Capítulo 21 – Subjugar
Sam entrou com passos curiosos no gabinete pomposo da senadora, e logo encontrou duas mulheres atrás de mesas de vidro.
– Você é a Samantha? – Uma jovem de cabelos negros logo saiu detrás de sua mesa, cumprimentando Sam.
– Sim, desculpe, cheguei um pouco mais cedo. – Sam a cumprimentou e sentou-se na poltrona atrás de si.
– Tudo bem, a senhora Martin lhe aguarda, por favor me acompanhe.
Sam entrou na sala de Michelle com olhares curiosos, até avistar a loira de roupas bem alinhadas atrás de uma larga mesa, já se levantando. Seu sangue ferveu.
– Boa tarde, Samantha, como vai? – Michele lhe cumprimentou com um aperto firme.
– Bem, e pode me chamar de Sam.
– Sente-se.
– Então você é senadora? Quem diria. – Sam voltou a olhar ao redor, se dando conta do luxo da sala.
– Sim, e você não é daqui, tem sotaque europeu.
– Eu era primeira tenente no exército europeu.
– E o que faz na Nova Capital?
– Não lhe interessa, eu vim conversar sobre outra coisa e não pretendo me demorar, então quero ir direto ao assunto.
– Theo.
– Sim, tem a ver com ela e com suas visitas ilícitas a ela.
– E você realmente é amiga de Theo? Ou é apenas alguém querendo tirar proveito da situação?
Sam a fitou com revolta, estava fazendo um grande esforço para não voar para cima da senadora.
– Proveito? Proveito de que? Sua… Sua…
– Você veio me chantagear? Você trabalhou com ela? – Michelle perguntou com certo nervosismo.
– Por causa das suas visitas ao Circus? Não, esse assunto está muito bem guardando entre nós, não pretendo contar seu passado escuso a ninguém.
– Theo é uma boa menina, ela não me chantagearia, se você realmente é amiga dela, espero que não tenha vindo aqui tentar arrancar dinheiro pelo seu silêncio.
– Você se importa com ela?
– Sim, Theo significou muito para mim.
– Não significa mais?
– Do que adiantaria? Ela não pode responder por si, está inconsciente.
Sam franziu as sobrancelhas.
– Inconsciente?
– Por causa do tiro, ouvi falar que ela nunca vai acordar.
– Ela está acordada há muito tempo, achei que você soubesse pela imprensa.
Os olhos de Michelle brilharam, seu semblante agora iluminara.
– Theo está consciente? Ela está bem?
– Está bem dentro do possível para uma pessoa que levou um tiro na têmpora.
– Meu Deus… Eu não fazia ideia. – Michelle balançou a cabeça baixa. – Ela perdeu a memória?
– Nadinha, ela lembra de você, reconheceu sua voz na tela, inclusive.
– Lembra? – Michelle não conseguiu segurar um sorrisinho.
– Infelizmente ela não esqueceu aqueles dois anos de abuso, nem as pessoas doentes que a abusavam, pessoas que poderiam ter acabado com o sofrimento dela, ou ajudado a fugir, mas que nunca fizeram nada, apenas descartavam depois de uma noite a usando um objeto.
– Você veio aqui me dar sermão? – Michelle disse com desconforto.
– Não, espero que sua consciência lhe atormente por si só. Eu vim buscar a localização do Circus.
– Está fazendo alguma investigação sobre o passado de Theo?
– Nós queremos resgatar as garotas que ainda estão lá sofrendo nas mãos daqueles pervertidos. – Sam disse duramente, estava sentada de forma rígida e na defensiva.
– Nós quem?
– Eu e Theo.
Michelle nada respondeu, apenas a fitou analiticamente. Saiu de sua cadeira, andou lentamente até à frente da mesa, sentando ali com as pernas cruzadas, e voltou a encarar Sam.
– Eu quero vê-la. – Michelle disse, de forma firme.
– Isso não está em negociação.
