2121 – Capítulo 21

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Capítulo 21 – Fosfenos

 

– Até que enfim. – Finalmente Theo respondeu, abrindo um meio sorriso forçado.

– Ele conseguiu a licença. – Sam falava num tom normal, ainda trajando apenas a toalha branca.

– Vai ser uma ajuda importante para nós, além disso você terá seu noivinho ao seu lado novamente, a companhia de alguém que você confia e se sente confortável, vai ter seu porto seguro por perto. Isso vai lhe fazer bem, de várias formas.

– É… – Sam abriu um sorriso. – Estou morrendo de saudades dele, nunca nos afastamos por tanto tempo. Não acredito que vou vê-lo amanhã. – Animava-se.

– Você me disse que ele é um bom estrategista, será bom ter um cérebro a mais pensando. – Theo procurava sua bolsa pelo quarto.

– Sim, ele lidera o pelotão já há algum tempo, tem boa visão tática. – Sam vestia-se. – Está em cima da mesa.

– Ah, obrigada, na mesa assassina.

Theo guardava algumas coisas em sua bolsa enquanto Sam usava o banheiro.

– Ele vai conosco procurar o depósito em Madre de Dios amanhã? – Theo perguntou, em voz alta.

– Não, nós vamos encontrá-lo à noite, num hotel em Cusco. – Sam falou de dentro do banheiro, escovando os dentes.

– O que?

Sam cuspiu e repetiu.

– Vamos encontrá-lo à noite num hotel em Cusco.

– Tomara que ele vá com a minha cara.

– Vai sim, falei bem de você.

– Ainda bem que terei outra companhia, não aguento mais suas piadas.

Sam riu.

– Mike não é muito de piadas, ele faz mais a linha homem sério e responsável.

Assim que Sam saiu do banheiro, Theo entrou.

– Onde está a nécessaire? – Theo tateava a pia e o vaso.

– Não está na pia?

– Não, não está.

– Ah, acho que caiu no chão. – Sam terminava de ajeitar a cama.

Theo abaixou-se, batendo com a testa na borda da pia. Permaneceu curvada, com a mão sobre o local e com feições doloridas, se recuperando da pancada.

– Achou?

– Achei. – Resmungou, abaixou-se novamente, agora devagar e com cuidado, juntando a pequena bolsa.

– Theo, acho que nem preciso dizer o quanto você deve ser cuidadosa com o que fala na presença de Mike, ele não pode saber o que aconteceu entre nós, absolutamente nada, nem sobre as conversas que tivemos.

– Eu sei. – Theo balbuciou, de dentro do banheiro.

– Tenha cuidado com o que falar, não quero que pareça que temos alguma intimidade, Mike não pode suspeitar de nada, não posso colocar meu noivado em risco, compreendido?

– Totalmente, oficial.

– Não me chame de oficial na frente dele, não se refira a mim de forma informal ou carinhosa. Também não fale da sua orientação sexual, nem sobre suas ideias feministas e anárquicas, Mike é ainda mais conservador que eu.

– Anárquicas?

– Você entendeu.

– Mais alguma coisa?

– Tente usar manga comprida ou casaco, não quero que Mike veja suas tatuagens, ele odeia tatuagens. – Sam disse, já deitada.

Theo saiu em silêncio do banheiro, guardou a pequena bolsa e seguiu para a outra cama.

– Onde você vai? – Sam indagou, sem entender.

– Dormir. – Theo respondeu de forma displicente.

– Na outra cama? – Sam ergueu-se, apoiando-se nos cotovelos.

– Sim, na minha cama.

– Por que?

– Não é bom ter mais espaço para dormir? – Theo ajeitava a roupa de cama.

Sam não respondeu, Theo terminou de arrumar a cama.

– O acordo terminou, Sam. – Disse incomodada, ainda de pé.

– Por que não finalizamos amanhã?

Theo gesticulou com impaciência.

– Porque… Porque não, porque é assim que eu quero e pronto.

– Que diferença faz?

– Exato! Que diferença faz algumas horas a mais ou a menos? Sua vida normal bateu à sua porta, não se deu conta?

– Eu só queria passar a noite com você, era só isso. – Sam resmungou.

– Já cumpri meu papel de conforto, já aliviei suas tensões, não está satisfeita? O que você quer mais? Quer sexo? Quer uma despedida? Ok, tire a roupa.

– O que eu poderia esperar de você, não é mesmo?

Theo soltou um suspiro enfurecido, e deitou na cama à sua frente. Alguns segundos depois Sam voltou a deitar, virando para o outro lado.

***

Quase duas horas depois Sam acordou, percebeu na outra cama Theo encolhida, enrolada no cobertor e virada para o outro lado, parecia tremer. Sentou-se, tentando vê-la, esgueirou-se mas não conseguiu ver nada.

Saiu de sua cama e sentou-se ao seu lado, inclinando-se sobre ela e a observando. Quando pousou a mão em sua testa, Theo retraiu-se.

– Calma, sou eu.

