Capítulo 36 – Rogar
O dia de basquete foi exaustivo para Theo, que adormeceu cedo. Sam estava sem sono, desceu para a sala de mídia, onde terminava de assistir um filme. Sob fortes protestos de Theo, Sam havia recentemente instalado uma babá eletrônica na suíte, com receptores na sala de mídia e no escritório.
Até então tudo que Sam ouvira foram apenas os ruídos baixos e ocasionais de um leve ronco, porém por volta da meia-noite o silêncio eletrônico foi interrompido com gritos apavorados, que diziam um nome: Elias.
Sam correu escada acima descalça, dois degraus por vez, abriu a porta e não encontrou ninguém no quarto quase escuro, ouviu novamente Theo em desespero, o som vinha do banheiro.
– Não! Não me leve! Por favor de novo, não! – Dizia com terror, aos prantos, sentada num canto entre o vaso e a jacuzzi, abraçando as pernas.
Sam olhou ao redor, não havia mais ninguém ali, abaixou-se à sua frente, e tomou a mão dela.
– Não tem ninguém aqui, está tudo bem. – Sam dizia com a voz tranquila.
– Elias! Elias está aqui no quarto!
– Eu vou olhar todo o quarto, ok? Já volto.
Sam acendeu a luz do quarto e verificou os quatro cantos, estava vazio, voltou rapidamente para o banheiro.
– Não deixe ele me levar. – Theo pedia com desespero aos soluços.
– Ele não está aqui, foi alguma visão que você teve, ninguém vai te levar.
Theo puxou sua mão de volta, agora fitando Sam com semblante ainda assustado.
– Hey, sou eu.
– Sam?
– Sim, já esqueceu de mim? – Sam brincou.
– Era ele.
– Não, não era ninguém, fique tranquila. Vem aqui, sai desse cantinho. – Sam disse estendendo a mão.
Theo se arrastou para fora, Sam sentou-se, a colocou sobre suas pernas, lhe abraçando com força.
– Foi só uma ilusão, você está segura aqui, ok? Acalme-se.
Theo voltou a chorar, abraçando sua cintura e molhando a camiseta da namorada.
– Shhh… Tá tudo bem… Tá tudo bem… – Sam afagava seus cabelos.
– Ele vai me levar… Ele precisa de mim, ele vai me levar para a Zona Morta…
– Você tem segurança forte ao seu redor, não pense nisso.
– Eu prefiro morrer… Eu não vou com ele.
– Não vai, você vai ficar aqui, eu estarei sempre por perto.
– Eu só queria que isso acabasse… – Theo a apertou mais, Sam se dava conta do medo descontrolado que Theo nutria pelo tio, era mais que medo, era terror, Sam percebeu o terror em seus olhos e em sua voz.
Os anos de Circus estavam muito longe de terminar.
***
Theo passou a manhã seguinte quieta, não quis subir para a fisioterapia, vomitou algumas vezes, só saiu do quarto quando Sam a levou para almoçar, apesar de ter insistido para almoçar na cama.
– As refeições devem ser feitas numa mesa, sempre que possível. – Sam dizia enquanto a acompanhava nas muletas.
– Por isso que você sempre improvisava uma mesa quando estávamos na estrada?
– Sim, toda refeição deve ser tratada com respeito. – Já estavam sentadas na mesa comprida da sala de jantar.
– Você ainda ora antes de comer?
– Sempre, eu sempre agradeço a Deus por ter alimento na minha mesa e por ter companhia.
– Sabia que tem uma pequena capela aqui em casa?
– Claro, já visitei várias vezes.
– Você já andou por aí?
– Pelos arredores da casa? Já dei algumas voltas. Tome, já cortei a carne. – Sam correu um prato para ela.
– Não precisa mais cortar. – Theo a encarou com um sorriso amável.
– Eu sei, eu esqueci, ainda é força do hábito. Quer dar uma volta por aí depois de comer? Tem uma espécie de pequeno bosque depois das quadras esportivas, é um lugar agradável.
– Nós brincávamos de ritual satânico nesse bosque à noite, quando eu era criança.
– Ritual? – Sam a olhou perplexa.