– Eu não posso me envolver em nenhum escândalo, eu tenho uma carreira política longa e impecável, meu nome não pode aparecer ligado ao Circus de forma alguma.
– Eu prometo que esse segredo estará bem guardado, eu só quero a localização, mais nada, seu santo nome estará a salvo.
Michelle lançou o olhar para baixo, pensativa.
– Como você fará isso? Elias protege aquele lugar com forte segurança, você precisará de um exército para retirar todas as meninas de lá.
– Eu cuidarei disso pessoalmente, mas irei formar uma equipe, será bem planejado. Por favor, me dê a localização, eu já varri aquela cidade e não encontrei nada, cada dia que passa, é mais um dia de pesadelo para as amigas de Theo.
– Eu posso fornecer alguns homens de confiança, além da localização. O que acha?
Em troca de uma visita a Theo? – Sam disse com um sorrisinho, percebia que Michelle continuava negociando.
– Eu não me demoraria, nem tocaria no assunto do passado no Circus, só quero vê-la novamente.
– Agora você se importa? Por que não se importou antes?
– Eu errei, eu sinto um grande remorso por ter decidido ajudá-la tarde demais, e apesar de você não acreditar, eu sempre me importei com ela, a tratava com respeito, nunca a forcei a nada, ela sempre me…
Sam sentiu o estômago embrulhando.
– Me poupe dos detalhes. – Sam ergueu a mão, a interrompendo. – Eu só posso lhe prometer que falarei com ela, se Theo aceitar te receber, eu não irei me opor.
– Está com seu comunicador? – Michelle saiu da mesa, ficando ao lado, tocando no tampo, digitando algumas informações.
– Aqui.
– Michelle correu dois dedos na mesa, na direção de Sam, jogando a localização para o comunicador dela.
– Negarei até a morte que te repassei essa informação. – A senadora disse, voltando a sentar em sua grande cadeira.
– Precisarei de pelo menos cinco pessoas para me ajudar, para a semana que vem.
– Disponibilizarei quantos você quiser. Theo está em San Paolo? Está em algum hospital da cidade?
– Está em casa.
– Na mansão de Benjamin Archer?
– Agora é a mansão de Theodora Archer.
– Você mora lá?
– Moro. Michelle, agradeço a informação, ainda hoje eu lhe respondo sobre seu pedido. – Sam fez menção de levantar.
– Pelo visto você está fazendo bom proveito com o coração que consegui para você. – Michelle espojou-se em sua cadeira, Sam interrompeu o movimento, voltando a se sentar.
– Sua organização, a ONG Martin.
– Eu tive acesso à carta de despedida de Theo, no dia em que ela atirou contra a própria cabeça. Movi meus pauzinhos para colocar você no topo da fila, na verdade tive que mover meio mundo para conseguir isso em tempo hábil.
– Então você já sabia quem eu era, quando entrei em sua sala hoje.
– Sabia, mas como lhe falei, acreditava que Theo estava até agora em estado vegetativo, por isso eu não fazia ideia de quais eram suas reais intenções.
Sam deu um rápido sorriso confuso, antes de indagá-la.
– Como uma pessoa que ajuda refugiados de guerra, que me ajudou a conseguir um coração, pode ser tão omissa com o sofrimento de garotas escravizadas?
– Sam… Eu sei que nada justifica, e que sim, tem uma boa dose de covardia da minha parte nessa história, eu tinha um marido também senador, uma ONG que dividíamos, uma carreira, tudo isso atava minhas mãos. Quer ouvir como começou?
– Seja breve.
– Eu não sabia que o Circus era assim, eu e mais quatro amigas escolhemos um bordel aleatório para a despedida de solteira de uma delas, eu achava que todas as mulheres que estavam ali eram simples prostitutas, que estavam trabalhando por vontade própria. Nessa noite eu não descobri a verdade, apenas me diverti com minhas amigas e Theo. Eu notei que ela era tímida demais para uma profissional do sexo, mas achei que era parte da personalidade dela, não me dei conta de nada.