– O que foi?

– Theo, o que você tem? – Sam constatou que havia algo errado.

– Só estou com frio. – Theo tremia o queixo.

– Você está ardendo em febre.

– Sua mão que é quente.

Sam tateou a calça instintivamente, tomou seu comunicador ao lado da sua cama e apontou para Theo.

– 38,6, isso é febre, você está mais quente que eu.

– Deve ser algum resfriado.

Sam a fitou com as sobrancelhas baixadas por um instante, então delicadamente baixou seu cobertor, tomando seu braço.

– É por causa da tatuagem, parece que tem uma almôndega no seu pulso, está péssimo.

– Já disse que adoro sua delicadeza?

– Como você tatuou os braços e não morreu?

Theo virou-se para cima, ainda tremendo.

– Eu tomava os remédios para aumentar minha imunidade. Mas tem dois anos que não tomo.

– Você não deveria ter se tatuado.

– Eu não sabia que eu estava tão ruim assim. Mas amanhã isso deve desinchar, estarei melhor. Pode dormir.

Sam saiu da cama, voltou logo em seguida, sentando-se novamente ao seu lado.

– Abra a boca. – Sam ordenou.

– O que é?

– Abra.

Theo abriu a boca e Sam colocou um comprimido.

– Beba.

Sam ergueu sua cabeça e colocou um copo d’água em sua boca, a ajudando a beber.

– Isso deve baixar sua febre por enquanto. Me dê seu braço. – Sam buscou o braço esquerdo de Theo.

– O que vai fazer?

– Vou passar uma pomada para cicatrizar, essa é mais forte, deve ser mais eficiente.

– É aquela nova você tem passado na minha mão?

– É sim. – Sam falava já espalhando a pomada pelo pulso.

– É uma boa pomada.

– Eu sei. Pronto, acho que você vai conseguir dormir melhor agora.

Quando Sam soltou seu braço, Theo segurou sua mão e virou-se para o lado de fora, a trazendo para perto, para suas costas.

– Durma comigo. – Theo murmurou.

Sam não hesitou, cobriu ambas com o cobertor e encaixou-se prontamente, com seu braço por cima.

Quando inclinou a cabeça para dar um beijo em sua têmpora, percebeu uma elevação em sua testa.

– O que foi isso? – Sam disse, deslizando dois dedos pelo local.

– Bati na pia.

– Espero que não me acusem de violência doméstica de novo.

A risada de Theo encerrou aquela noite de altos e baixos.

***

– Por que está me ligando tão cedo, Lindsay? – Sam sentou-se na cama, falava com sua irmã coçando os olhos, sonolenta.

– Eu acabei de receber a notícia! Que benção!

– Do que você está falando?

– Mike, ele me disse que está indo encontrar-se com você. Minhas preces foram ouvidas, essa pouca vergonha vai finalmente acabar.

Sam surpreendeu-se com uma presença às suas costas, Theo erguia sua camisa, subindo beijos lentamente. Olhou para trás com um sorriso surpreso, quase esquecendo da ligação.

– O que você está fazendo? – Sam sussurrou.

– Samantha? Está me ouvindo? – Lynn voltou a falar.

– Sim, desculpe, estou ouvindo.

– Avise essa garota para não se aproximar de você, e não falar nenhuma besteira na frente de Mike.

– Já avisei, está tudo sob controle.

– Eu orei tanto por você e por Mike, para que finalmente vocês estivessem juntos nessa cruzada, meu coração está mais tranquilo agora, sabendo que você voltou para sua vida decente, e que você está sob a proteção de um bom homem.

– Sim. – Sam retraia-se com os beijos e mãos que deslizavam por suas costas, lhe trazendo arrepios.

– Não permita mais que ela toque em você, mantenha-se pura para receber seu noivo. Quando tiver um tempo hoje, faça suas orações pedindo purificação e perdão por essas coisas que você vem fazendo, limpe sua alma e seu coração perante Deus.

– Eu entendi, Lynn.

– Ela não encostou em você hoje, encostou?

– Não, não encostou. – Sam respondeu com um riso abafado, ao receber um beijo no pescoço.

– Te acordei mais cedo justamente para te alertar sobre essas coisas, e para que você tenha tempo para suas orações de penitência.

– Obrigada, mana, te ligo depois, ok?

Sam desligou o aparelho e o atirou no criado mudo ao seu lado. Virou-se, fitando Theo com um quase sorriso malicioso.

– O que você pensa que está fazendo? – Sam indagou.

– Não encostando em você.

Sam correu as mãos ao redor da cabeça de Theo, segurando com firmeza, e a beijando. Em segundos já colocava Theo deitada e projetava-se por cima dela.

 

Uma hora e duas camas bagunçadas depois, Sam aproveitava ao máximo a presença de Theo aconchegada pacificamente em seu peito. Com os lábios repousados em sua testa, desenhava lemniscatas em suas costas nuas.