– Conhece Cthulhu?
– Que?
– Estava brincando. – Theo riu alto. – Mas topo a caminhada sim, preciso espairecer.
Depois do almoço, Theo subiu em suas muletas e se encaminhavam para a porta da sala, quando resolveu abandonar a muleta do braço direito.
– Uma só resolve? – Sam perguntou.
– Resolve. E sabe o que consigo fazer agora?
– Se equilibrar na perna direita?
– Não, isso. – Theo estendeu a mão direta para Sam, que a pegou. – Eu sinto falta de andar segurando sua mão.
Sam sorriu torto, beijou sua mão, e saíram para caminhar pela propriedade.
Duas horas depois, Theo parou no caminho para descansar, e enlaçou Sam pela cintura.
– Você já se sente como se aqui fosse sua casa? – Theo perguntou.
– Sim.
– Que bom, porque aqui é sua casa, isso tudo também é seu.
– Nossa casa. – Sam sorriu para ela.
– Nossa casa fica ainda mais harmônica com a sua presença.
– Eu gosto daqui, me sinto bem agora.
– Agora?
– Me sentia estranha quando morava aqui e você ainda estava no hospital, a casa estava silenciosa.
– Agora é a nossa casinha.
– Mansãozinha… – Sam riu.
Retornavam para a mansão, quando viram dois carros negros e grandes andando pela estrada, passando pela portaria.
– Quem são? – Theo perguntou.
– Devem ser conhecidos, para a portaria deixar entrar assim. – Sam deu um passo se colocando à frente de Theo.
Theo apertou os olhos, os carros passavam agora próximos delas.
– Michelle? – Theo reconheceu.
– É, você tem visitinha. – Sam exasperou com chateação, tomou a mão de Theodora. – Vamos.
– Quando Claire veio ontem à tarde você ficou toda animadinha. – Theo resmungou enquanto caminhavam de volta para casa.
– Não sei onde você me viu animadinha, eu apenas trato todo mundo educadamente.
– Não vejo você cochichando daquele jeito com nenhuma outra pessoa.
– Cadê aquele discurso ‘eu não tenho ciúmes da Claire’? – Sam disse imitando a voz de Theo.
– Eu não tenho ciúmes da Claire, isso não é ciúmes, só estou constatando seu tratamento diferenciado com as pessoas que nos visitam.
– Eu nunca escondi de ninguém que não gosto da senadora, ela é uma pessoa covarde e aproveitadora.
– E minha amiga.
– A Claire é minha amiga também.
– Vocês têm muito mais intimidade, até dormem juntas quando viajam. – Theo disse num tom ácido.
– Em camas separadas.
– Não estou reclamando, só constatando.
– Você tem ótima memória para o que lhe convém, cheia de constatações.
– E qual o mal em constatar? Nunca lhe impediu de fazer nada.
– Eu não sabia que dormir no mesmo quarto com Claire te chateava, se você tivesse falado eu passaria a pedir um quarto para mim.
– Não me chateia, a responsabilidade dos seus atos é somente sua, se você não vê problema em dormir com ela, então para mim também não tem problema.
– Você está falando sério?
– Estou, você é dona das suas atitudes, e já está bem grandinha para ter babá.
Sam riu silenciosamente.
– E não faça piadas com aquela babá eletrônica que você instalou, agora eu enxergo seus semblantes, não esqueça disso. – Theo completou.
Entraram na casa e Michelle foi logo a abraçando.
– Então você está enxergando! – Michelle disse com alegria.
– Finalmente! Que bom te rever, Michelle.
– Essa é minha assessora e amiga, a Fibi. – Michelle apontou uma moça elegante ao lado.
Theo a cumprimentou e Michelle estendeu a mão para Sam, a cumprimentando.
– Você está com os cabelos mais escuros ou é impressão minha? – Theo perguntou para a senadora.
– Estou sim, um pouco menos platinada agora, nem meus filhos notaram. – Michelle riu. – E você andando por aí, com uma muleta apenas? É impressionante sua recuperação, você parece cada vez mais forte e saudável.
– Uma longa jornada, longa e às vezes vitoriosa.