– Ela não era uma profissional do sexo, ela estava sendo abusada. – Sam a interrompeu rispidamente.
– Eu sei, eu sei que não, mas só descobri isso na minha segunda vez no Circus. Eu… Eu não sei explicar o que aconteceu naquela primeira noite, mas eu gostei mais do que deveria de fazer sexo com ela, não só pelo sexo, mas pela noite em si, eu não parava de pensar nela depois daquela noite. Marquei para alguns dias depois uma noite apenas para mim, queria ficar a sós com ela, e foi uma noite incrível. Antes de ir embora, Theo me contou que estava presa ali, e que queria fugir, eu… – A voz de Michelle embargou. – Eu fui insensível, eu admito. Bom… Eu não dei a importância que deveria ter dado, achei que as coisas não eram tão ruins assim. E pedi que ela não tocasse mais nesse assunto.
Sam desistiu de recriminá-la, apenas permaneceu em silêncio, com um grande nó na garganta.
– E ela nunca mais tocou no assunto. – Michelle finalizou, enxugando rapidamente uma lágrima.
– E quando resolveu fazer algo, ela já havia fugido?
– Na verdade me disseram que ela havia morrido, no comecinho do ano. Três semanas depois meu marido faleceu, foi um janeiro horrível.
Sam tamborilou os dedos sobre seu jeans, pensativa.
– Sábado à tarde.
– O que?
– Theo não tem nenhuma terapia sábado à tarde, é o dia mais tranquilo para ela, apareça na nossa casa.
– Sábado está ótimo. – Michelle respondeu com um sorriso.
– Não prometo que ela lhe receberá, mas conversarei com ela.
– Tudo bem, estarei lá. Ela está se alimentando? Posso levar algo, um chocolate?
– Não, nada de chocolate. Nem seus outros presentes, Theo não pode usar drogas nem ler.
– Ela não pode ler?
– A cegaram no Circus, você não fez nenhum programa depois disso?
– Não, eu… Meu Deus, a cegaram? Acho que a última vez que a vi foi no início de dezembro, deve ter sido depois.
– Ok, agora você já sabe de mais uma atrocidade que poderia ter evitado.
– Não precisa insistir, já me culpo o suficiente.
Sam levantou, e lhe estendeu a mão.
– Obrigada pelo endereço e pelo coração, estamos fazendo ótimo uso dele.
– Até sábado.
***
– John, vá brincar lá fora, preciso conversar com Maritza. – Sam entrou no quarto de Maritza ainda naquele dia, à noite.
– Odeio quando me trata como criança… – John resmungou baixinho ao passar por Sam, dando um soquinho em seu ombro.
Sam segurou seu pulso, girou seu braço, e o derrubou no chão, lhe aplicando uma gravata.
– Não me mate!
– Quem é o pirralho? – Sam perguntou, ainda o segurando com força contra o chão.
– Você!
– Quem é o pirralho? – Sam apertou ainda mais.
– Eu! Eu sou o pirralho!
– Ótimo. – E o soltou, rindo.
– Brutamontes!
– Vá logo, bebê chorão.
Sam sentou numa cadeira no canto do quarto, fitando Maritza que estava sentada na cama, emudecida e um tanto arregalada.
– Não precisava disso. – Maritza por fim disse.
– Foi para matar a saudade dos velhos tempos, quando eu importunava ele.
– Ok, você pareceu ter algum assunto sério para tratar.
– E tenho. – Sam ajeitou-se na cadeira, inclinando para frente. – Eu preciso de sua ajuda, é um bom momento para você retribuir o favor que lhe fizemos.
– Eu disse que faço qualquer coisa em agradecimento, você sabe que pode contar comigo.
– Preciso de pessoas de confiança para explodir um cativeiro na Zona Morta.
– O Circus? Você conseguiu a localização?
