Dia 12 – O som ao redor
É difícil ser monstro nos dias de hoje. A concorrência com os humanos é desleal, estão mais violentos do que nunca, assustam muito mais do que nós.
Antigamente as criancinhas se assustavam a noite e corriam para o quarto dos pais, gritando que eu estava embaixo da cama, ou no armário. Agora gritam dizendo que tem ladrão em casa.
Eu não quero roubar nada, apenas apavorar esses protótipos humanos que chamam de crianças. Acabo assustando adultos às vezes também, por diversão. Sabe aquele barulho apavorante que você houve no quarto, que parece vir de baixo da cama, justamente quando está tudo escuro? Sou eu te sacaneando. Ou algum colega meu se divertindo.
Adoro ver pés para fora da cama, sempre dou um jeito de correr minhas unhas compridas por eles, os humanos acordam num salto, com a certeza que tem um inseto ou algo pior no quarto.
Com crianças eu prefiro o jogo do armário infernal, fico lá dentro por horas, até a criança chegar ao limite do medo, e começo a grunhir sons quase demoníacos, ruídos de pessoas sofrendo, lamúrias, todo tipo de som que destrua os nervos mirins.
Funcionou, não funcionou?