– Como sempre uma garota de fibra, tenho imenso orgulho de você.
– Você vai me deixar convencida, Michelle. – Theo sorriu, e deu uma olhadela de lado para Sam.
– Mas é seu mérito.
– Joguei basquete ontem, acredita?
– Basquete? Sua força de vontade é inspiradora.
– Sabe o que tem por detrás dessa minha recuperação e da minha força? – Theo deu um passo ao lado e tomou a mão de Sam, a beijando. – Tem uma mulher igualmente forte.
A expressão fechada de Sam mudou para uma mais amena, Theo sabia como adulá-la.
– Eu sei, sua soldado tem sido fundamental, desde o início.
– Que acha de tomarmos um café lá fora? – Theo convidou.
– Acho uma excelente ideia, reservei essa tarde para matar a saudade de você, se não tiver algum compromisso, é claro.
– Vou subir para tomar um banho e os remédios, depois estou livre. Meeeeeg!
Algum tempo depois, já no deque da piscina, Theo e a senadora conversavam sobre política, Sam já estava no escritório fazendo algumas coisas para a Archer remotamente.
– Sua campanha para reeleição já começou? – Theo perguntou.
– As campanhas devem começar em junho do ano que vem, então ainda temos sete meses para decidir se irei tentar a reeleição.
– Por que não tentaria? Você tem um eleitorado enorme, está cada vez mais popular, ganhou os eleitores do seu falecido marido.
Michelle sorriu com certo convencimento.
– Essa conversa não pode sair daqui, ok?
– Claro, e fique tranquila que aqui é espaço anti-drones.
– Houve uma convenção do partido no mês passado, e eu fui apontada como pré-candidata, a disputa interna está entre mim e o presidente do partido.
– Pré-candidata a que?
– A presidência, Theo.
Theo arregalou seus olhos, a fitando surpresa.
– Presidência?
– Apenas pré-candidata por enquanto, acredito que até janeiro teremos uma definição.
– Nossa… Mas… Presidente? – Theo sorria incrédula.
– Nosso partido não é o maior, somos oposição do Hover, que vai tentar a reeleição, você sabe como ele tem um alto índice de aceitação entre a população da Nova Capital, ele é um presidente com grande popularidade.
– Ah Michelle, você sabe que a maior parte dessa adoração é de mentira, não é?
– Sim, o povo é cego para as falcatruas e má administração dele, a mídia está em peso do lado dele.
– Não é a mídia, você sabe que tem algo um tanto mais… Químico por trás dessa adoração.
– Do que você está falando? – Michelle inclinou-se para frente em sua cadeira baixa de madeira, com interesse.
– Você ocupa um cargo público de alto escalão, eu duvido que não conheça os boatos.
– Os boatos que a resistência insiste em trazer à tona?
– Porque não são boatos, é tudo fato, eu sei que é, eu tenho provas.
Michelle olhou ao redor, e falou num tom baixo.
– As vacinas?
– Sim, as vacinas são reais, o povo está sendo manipulado há décadas, a mídia é apenas o cabresto.
– Não há provas.
– Eu tenho provas, Michelle.
– E por que nunca denunciou isso?
– Eu já tenho uns vinte alvos pendurados no meu pescoço, não quero mais um, não quero comprar essa briga.
– Isso poderia mudar o rumo do país. – Os olhos de Michelle brilhavam.
– Eu iria até o fim com isso se tivesse essas informações em mãos há alguns anos. – Theo esticou-se na espreguiçadeira, reflexiva. – Hoje em dia eu busco a paz antes de qualquer coisa, pode me chamar de frouxa, mas eu não quero morrer agora, meus objetivos no momento envolvem continuar minha recuperação e formar uma família com a Sam.
– Formar uma família?
– Eu quero casar e ter filhos, espero que ela saiba disso. – Theo riu.
– Mas vocês são tão novas, você já quer casar?
– Num futuro próximo, não semana que vem, não quero passar minha lua de mel me entupindo de remédios, tropeçando e vomitando.
– Você acabou de conhecê-la pessoalmente, não se precipite.
– E me apaixonei de novo, eu não tenho a menor dúvida que quero ficar com ela para sempre.