– Consegui hoje, quero resgatar as meninas na semana que vem, mas preciso de apoio profissional, sei que você tem condições de me ajudar. Topa?
– Me deixe liderar isso, por favor. – Os olhos dela brilhavam.
– Ritz, não podemos falhar, tem vidas em jogo.
– Pela primeira vez na minha vida poderei fazer algo de bom para a humanidade, já que no exército nunca pude fazer nada.
– Ok, soldado, passaremos os próximos dias planejando, a senadora vai arranjar mais algumas pessoas para nos acompanhar. George, nosso segurança mais próximo também vai. Depois que resgatarmos as garotas, vamos trazê-las de volta e colocá-las num primeiro momento no abrigo da ONG da Archer, que acabamos de reinaugurar.
– Eu estive conversando com algumas pessoas na Archer, naqueles dias que você me levou lá, e eu quero participar do instituto, será que permitiriam?
Sam sorriu, satisfeita.
– Sim, e acho que lhe fará muito bem.
***
– Que horas Michelle vem? – Theo perguntou com a voz fraca, estava deitada em sua cama, era quase meio-dia de sábado.
– Não sei, daqui a pouco talvez. – Sam estava sentada na cama, ao seu lado, acariciando seus cabelos. – Hoje é um dos seus dias ruins, acho que deveríamos remarcar a visita dela.
– É, tenho meus dias bons, e meus dias nem tão bons… Hoje não estou me sentindo bem, meu cérebro parece querer desligar, estou com falta de ar.
– Eu vou ligar para a assessora dela.
– Não, deixe ela vir, eu tenho condições de recebê-la, Meg já vai trazer o oxigênio.
– Ok, mas se você sentir algum mal-estar, ou se quiser se livrar dela, basta gesticular que a tiro dessa casa, minha vontade de voar no pescoço dela ainda não passou.
Duas horas depois, Michelle, sua assessora, e três seguranças, adentraram a sala da mansão, Marcy avisou Sam.
– Ela está lá embaixo, onde quer recebê-la? – Sam perguntou a Theo.
– Não quero ir para a cadeira, posso ficar aqui na cama?
Sam a fitou indecisa, sentou ao seu lado, dando um beijo em sua fonte.
– Eu vou dizer que você não está bem, e pedir que volte semana que vem.
– Mande subir.
Sam desceu para a sala, reencontrando a senadora, que hoje parecia mais à vontade, porém um tanto tensa.
– Boa tarde, Sam, é um prazer vê-la novamente. – Michelle estendeu a mão.
– Poupe sua simpatia para os eleitores. Só você vai subir, sua comitiva vai ficar aqui embaixo. E antes de entrar no quarto, eu quero conversar com você a sós, me acompanhe.
Entraram no quarto UTI, do térreo, onde Meg preparava medicamentos.
– Meg, pode os dar licença um minuto?
– Claro, estarei de prontidão no quarto ao lado.
Assim que Meg deixou o quarto, Sam começou a falar de forma dura com Michelle.
– Está vendo esse quarto? É uma UTI domiciliar.
– Theo está aqui? – Michelle olhava para todos os lados.
– Não, não mais, ela já dorme em nosso quarto, lá em cima, mas ela viveu aqui por dois meses, mais dois no hospital, esse agora é o quarto diurno dela, ou quando ela não está bem, como hoje.
– O que aconteceu hoje?
– Nada específico, ela tem dias bons e dias ruins, hoje é um péssimo dia para perturbá-la, mas ela insistiu em te receber mesmo assim. – Sam se aproximou de forma intimidadora. – Não toque no assunto Circus com ela, entendeu?
– Não, eu não tocarei. – A altiva senadora parecia intimidada.
– Aqui não é aquele prostíbulo, você não é cliente dela, então a respeite, a trate com decência, não flerte, não seja obscena, não a deixe desconfortável. Se eu perceber que ela não está à vontade, ou que não está se sentindo bem, arrancarei você do quarto.