Aquela sensação de conforto, experimentada uma dúzia de vezes nos últimos dias, era nova, era como se Sam tivesse descoberto um sétimo sentido.

– Sua febre voltou. – Sam murmurou.

– Talvez. – Theo respondeu após um suspiro.

– Mas a vermelhidão está menor, agora parece apenas um bife mal passado. – Sam disse, segurando seu pulso.

– Isso deveria me deixar tranquila, certo?

– Você vai sobreviver.

– Como está a sua?

– Quase normal.

– Achei. – Theo deslizava sua mão sobre o trecho tatuado. – Queria poder ver sua tatuagem, ver de verdade.

– Um dia verá… Sua visão não tem melhorado?

– Não. Na verdade acho que piorou…

– Não percebe mais a claridade? – Sam disse, a fitando.

– Percebo, mas não vejo mais os fosfenos.

– O que são fosfenos?

– Essas luzes e estrelas que enxergamos quando esfregamos os olhos com força, já viu?

– Já… Já vi. – Sam se dava conta. – Não sabia que tinha nome.

Theo apertou um olho com a mão, testando.

– Nada.

– Antes você via isso? – Sam perguntou.

– Sim, de uns dias para cá parou de funcionar, acho que não é bom sinal… – Theo estava com um raro tom triste na voz.

– Enquanto isso eu serei seus olhos, ok?

– E ainda tenho os dedos. – Theo disse voltando a deslizar sua mão por cima da tatuagem nas costelas de Sam.

– Meu Deus… Mike vai ficar possesso quando ver essa tatuagem… – Sam resmungou.

– Por que? Foi no corpo dele por acaso? Seu corpo, suas escolhas.

– Não é tão simples assim, sempre concordamos que isso não era uma coisa legal, é uma das coisas mundanas que devemos manter distância.

– Eu acho legal. E adoro coisas mundanas. – Theo retrucou, com um sorrisinho jocoso.

– Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.

– Bíblia, certo? Levíticos?

– João.

– Você decorou a bíblia ou só as passagens convenientes?

– Algumas passagens importantes.

– Convenientes.

– Importantes. – Sam insistia.

– Ok, deixemos as discussões bíblicas para um momento mais apropriado, tenho certeza que Mike vai adorar conversar sobre as contradições bíblicas comigo.

– Não faça isso, ok? Não o afronte. – Sam respondeu assustada.

– Relaxa, esse é nosso último momento de intimidade e liberdade, me tornarei uma pessoa alienada e sem opiniões dentro de algumas horas. – Theo finalizou e levantou-se, dirigindo-se nua até o banheiro.

Da cama, Sam acompanhou Theo, que fechou a porta. Esfregou as mãos pelo rosto, com a cabeça explodindo em confusão. Depois de algum tempo vestiu-se e entrou no banheiro, escovava os dentes quando o box se abriu de supetão, o chuveiro ainda estava ligado.

– Você está aí? – Theo apareceu na porta do box.

– Sim. – Sam guardava sua escova.

– Me estenda sua mão.

Sam hesitou, mas estendeu sua mão na direção de Theo, que prontamente a tomou, puxando Sam para dentro do box.

– Eu estou vestida! – Sam reclamou, já sendo molhada pelo chuveiro.

– Me responda uma coisa. – Theo disse, trazia um semblante sério, quase revoltado, e segurava Sam contra a parede.

– O que? – Balbuciou atordoada.

– Por que você tem medo de Mike?

– Eu não tenho medo dele, tenho respeito.

– Mentira. Eu acompanho suas ligações há… 25 dias. São 25 dias ouvindo a destemida tenente Samantha Cooper parecendo uma dona de casa submissa de dois séculos atrás quando fala com o noivo.

– Você não entende nada nisso, é assim que funciona um casal de verdade, eu respeito meu noivo.

– Teme seu noivo.

Sam a fitava boquiaberta.

– Por que você está fazendo isso?

– Porque eu me importo com você!

– Se realmente se importasse, não estaria se metendo no meu relacionamento. – Fulminou.

Theo diminuiu sua respiração ofegante, soltando os ombros de Sam.

– Desculpe pelo segundo banho. – Theo disse em voz baixa, saindo do box.

***

Chegaram à Madre de Dios próximo do meio-dia, a cidade era na verdade uma grande reserva natural, umas das poucas ainda semi intactas e protegida por órgãos federais. Havia apenas um vilarejo de ruas poeirentas, com casas simples e um pequeno comércio no decorrer da rua principal.

Todos no posto de recarga foram solícitos explicando onde ficava a ponte vermelha que procuravam, mas nenhum soube responder o que havia além desta ponte.

– Acho que não tem nada, apenas minas de ouro abandonadas, talvez alguma plantação. – O senhor que cuidava do caixa respondeu educadamente.

Quase uma hora sacolejando por uma estrada de terra estreita, com trechos parcialmente tomados pela vegetação, finalmente encontraram a ponte vermelha, uma grande ponte pênsil em péssimo estado de conservação.

– Ainda sabe rezar? – Sam perguntou, com o carro parado diante da ponte.