Michelle ficou um tanto desnorteada com a notícia, mas balançou a cabeça e retornou ao assunto anterior.
– As vacinas. Isso pode ser a base da nossa campanha, eu manteria seu nome fora disso, assim como você manteve meu nome longe do escândalo do Circus.
– Não quero mexer nesse vespeiro agora.
– Então me entregue o vespeiro.
– Não posso, senadora, isso envolve outras coisas.
– Pessoas que você conhece?
– Não, isso destruiria a Archer.
– Como? Qual o papel da Archer nisso? Patrocinadora?
– Não posso entrar em detalhes, quem sabe daqui um tempo eu mude de ideia e faça algo com isso, agora não, agora quero ficar quieta aqui na minha casa.
– Theo, você sempre foi militante da resistência.
– Isso foi antes do Circus, eu era idealista e ingênua, agora estou mais preocupada com meu bem-estar, eu quero aproveitar essa segunda chance.
– Tudo bem, não vou pressionar você, mas prometa que vai pensar no assunto, tudo que nosso partido reuniu até agora são fragmentos e boatos, se você tem provas físicas, o governo do John Hover ruiria em poucos dias.
– A Archer também ruiria.
– Eu entendo seus motivos, e respeito, mas pense sobre isso.
– Meu grande motivo é o motivo mais bonito que eu já vi. – Theo apontou com a cabeça na direção da porta, Sam estava vindo.
Michelle voltou a se recostar na cadeira, Theo recebeu a namorada com um sorriso enorme.
– Resolveu tudo que precisava? – Theo perguntou.
– Quase tudo, Claire teve que entrar numa reunião. – Sam ia sentar numa cadeira ao lado, Theo estendeu a mão para ela.
– Não, sente aqui comigo.
Sam sentou-se na espreguiçadeira e Theo a enlaçou pelas costas.
– Em qual setor da Archer você tem trabalhado? – Michelle perguntou a Sam.
– No conselho.
– Representando a sócia majoritária?
– Por enquanto sim, mas a maior parte do meu trabalho consiste em acompanhar os processos e reuniões, não tenho conhecimento suficiente para influenciar de fato.
– O poder está em suas mãos.
– Mas não o conhecimento, sou apenas uma representante temporária.
– Theodora, você não pensa em assumir as rédeas de sua própria empresa?
– Ela está indo muito bem sem minha mão de ferro. – Theo riu.
– Os preços das ações caíram um pouco depois da morte do seu pai.
– Eu sei, mas se estabilizaram.
– Mas faria bem aos negócios se a empresa voltasse a ter uma Archer no comando.
– Não seja por isso, me caso com a Sam e ela assume meu sobrenome, Samantha Cooper-Archer.
– Oi? – Sam se virou para trás confusa.
– Eu estou brincando. – Theo roubou um beijo rápido.
– Está na hora dos remédios das seis. – Sam disse baixinho.
– Eu sei.
– Não quero atrapalhar sua rotina, já está na minha hora. – Michelle disse, já se levantando.
As meninas conduziram Michelle e sua comitiva até a porta.
– Sobre aquele assunto, me procure daqui alguns meses, quem sabe eu prepare um dossiê para você. – Theo disse após abraçá-la.
– Quando você achar que é o momento adequado, estarei pronta, nosso partido está ao lado do povo, temos representantes da resistência entre nós.
– Continuem desse lado, quem sabe num futuro não muito próximo eu me junte a vocês. – Theo disse.
Se despediram, e Sam logo a indagou.
– Do que vocês estavam falando?
– Talvez ela seja candidata a presidência, pela oposição, e talvez eu entregue um presentinho a ela.
– Que presentinho?
– Informações sobre as vacinas.
– As vacinas? Você contou tudo para ela? Isso derrubaria a Archer da noite para o dia!
– Eu sei, você vai me ajudar a pensar numa solução, um meio termo.
– Vou?
– Vai. Mas não agora, porque agora eu vou tomar os remédios, e depois…
– E depois?
Theo a abraçou.
– Depois sou toda sua, inclusive se quiser me usar como travesseiro.