Michelle balançou a cabeça com um sorrisinho.
– Você é a guardiã legal dela, certo?
– Por enquanto.
– E está levando isso a sério.
– Eu me importo com ela.
– Vocês namoram, não é?
– Sim.
– Sam, não vou negar que a invejo, que gostaria de estar no seu lugar. No segundo dia do ano, eu tomei finalmente a decisão de tirá-la de lá, meu objetivo era de trazê-la para San Paolo, dar um lugar para ela morar e recomeçar a vida, e se possível, ter um relacionamento. Eu já estava em vias de divórcio e não teria receio em me comprometer com outra pessoa. Não sei quando nem como você surgiu na vida dela, a única coisa que sei é que ela atentou contra a própria vida para te salvar, o que diz muita coisa. Você é o que Theo precisava naquele momento, e eu sei qual meu lugar agora, ficarei feliz em ser um apoio, uma amiga.
– Se ela permitir, se sua presença for algo positivo, tudo bem.
– A situação é outra agora, você precisa entender.
– Eu não tenho a benevolência de Theo, eu nunca vou entender por que você não a ajudou, nem tenho a menor vontade de ver você novamente nessa casa, mas Theo tem autonomia suficiente para tomar decisões.
– Enfim, posso vê-la? – Michele uniu as mãos.
– Venha. Espere. – Sam a segurou pelo ombro. – Ela tem lapsos de memória, esquece o que estava falando, onde está, acontecimentos passados, então seja paciente e delicada. E também está com dificuldades para respirar, então não a faça falar muito.
– Algo mais?
– Seja gentil.
Ao entrar no quarto, acompanhada de Sam, Michelle abriu lentamente um sorriso, e se aproximou devagar.
– Michelle? – Theo percebeu a presença, erguendo-se na cama, sentando recostada em uma pilha de travesseiros.
– Oi, garota. – Hesitou em continuar. – Posso? – Pediu permissão para Sam, para se aproximar.
– Pode sim.
Michelle se aproximou da cama e a abraçou, a pegando de surpresa.
– Como é bom vê-la novamente. – Sentou-se ao seu lado, na cama.
– É bom ouvi-la novamente. – Theo brincou.
– Não mudei muito.
– Mudou.
– Por que acha que mudei?
– Você não me chamou de coloridinha.
Michelle riu.
– Eu não sabia se podia.
– Pode sim, eu achava engraçado.
– Por falar em coloridinha, já fez aquela tatuagem nas costas que você estava planejando?
– Não tive oportunidade ainda, e também agora fica mais difícil escolher e definir o desenho, quem sabe eu faça em braile.
Michelle pousou sua mão por cima da mão de Theo, a fitando om um olhar tenro.
– Senti falta de nossas conversas espirituosas.
– Mas fiz essa. – Theo estendeu o pulso esquerdo, onde era possível ver a lemniscata, a amputação havia sido rente à tatuagem.
– Um símbolo do infinito. – Michelle sorriu. – Minha filha tem um no tornozelo, fez em homenagem ao pai. A sua tem algum significado específico?
– Não, fiz para combinar com a pulseira.
– É mesmo?
– Não, olhe para trás, me descreva a expressão que Sam está fazendo.
– Parece assustada. – Michelle disse.
– Eu vou tomar a pulseira de volta. – Sam brincou, estava sentada no sofá, acompanhando a conversa.
– Você já tem uma, oficial. – Theo respondeu.
– Como uma soldado europeia entrou na sua vida? – Michelle perguntou.
– Ela me achou na noite em que fugi, se não fosse por ela você estaria me visitando em outro lugar agora.
– Eu achei que nunca mais veria você, primeiro me disseram que você havia morrido, depois que estava viva, mas em coma.
– Você não sabia que eu estava acordada?
– Não, eu não sabia.
– Eu te contei isso, mas você deve ter esquecido. – Sam informou.