– Se os caminhões passam por aí transportando o estoque de Beta-E, você também consegue.

– Me contento com um Pai Nosso. – Sam falou já acelerando o carro.

Sam dirigia com atenção, o veículo azul seguia devagar, a ponte fazia um barulho metálico constante.

– Prontinho, ninguém caiu no rio e virou refeição de piranhas. – Theo disse.

– Tem piranhas aqui?

– Prefiro continuar sem ter certeza.

Do outro lado, a estrada era ainda mais estreita e quase tomada pelo mato rasteiro.

– Acaba aqui. – Sam dizia, olhando para os lados, alguns minutos depois.

– E agora?

– Não sei, não vejo nada ao redor, apenas mato e mato.

– Saia do carro e procure marcas de pneus.

– Ok.

Sam voltou rapidamente para o carro.

– Achei, tem marcas de grandes pneus à esquerda, parecem ir na direção de um bambuzal mais à frente.

– Ótimo, vamos para o bambuzal.

Ao ultrapassaram um corredor de bambus, Sam enxergou uma grande construção de paredes e telhado verdes, parecia um galpão comprido e camuflado.

– Verde? Sério?

– Deve ser para confundir as imagens aéreas. – Sam respondeu, parando o carro em frente.

Já de pé do lado de fora, Sam constatava que não haviam portas por ali.

– Vamos até os fundos, deve ter alguma entrada por lá. – Sam conduzia Theo pela lateral da construção, que era extensa.

Ao chegarem no final, antes que pudessem fazer a curva, foram abordadas por dois seguranças de roupas militares, empunhando escopetas elétricas.

– Estão perdidas?

– Na verdade estamos procurando o responsável por este galpão.

– Não tem nada aqui. – Respondeu rispidamente.

– Mas quem é o responsável? Eu gostaria de falar com alguém sobre o material armazenado aí dentro. – Sam conversava respeitosamente.

– Já falei que não tem nada aqui dentro, voltem para a cidade. – O grande homem dizia empunhando a arma, de forma altiva.

– Então vocês não estão sabendo do vazamento tóxico que monitoramos de nossos laboratórios de Gracias a Dios? – Theo entrou na conversa.

– Vazamento tóxico? – Os grandalhões se entreolharam assustados.

– Dr. Fabian nos mandou aqui para verificar o vazamento, se irá colocar em risco a população da cidade, ou se é de pequeno porte.

– Mas… Dr. Fabian não nos avisou nada.

– Ele não conseguiu contato com vocês, por isso nos mandou aqui para uma análise preliminar.

– E vocês querem entrar aí, com esse vazamento?

– Moça, nós estamos correndo algum risco? – O outro soldado finalmente se manifestava, apavorado.

– Só saberemos depois de analisar a extensão do vazamento. – Theo dizia com segurança.

– Não seria melhor colocar robôs para fazer essa verificação? – O grandalhão voltou a perguntar.

– Não precisa, será uma verificação rápida. Theresa, vá até o carro e busque nossas máscaras. – Theo deu a ordem à Sam.

– Ãhn, estou indo.

Segundos depois Sam apareceu com as máscaras respiratórias que usaram ao atravessar a zona morta.

– Pronto. – Sam terminava de ajeitar a máscara em Theo. – Onde fica a entrada?

Os dois homens a conduziram até uma pequena porta metálica mais ao canto, a abrindo.

– Nós vamos esperar aqui fora, ok? – Ele disse, se afastando da porta. O outro já estava longe.

Assim que adentraram o galpão, Sam tirou sua máscara e ajudou Theo a tirar a dela. Olhava espantada as pilhas gigantes de caixas azuis, semelhantes aquela recolhida no centro de saúde de Rosarito.

– Não podemos demorar, então procure logo algum escritório ou alguma sala de controle. – Theo orientava.

– Tem milhares de caixas azuis aqui, Theo. Milhares! Preciso abrir uma delas, fique aqui.

Algum barulho depois, Sam retornou de mãos abanando.

– E aí? – Theo perguntava, curiosa.

– As caixas são de algum metal espesso, e estão lacradas, não consegui abrir. Vamos procurar algum escritório.

Tomou Theo pela mão e circulava rapidamente pela extensão do galpão, em todos os compartimentos apenas encontravam mais pilhas das caixas.

– Essa viagem não pode ter sido em vão, tem toneladas de Beta-E ao nosso redor e não temos informação alguma! – Sam dizia, atônita.

– E não duvido nada que eles não estejam ligando para Gracias a Dios para tirar essa história a limpo.

– Nossa, é mesmo… Temos que sair logo.

– Não tem nada além disso por aqui.

– Tem que ter algo, procure mais.

– Fique aqui.

Sam andava de um lado para outro, entrava e saia de grandes espaços, até encontra rum banheiro, era sujo e com lixo espalhado pelo chão, o cheiro era forte.