– Usarei, pode apostar.
– Você acordou cedo hoje.
– Acordei, sabe por que?
– Não.
– Porque você é espaçosa, nossa cama tem dois metros de largura, e você consegue ocupar a cama inteira, e me chuta, me bate. – Sam resmungou.
– Me empurre para meu lado.
– Eu empurro, e você volta cinco minutos depois.
Theo ficou um tempo pensativa.
– Deve ser horrível dormir comigo.
– Mas vale a pena. – Sam a beijou, e Theo foi para o quarto térreo onde tomava a medicação.
***
No banco de trás do grande carro, Michelle se distanciava da mansão de vidro, com o olhar perdido pela janela, sua assessora seguia ao seu lado.
– É curioso como as percepções de prioridade podem mudar com tanta rapidez e inconstância. – Michelle começava a devanear para sua amiga e funcionária.
– Já sei, Theo bagunçando sua cabeça de novo.
Michelle riu.
– Essa menina sempre bagunça minha cabeça, de várias formas.
– Quer me contar algo? – Fibi perguntou.
– Theo tem algumas informações sigilosas que podem mudar o rumo das eleições do ano que vem.
– Sobre o que?
– Ela não me contou, mas está relacionado à lenda urbana das vacinas.
– Theo fazia parte da resistência, ela ouviu essas coisas por lá, são lendas.
– Ela tem provas.
Fibi a olhou assustada.
– E não te disse mais nada?
– Depois de tudo que ela passou, e que ainda está passando, eu entendo que ela não queira se envolver com isso agora.
– Mas pelo seu semblante tranquilo imagino que já esteja planejando formas de conseguir essas informações.
– O melhor lugar para se conhecer verdadeiramente uma pessoa é na cama, eu frequentei a cama dela por muito tempo. – Suspirou. – Sei que terei a informação quando for o momento certo, não vou pressioná-la.
A senadora abriu calmamente sua bolsa retirando seus óculos escuros, os colocando na sequência, enquanto Fibi a observava.
– Tem mais alguma coisa, não tem? – Fibi perguntou com curiosidade.
– Tem, Fibi. – Michelle virou a fitando, e disse calmamente. – Eu já a perdi uma vez, não quero perder de novo, eu quero ficar com ela.
***
Após a janta, Sam subiu para o escritório, e Theo seguiu para a sala de mídia, onde acabou cochilando no sofá. Próximo da meia-noite, Sam largou seus afazeres e buscou Theo para a suíte.
– Eu sinto falta de John e Maritza por aqui. – Theo comentou, mexia em seu comunicador sentada na poltrona colorida, enquanto Sam despia-se no banheiro de portas fechadas para tomar um banho antes de dormir.
– Que? Não te ouvi! – Sam gritou de dentro do banheiro.
– Nada! Vou dormir!
– Que?
Alguns minutos depois Theo finalmente largou o aparelho e foi para cama, sentando na borda. Olhou para os pés, tirou as meias brancas nem tão brancas, as fitou por alguns segundos, decidindo se poderiam ser reutilizadas no dia seguinte, aproximou devagar uma ao nariz.
– Theo? – Sam disse ao sair do banheiro, ainda de roupão branco.
– Eu vou colocar para lavar. – Theo respondeu no susto, e as atirou imediatamente na poltrona.
– Você estava cheirando sua meia?
– Não, apenas olhando de perto.
Sam exasperou.
– Theo, venha aqui.
Ela virou-se para trás, retribuindo o olhar de Sam.
– Eu não estava cheirando as meias.
– Eu já entendi essa parte, é sobre outra coisa que eu quero conversar. – Sam estava séria, caminhou até a frente de Theo.
– Sobre o que? – Theo perguntou ainda sentada, olhando para cima, sem fazer a menor ideia do assunto que Sam queria tratar aquela hora.
Sam estendeu sua mão, pedindo pela mão de Theo, que correspondeu ao pedido.
– Levante-se. – Sam a ajudou a se erguer, ficando cara a cara com a namorada, Theo estava com um semblante confuso.
– Está tudo bem? – Theo perguntou baixinho.
– Uhum.