– É provável. A informação que você é senadora, é verdade? Ou meu cérebro falho inventou?
– É verdade, estou no meu segundo mandato, desculpe por não ter contado antes, bom… Na verdade eu preciso me desculpar por uma série de coisas.
– Do que?
– Tudo o que eu não fiz. – Michelle segurou ainda mais firme sua mão. – Escute, você e Sam terem permitido que eu viesse até aqui foi um gesto nobre, eu agradeço a oportunidade de conversar e pedir desculpas pessoalmente.
– Você tinha condições de me ajudar a fugir de lá, você é uma pessoa influente, teria os recursos para isso.
– Eu sei, foi um misto de egoísmo e covardia, mas uma pequena mancha na vida política pode significar o fim antecipado da carreira, eu tinha medo de acabar com tudo que eu e meu marido conquistamos. – Michelle falava num tom culpado. – Só me resta agora pedir seu perdão e deixar você seguir sua vida em paz, lhe desejando o melhor.
– Mas eu não quero lembrar do que você poderia ter feito, prefiro guardar apenas o lado bom das suas visitas.
– Theo, você não precisa falar sobre isso. – Sam interrompeu.
– Eu não me importo de falar sobre essas partes, eram poucos os bons momentos no Circus, e abrir a porta do quarto e encontrar Michelle era muito bom. – Theo deu um sorrisinho torto.
– Espero que não apenas pelos presentes. – Michelle brincou.
– Você era minha noite de folga, e você não faz ideia do valor de uma noite de folga naquele lugar, eu conseguia até dormir.
– Eu gostava de ver você dormindo.
Sam tossiu alto, de propósito.
– E você me acordava de uma forma um tanto inusitada. – Ambas riram.
– É, digamos que sim.
– Mas vamos mudar de assunto porque não quero que a tosse de Sam piore. – Theo riu.
– Eu vou deixar vocês à vontade. – Sam disse, levantando do sofá.
– Não precisa, amor, fique.
– Eu vou lá embaixo pedir para Marcy trazer algo para vocês comerem, depois ficarei por perto, se precisar você me chama.
– Venha cá.
– Sim?
– Tire um cochilo, eu te perturbei a noite inteira. – Theo estendeu o braço, a procurando, mas Sam não se aproximou.
– Não, prefiro ficar acordada. – Falou rispidamente.
– Não pretendo me demorar. – Michelle disse.
– Ótimo. – Sam disse, e saiu, as deixando a sós.
Michelle saiu de cima da cama, e sentou na cadeira ao lado.
– Acho que Sam não gostou da brincadeira. – Theo voltou a falar.
– Ela é jovem, ainda aprenderá a lidar com ciúmes.
– Sam não é ciumenta, mas ainda está zangada por você não ter me ajudado.
– Theo, eu tenho o dobro da sua idade, eu reconheço muito bem ciúmes, não é só birra dela, acredite.
– Bom, então ela vai aprender a lidar, como você disse. Eu já tenho problemas demais para vencer, não preciso disso na minha vida.
– Sam é uma garotinha brava.
– Não acho, ela pareceu brava para você? – Theo perguntou com um sorrisinho curioso.
– Parecia um leãozinho te defendendo.
Theo riu.
– Sam está endurecendo, isso é bom.
– Bom?
– É bom que ela endureça, ela não estava preparada para o mundo aqui fora, a família e a igreja a imbecilizaram, o exército a ensinou a cumprir ordens sem questionar, o namorado a tratava como um objeto burro e sem valor, finalmente ela está começando a tomar decisões e andar com as próprias pernas, mas será um caminho longo, ela foi muito subjugada durante toda a vida.
– Então talvez seja bom que ela sinta um pouco de ciúmes agora, deve ser um sentimento novo, provavelmente ela nunca teve o direito de sentir ciúmes.
Theo balançou a cabeça, concordando.