Subiu a máscara, por causa do forte odor, remexeu o lixo espalhado no chão, na maior parte papel higiênico sujo e embalagens com restos de comida. Sentiu uma ânsia de vômito, mas continuou mexendo no lixo no chão e nas pilhas acumuladas nos cantos, até achar um papel que lhe despertou a atenção. Enfiou no bolso, baixou a máscara, e saiu rapidamente daquele ambiente fétido, indo de encontro a Theo.

– Vamos, segure no meu braço, não pegue na minha mão. – Sam disse, já levando Theo para fora do galpão.

– Achou algo?

– Talvez, temos que sair.

Assim que viram a luz do dia novamente, os dois seguranças aproximaram-se, com as armas baixadas.

– E então? Tem vazamento?

– Alarme falso, os sensores devem ter captado algum vazamento no banheiro. – Sam respondeu.

– Ótimo, ótimo. – Ele respondeu, com semblante de alívio. – Juan está numa ligação com o laboratório em Gracias a Dios, querem que ele informe que o alarme é falso?

Sam percebeu o outro homem mais afastado, com o comunicador em mãos.

– Não precisa, eu vou ligar daqui a pouco esclarecendo tudo. Temos que ir, estamos com pressa. – Sam já caminhava na direção do carro.

– Hey! Vocês! – O soldado guardou o comunicador olhando na direção delas.

– Obrigada pela cooperação, tenham um bom dia. – Sam e Theo andavam com passos apressados para frente do galpão.

– Esperem! – Ele bradou, e andava na direção delas.

– Anda! Entra! – Sam empurrou Theo para dentro da caminhonete e correu para seu lado, pulando para o volante.

– Parem agora ou eu atiro!

Foi a última coisa que ouviram antes de sair em disparada pela trilha esburacada. Theo ergue-se do chão com dificuldade, sentando-se no banco, sem entender direito o que acontecia.

– Abaixe-se! – Sam empurrou a cabeça de Theo para baixo, ao ouvir tiros sendo disparados.

Um dos tiros perfurou o vidro traseiro, mas não o estilhaçou.

– Mais rápido! – Theo pedia.

– Estou indo o mais rápido que posso nessa estradinha! Droga, a ponte!

Passaram em velocidade pela ponte pênsil envelhecida, fazendo um estrondo ensurdecedor. Theo ergueu-se novamente, já estavam em relativa segurança.

– Estão vindo atrás de nós?

– Não. – Sam olhava as telas no painel. – Esses filhos da mãe furaram meu carro!

– Melhor que furar você.

– Você está bem? Se machucou quando te atirei pra dentro do carro?

– Algo aconteceu com meu joelho, mas depois vejo isso. Encontrou algo lá?

– Talvez. Minha mão está um nojo, preciso lavar.

– Por que?

– Não queira saber.

Ao chegarem ao vilarejo, estacionaram o carro atrás do posto de recarga e usaram o banheiro do local.

– E então, vamos agora para Cusco, para encontrar Mike? – Theo perguntou ao entrar no carro.

– Vamos, mas antes preciso ver que papel é esse que encontrei no chão do banheiro. – Sam disse já dentro do carro.

– Ah, entendi porque você precisava lavar as mãos…

Sam retirou o papel amassado do bolso da jaqueta marrom, releu algumas vezes, tentando identificar o que era aquilo.

– E então?

– É uma confirmação de entrega.

– De que?

– De oitenta rolos de papel higiênico.

– Aqueles seguranças se sujam bastante…

Um sorriso crescia nos lábios de Sam.

– Theo… Posso estar enganada, mas é bem provável que tenhamos encontrado a empresa que fabrica o Beta-E.

– Como assim?

– Aqui tem o nome da empresa que comprou esse papel higiênico.

– Qual é o nome?

– Archer biotecnologia.

– Tem certeza? – Theo perguntou com um semblante assombrado.

– Sim, conhece?

– Já ouvi falar… – Gaguejou.

– O que você ouviu falar? – Sam a olhava com desconfiança.

– É uma empresa brasileira que atua em vários segmentos de biotecnologia e engenharia bioquímica.

– Então é essa a empresa que procuramos! – Sam dizia animada.

– É bem provável… – Theo ainda parecia chocada com a notícia.

– Theo, você sabe algo mais e não está me contando?

– Não… – Theo esfregava o pulso esquerdo.

– O que mais você sabe sobre eles?

– Eles têm fábricas e laboratórios espalhados por toda a América, mas a sede fica em San Paolo.

– Acharemos fácil então. O que eles fazem?

– São vários segmentos, como falei. Atuam principalmente no ramo farmacêutico.

– Bingo! Achamos, nós achamos! Vamos para San Paolo direto, não vamos para Salvador então.

– Não há laboratórios em San Paolo, lá é a sede administrativa. E não sei onde ficam os laboratórios, mas pense comigo, o Beta-E não deve ser produzido num dos laboratórios oficiais da empresa, não acha?

– Ok, deixe eu pensar de forma racional, é que estou empolgada, estamos tão perto de conseguir. – Sam ainda sorria.

