente mais não! #continuaçãoporfavor

    Ah! Devo dizer também que minha tristeza se divide entre o final e entre não ter lido essa incrivel história em um livro impresso. Porque sinceramente, ficaria sensacional!

    #QueroLivro!

    Parabéns Autora!

  27. Estava passeado pelo abcles quando ele acabou, fiquei triste mas ai eu encontrei esse blog.
    Quando comecei a ler a sua historia logo me envolvi demais neste romance.
    Li os 44 capítulos em 2 dias.
    Cada capitulo que eu lia, entrava mentalmente na historia, parecia que estava presente em tudo e que via as coisas acontecer a cada frase que lia.
    Gosto muito da sua maneira de escrever, você e uma escritora fantástica.
    Fiquei triste com o final e confesso que não gostei do alternativo, mas quando li que theo não ia morrer nos comentários fiquei muito contente e aguardo pela próxima parte esperançosa que theo e sam fiquem juntas. Não mate nenhuma das duas, são elas que nos fazem sonhar realmente no meio de tanto desespero e confusão que ouve na historia.
    Eu sei que theo sofreu muito nas mãos de sam, mas lembre-se que se não fosse sam theo tinha voltado aquele horripilante local. E agora que tudo estava a ir tão bem entre elas. Bom eu sei que você vai ter tudo isso em conta e nos surpreender muito. Como eu já disse você e muito boa escritora. Boa escrita e fico aguardando ansiosa pela segunda parte 🙂
    Beijinhos da sua fã de Portugal.

  28. Conheci ontem 2121, terminei agora a tarde a leitura e sinto um buraco enorme no meu peito. Esse final foi incrível, destruidor. Na verdade, a história inteira foi, a todo momento eu me mantive interessada e surpresa com o decorrer dos acontecimentos. Vou correr agora pra ler as outras histórias por aqui hahah Aguardo ansiosamente a continuação!

  29. Omg Omg, lágrimas estão escorrendo aqui… Diz que a continuação sai ainda esse ano, e que a Theo vai ficar bem e que não será ela a doar o coração para Sam…

  30. Meu Deus sao 4 da manha e trabalho amanha…
    que historia marvilhosa. sofri cada linha. que despedida!! durante dias tive essa historia na minha mente me acopanhando, lembrando, revivendo cada palavra.
    a Theo nao pode morrer a Sam tambem nao 🙁
    mas fico feliz que tenha continuacao e aguardo ansiosamente e com coracao cheio de lagrimas… uma excelente historia. parabens! aplaudo em pe! um enorme abraco
    lagrimas…

  31. Adriana, eu espero que você não tenha se atrasado para seu trabalho, nem que tenha passado o dia com sono. Mas caso tenha tido um dia sonolento, espero que tenha sido na companhia de Theo e Sam em seus pensamentos.
    Se eu não tivesse me apegado à essas duas, talvez tivesse coragem para matar uma delas, mas não matarei.
    Sofreremos um tanto na continuação, não vou mentir, mas as meninas são fortes.
    Obrigada por me ler e me escrever esse comentário carinhoso, espero ter conquistado uma leitora amiga para todo o sempre.
    Abraços.

  32. Minha cara Lillydi, sinto pela tristeza deste capítulo final, mas não se abata, estas duas guerreiras sobreviverão. A continuação começa a ser escrita pontualmente dia 01/11/2015.
    Obrigada por acompanhar minha história, e por deixar um comentário, apareça 😉

  33. Cristiane Schwinden
    Passei o dia tranquilo, nao tinha muito no trabalho. e sim lembrei tando delas. tambem me apeguei a elas tanto que sofri acho q nem consegui ler direito rsrsrsrs desespero rsrsrs fiquei aliviada por voce tambem ter apegado a elas tb o/
    sao fortes demais as amo muito! obrigada pelo seu carinho e por nos proporcionar uma historia tao incrivel!!!! grande abraco com carinho.

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