Sam colocou as mãos no nó do seu roupão, o desfazendo, soltando as tiras, sob o olhar atencioso de Theo.
– O resto é com você. – Sam disse quase num sopro, segurando um sorriso.
Theo a olhou incrédula, sem ter certeza do que estava acontecendo.
– Posso?
– Pode.
Com o coração disparado, Theo pousou as mãos em sua gola, abriu devagar o roupão sem tirá-lo por totalmente, Sam estava completamente nua, para seu deleite. Olhou atentamente para baixo, viu as cicatrizes no peito, viu os seios agora por completo, seu abdome, não conseguia impedir um sorriso satisfeito, como criança desembrulhando um presente almejado.
Sam respirava rápido, estava tensa com os olhares fixos em seu corpo, aliviando-se lentamente com o sorriso autêntico de Theo. A contemplação prosseguia, era perceptível o êxtase no rosto de Theo, observou suas coxas, seu baixo ventre aparado de forma rente, virilhas, pernas, a perna mecânica cinza metálico, nos moldes de uma perna humana. Ali ela não se conteve, o sorriso abriu-se ainda mais de forma espontânea.
Theo voltou a fitar a soldado, mantendo o sorriso contente nos lábios, e a beijou com vigor.
– Você é inteiramente linda. – Theo sussurrou ao fim do beijo.
– Desculpe não ter permitido antes.
– Valeu a espera. – Theo abriu novamente um sorriso, e voltou a descer seus olhos, agora não apenas os olhos contemplavam, sua mão direita passeava delicadamente por seus seios e abdome.
– Romanos, 12,12. – Contornou a tatuagem nas costelas com os dedos.
Subiu ambas as mãos até a altura dos ombros dela, correu o tecido do roupão para os lados, a peça deslizou corpo abaixo, a deixando completamente exposta.
Aquela visão fez crescer ainda mais o desejo e aquela latência que sentia entre as pernas, Theo correu as mãos pela cintura, a abraçando devagar. Deu alguns beijos no pescoço de Sam, e sorrateiramente olhou por trás do ombro dela, deliciando-se com a imagem de sua mão passeando pelas costas e glúteos, os quatro centímetros a mais de altura foram providenciais.
Voltou a encará-la, o sorriso bobo tornou-se malicioso, Sam ainda tinha resquícios de insegurança, Theo estava determinada em extinguir qualquer dúvida que ainda pairasse.
A segurou firme pela nuca e entregou-lhe um beijo apaixonado, tão ardente quanto seu coração e seu sexo. Ainda a beijando, alcançou sua mão, e conduziu para dentro de seu short.
– Espero que isso acabe com qualquer dúvida que você porventura ainda tenha. – Theo disse em seu ouvido.
– Preciso me certificar… – E mergulhou dois dedos, arrancando um gemido abafado de Theo.
– Você sabe ir direto ao assunto. – Theo riu e desvencilhou dos dedos, conduziu Sam até a parede em frente a cama, que retraiu-se em contato com o frio.
Por algum tempo, um beijo enérgico as unia, mas apenas por algum tempo. Theo desceu o beijo, desceu até chegar minutos depois no sexo da namorada. Delicadamente com a mão direita, afastou a perna de Sam para o lado, e a provou sequiosamente.
Sam até então nunca vira Theo com tamanho apetite sexual, a devorava com mãos, boca, língua, com o próprio corpo. A oficial estava no paraíso da lascívia, e um tanto arrependida por não ter se mostrado desde o primeiro dia de visão de Theo.
De joelhos como numa veneração ao corpo, Theo conduziu Sam ao santuário do orgasmo, a ascensão ao gozo, os gemidos altos que rogavam por mais.
Rogar: v. tr. Pedir com insistência; suplicar, implorar, instar. Solicitar com empenho; exortar, insistir.
amiga!
Amei o capítulo?????
Glicose a full!!
Esa Michelle vai agilizar a quebra da Archer e como Sam tem escondido info de Theo,Michelle vai se aproveitar bonito!
Tá um formigueiro… Daqui a pouco vem o amargo.
Não lembro de ter mencionado que a Archer vai quebrar. 😉
Bjos, chica!