– Duvido que isso seja fabricado em San Paolo.

– Como conheceu essa empresa?

– O Grupo Archer é o maior grupo farmacêutico da Nova Capital.

– Eu não conhecia.

– Porque você viveu esse tempo todo na bolha do exército da Europa.

– Por que você está mal humorada? Acabamos de fazer uma descoberta incrível.

– Não estou mal humorada, só estou… Surpresa, nunca imaginei que essa empresa tivesse ligação com essas coisas. – Theo continuava transtornada.

– Ok, vou fazer uma pesquisa sobre esse tal grupo. – Sam pegou o comunicador e leu algumas coisas a respeito.

– É, realmente é um grupo enorme, são poderosos nesse ramo. Bla bla bla, sede: San Paolo, Brasil. Presidente: Benjamin Archer. E tem dezenas de endereços aqui, como você disse, espalhados por toda América…

– Estamos no caminho certo, mas ainda acho que o cara em Salvador pode ter informações mais precisas, não temos tempo para visitar estas dezenas de endereços, e provavelmente o que procuramos não está em nenhum deles. – Theo falava num tom sério.

– Então acha que de Cusco devemos seguir para Salvador?

– Acho.

Sam ficou pensativa por alguns instantes, tamborilando os dedos no volante.

– Você tem razão, vamos encontrar o tal Igor na Baia. – Sam deu a partida no carro.

 

Dirigiram por toda a tarde, Theo continuava séria, de poucas palavras.

Pouco antes de chegarem à Cusco, pararam o carro para usar o banheiro em um centro comercial, Theo voltou do banheiro e recostou-se na lateral do carro, logo em seguida Sam surgiu, mudando seu percurso, desistiu de ir para a porta do motorista e dirigiu-se para próximo de Theo, do outro lado.

– Você está mais quieta do que o normal. – Sam a abordou, à sua frente.

– Ãhn? – Theo despertou.

– Você está bem? Está com febre? Você está quente. – Colocou a mão em sua testa.

– Ah, estou bem. – Theo respondia com confusão, de braços cruzados, com as costas na lataria.

– É por causa de Mike?

– Quem?

– Mike, estamos indo para o hotel agora, encontrá-lo, lembra?

– Lembro, mas não, é só… São tantas informações, só estou tentando assimilar tudo, apenas isso.

Sam aproximou-se mais, falava agora com uma voz cuidadosa.

– Eu já conheço você, tem algo a perturbando. Quer conversar?

– Sobre o que? – Theo franzia a testa.

– Não sei, você parece meio… Distante.

– Está tudo bem, eu já falei.

Sam tomou sua mão, a assustando.

– Hey, eu ainda estou aqui. – Sam disse com uma voz calma. – Eu não irei descartá-la porque Mike chegou, continuarei por perto, cuidando de você.

Theo apenas sacudiu a cabeça rapidamente, concordando. Sam continuou.

– Eu gostei de estar com você, não estou mais me sentindo culpada porque sei que foi uma fase da nossa amizade, uma fase estranha, admito, mas uma fase boa. Eu faria tudo de novo, e pode ter certeza que levarei isso para sempre.

– Sam, não. Pare com isso. Sério. – Theo gesticulou incomodada, soltando sua mão.

– Você não foi uma válvula de escape, não quero que se sinta dessa forma, como se eu tivesse te usado como um dos seus clientes.

– Meu Deus, você está piorando a situação, eu só quero ficar quieta, podemos apenas seguir viagem?

Cabisbaixa, Sam permaneceu em silêncio, procurando as palavras certas.

– Vamos voltar para a estrada então. – Sam resmungou.

– Destrave o carro. – Theo tentou abrir a porta, sem sucesso.

– Theo, espera, eu queria… Seria muita idiotice da minha parte pedir um último beijo, não seria? – Sam acabou falando.

– Seria.

Sam balançou a cabeça.

– Porque você sabe que não precisa pedir. – Theo completou segundos depois.

Estampando um sorrisinho, Sam a abraçou e a beijou, recostadas no carro. Sam a beijava como se degustasse das últimas gotas de uma bebida rara.

Foram interrompidas algum tempo depois por assobios.

– Você me beijou em público… – Sam disse, sem jeito.

– Eu??

 

– Está ansiosa? – Theo perguntou, já na estrada.

– Por causa da vinda de Mike?

– Sim.

– Bastante. – Sam sorriu de lado. – Sabe, é como se estivesse faltando uma parte de mim, durante esse tempo todo, e agora finalmente estarei completa.

– Com o tempo os casais acabam se fundindo num só, você enxerga um no outro, e vice-versa. – Theo refletia, com um semblante pacífico, conformado.

– Já somos um só há muito tempo, ele me conhece como ninguém mais poderia me conhecer, foi difícil ficar esse tempo longe dele.

– Nunca ficaram tanto tempo separados?