– É verdade, eu não tinha enxergado por esse lado. Sam nunca deve ter sentido ciúmes antes.
– Basta cuidar para que não tome proporções maiores.
– Acho que meu leãozinho não volta tão cedo.
– Ela vai ficar bem.
– Ok, chega de falar de meus dramas. – Theo ajeitou-se nos travesseiros atrás de si. – Como estão seus filhotes? Richard já escolheu o que vai cursar? Ele estava entre direito e psicologia, não era?
– Escolheu filosofia, mas já fala em trocar para medicina.
A conversa estendeu-se até a noite, quando Meg veio ao quarto dar algumas medicações.
– Sam está no escritório? – Theo perguntou.
– Ela saiu à tardinha.
– Disse onde ia?
– Não.
Subjugar: vtd: submeter-se por obediência; sujeitar; refrear; reprimir ou reprimir-se; conter algo, alguém ou si mesmo. Controlar sentimentos, desejos ou vontades.
O que dizer disso tudo?! Não sei exatamente se fico comovida com o arrependimento da Michele ou se pego o pescoço dela e arranco com um alicate. kkkkkk Bom, e concordo que a Theo exagerou um pouco na brincadeira. Acho que deveria respeitar um pouquinho os sentimentos da namorada e tbem respeitar a mágoa dela com a senadora. Ter que ouvir da pessoa que ama que era bom transar com outra não é muito prazeroso. Sinceramente, tentei entender essa tal de Michele, mas não consegui. Caraca, ela deixou a Theo sofrer absurdamente pq teve medo de se ‘sujar’. A Sam mesmo sem conhecer a moça apenas a levou consigo e a protegeu. Complicado!
E chegamos a metade da história, que legal! Só espero que os capítulos que faltam para o término seja de alegria para a nossa menina. Ela já sofreu bastante por mais de 50 capítulos (2121 + Resiliência) e merece um pouco de paz agora.
Eu espero que os sentimentos pela senadora continuem dúbios, ela vai estar sempre naquela sombra do ‘será que é confiável?’. Mas pode apostar que ela quer roubar Theo sim, e aquela conversa foi um tanto desagradável, concordo.
A história não tá na metade não, era só uma brincadeira por ser o capítulo 21, a história tá em uns 75% já.
Nesse resto prometo que Theo vai sofrer bem menos 😉
Brigada, bjinhos.
Tomara que a Sam tenha saído para quebrar uns carros, chutar uns caras, pq eu não gostaria de ficar ouvindo essa conversa, ficaria possessa. Desnecessário Theo, e toda razão para Sam ficar com ciúmes. Não resisti kkkkk tive que comentar, bem que a Sam podia colocar a theo para dormir no sofá.
Menina, você nem imagina o que Sam foi fazer, ela vai revelar no capítulo 30.
Theo não tem muito tato para essas coisas, ela tem uma mente meio polígama… rs
Apareça mais vezes, Patricia! Brigada, bjinhos.
Tá certo!!! compreendi a mente polígama dela em alguns capítulos atrás.
Mas Sam, como você é toda fofinha, uma gracinha. rsrs só ela mesmo para ir atras de um agrado para a amada enquanto a outra está lá.
Mas gostaria mesmo que ela tivesse quebrado uns carros.
D+ essa garota 😛
theo pisou na bola falar como gostava de ficar com a outra na frente da sam ainda mas a Michele que foi sacana com ela .não confio nada nessa senadora acho que ela ainda vai aprontar com o casal e o mike que anda sumido tenho ate medo de quando aparecer . quanto a John e maritza confesso que fiquei supresa dela ficar com alguém tao rápido mas me pergunto o casal vai vingar e a pauline vai reaparecer?
Theo pisou na bola mesmo, faltou um pouquinho de respeito ali.
Olha, eu tb não confio muito nessa senadora… O casal Maritza & John por enquanto tá dando certo, depois já não garanto… rs
Pauline está de volta sim 😉
Bjinhos!