– Não, nunca. Desde os meus quinze anos que o tenho ao meu lado. Na verdade ano passado ficamos dez dias afastados, ele voltou às pressas para Kent, para resolver problemas familiares. Foi o máximo que ficamos longe, e quase morri de saudades.

Theo franziu a testa, assimilando.

– E levou séculos para ele conseguir essa licença também?

– Não, saiu rápido, mas deve ser porque era uma licença curta, de apenas dez dias. E depende também das atividades em que ele está participando, desta vez não estavam encontrando ninguém para substitui-lo, ele comanda um pelotão, não é fácil encontrar alguém com a experiência dele.

– É, eu imagino… O que ele foi fazer em casa no ano passado?

– Ah, foi apaziguar um problema na família, crise no casamento dos pais e tal.

– E deu tudo certo?

– Deu sim. – Sam olhou de relance para Theo, antes de continuar a conversa, num tom confessional. – A mãe dele descobriu que o pai tinha uma amante, coisa de anos, ela ficou uma fera, queria o divórcio.

– E conseguiu?

– Graças a Deus não, terminou tudo bem, Mike conversou com a mãe, o pai dele pediu perdão, prometeu terminar tudo com a outra mulher, e que isso não se repetiria. Ela o perdoou, e refez a programação bioquímica.

– Que história deprimente. – Theo falava com pesar.

– Não é deprimente, no final tudo acabou bem, a família continua unida.

– É aviltante.

Meia hora depois estacionavam o carro no suntuoso hotel onde Mike aguardava.

 

Fosfenos: s.m.: Impressão luminosa causada pela compressão do olho, com as pálpebras cerradas.

Ler capítulo 22

51 comentários Adicione o seu
  1. Theo, Theo… o que você esconde?
    Esse cap me deixou ainda mais intrigada.

    Aguardando o encontro de Mike e Theo! 😉

  2. Muitoo bomm o capítulo! !
    Pra Theo ter ficado desse jeito com a news essa empresa deve sse importante pra ela..sSerá a empresa do pai dela? Ou tem alguma ligação com o lugar onde trabalhava?
    Sam ja ficando toda cheia de dedos por causa de Mike…TTheo vai conhecer a outra parte de Sam agora..e como será q Mike vai receber Theo???
    Até dia 11 então! !Beiijos

    1. Também pensei que tem algo a ver com o pai de Theo!

      Fiquei com um sentimento estranho quando Mike foi carinhoso ao comunicador, quem sabe tenha a ver com a programação química dele, mas quem sabe ele esteja sem a programação química com outros planos, mas acho que é muita viagem da minha mente, o que o exército da Europa teria a ver com isso que acontece na nova capital?…rs

        1. Você diz essa do Deviantart que você comentou? Ainda não…rsrs, mas é bem capaz que eu leia agora 🙂

          1. Não, me refiro ao conto (Esperança Artificial) que escrevi para um coletânea, e que eu resolvi transformar em 2121. Mas se não leu ainda, é melhor que não leia. :p
            Sobre Sunstone, super recomendo que leia, é maravilhosa.

          2. Sobre Sunstone, estou lendo, terminei o capítulo 1 agorinha, estou gostando…rsrsrs

            Quanto ao seu conto, ainda não li, mas acatarei a dica de não ler até o final de 2121, não sou tão curiosa assim, aguardarei pacientemente o desenrolar da saga.

            Serial killer é mais macabro que taxidermista…rsrsrs

          3. Ah que massa que leu Sunstone!
            O tema pode assustar um pouco, mas depois você percebe que a HQ é muito mais que BDSM, é um romance inteligente, muito bem desenvolvido pelo autor, um cara que é muito lésbica ahuahuaha (e eu já disse isso à ele).
            Não leia o conto, apesar de 2121 ter sido bastante modificado da ideia inicial, o conto contém spoilers.
            Tb acho mais macabro, mas acho um assunto bem interessante, pretendo um dia escrever um romance com a temática serial killer.

          4. Pois é, eu estava lendo toda entretida e só depois vi que era um moço o autor, mas é muito bem desenvolvida mesmo, gostei muito, ficarei aguardando a continuação

    2. Pois é, aí tem treta, treta maligna. Será que ela vai começar a contar o que sabe? Será? Será? muhauahuhaa (risada bruxérica)
      Nossa, prepare seu saquinho de vômito, Sam vai ficar um porre, vai formar fila para estapeá-la.
      Mike vai adorar Theo, vão ficar super íntimos, vão trocar receitas e tudo. (já terminou 1º de abril?)
      Besos!

  3. Muito suspeito a reação da Theo diante das novas evidências. Teorizando um pouco, acho que ela possa ter algum tipo de parentesco com Benjamin Archer, filha talvez? Mas acho que realmente o sobrenome dela seja Archer, e seja um membro rebelado da família, a ovelha negra.

  4. Pela reação de Theo essa empresa deve ser da família. Quanto a Mike eu penso que no fim das contas toda essa boa vontade deve ser por algum interesse do exercito e não por amor.

    1. Bom, aquela empresa perturbou Theo mais do que deveria, então nesse mato tem coelho.
      E sobre Mike, no capítulo que postei hoje poderemos ver como ele na verdade é super gente boa. xD

  5. Oi Cris!

    É sério que Theo fez a tatuagem na mesma região onde levou o tiro? ¬¬’ Se o pulso começou a passar por um processo inflamatório, o que dizer da mão? Os vasos sanguíneos que passam por um provavelmente passam pelo outro também… Será que isso tem a ver? Você deve estar pensando “Essa daí está desesperada achando que Theo vai perder a mão, acho que vou dar mais um susto nela…”. Pois é, acredito piamente que você é capaz deste tipo de pensamento maligno. O.o

    Falando em coisas malignas, te prepara para o resto do texto, porque não são elogios. >.<

    Eu queria saber por que a Sam quase não faz perguntas a Theo? O contrário não é verdadeiro. Theo já sabe várias coisas sobre Sam, não tudo, mas algumas coisas bem importantes. Sério, por que a Sam nunca perguntou a Theo como ela foi parar no Circus, nem o que fazia da vida antes disso? E mais recentemente, por que Sam não perguntou a razão de Theo não querer ser tocada? Para esta última eu consigo criar teorias, o fato é recente demais, pode existir insegurança por parte de Sam, enfim… Mas e as outras que mencionei?

    Você não acha que deveria haver razões para um personagem não fazer perguntas/questionamentos óbvios? Qualquer razão… Uma clara falta de oportunidade, medo, evidente falta de inteligência por parte do personagem, etc., etc. Eu não consigo engolir que Sam seja simplesmente desinteressada, principalmente se o assunto for Theo.

    Sabe, eu não gosto muito quando todo o auê da história poderia ter sido solucionado com uma simples conversa, conversa esta que teve várias oportunidades de acontecer ao longo da trama. Lembro de ter tido incômodos desse tipo, só que em escala bem maior, quando estava lendo Amigos de Aluguel… Isso até eu entender e me conformar com o fato de que Alice era uma doida varrida que preferia acreditar e agir de acordo com as hipóteses que a imaginação dela criava. Rsrsrs. [*spoiler* que bom que no final ela cresceu e aprendeu que perguntar é melhor que especular] =P

    Voltando para a história… Quando Theo disse que Sam era a primeira coisa viva que ela suturava, eu no lugar da Sam teria dito "Como assim? Você suturava cadáveres por acaso?". Tudo bem, a cabeça da Sam é diferente da minha, mas essa não é uma informação tão trivial a ponto de se deixar passar… Perguntas fluiriam na cabeça de qualquer um, não? Ou pelo menos foi isso que pensei, mas ninguém perguntou isso nos comentários do capítulo 20. Então, talvez eu esteja errada e esse não seja um caso de falta de questionamento por parte da personagem…

    Enfim, você é quem está com a batata para decidir o que é e o que não é. Isso não quer dizer que eu não possa aproveitar a oportunidade de conversar com a senhora soberana de 2121 e reclamar, perguntar e pedir, né? Ou não? Rsrsrs.

    Um beijo pra você! =)

    PS: Você é a deusa da sua história, mas tem súditas barulhentas e pidonas. Rsrsrs ^_^
    PS2: Lembrei de Percy Jackson, já leu a série? Eu não. Com certeza você já deve ter visto o(s) filme(s), acertei?
    PS3: Eu nem comentei muito o capítulo 21 né? Posso escrever outro comentário?
    PS4: Capítulo 22 ASAP! =D

      1. kkkkkk… Taxi o quê? Essa eu tive que procurar no google! Pensei em legista, mas vai ver ela era uma psicopata que gostava de brincar de dr. Frankstein. =P

        1. Deixa eu te perguntar uma coisa, como você deduziu que a tatuagem era no mesmo braço do tiro? Minha leitura foi desatenta?…rsrsrs

          E veja pelo lado divertido, elas poderiam ser amigas de prótese…Rsrs se bem que a de Sam vem do exército, quem sabe Theo não ganhasse uma mão legal dessas :/

          1. A mão do tiro é a mão esquerda. Eu sei porque lembro de comentar sobre Theo tocar piano com a mão machucada. E neste capítulo, quando Sam foi passar a pomada no pulso de Theo, ela buscou o braço esquerdo.

            Acho que fiquei paranóica com isso… kkkkk Tanto é que mais a frente quando eu li que Theo estava esfregando o pulso esquerdo (provavelmente por estar nervosa com as perguntas de Sam), eu a recriminei bastante … “Para de coçar essa tatuagem, assim você vai piorar!!” =P

            Mas você tem razão, seria divertido as duas serem parceiras de prótese. A de Theo provavelmente seria toda colorida, já pensou? Tatuagens de prótese! =) Só que provavelmente não seria tão avançada quando a prótese de Sam, talvez não tivesse sensibilidade e tal. E portanto eu me pergunto se ela poderia voltar a tocar o piano. Além disso, ela já sofreu demais… Essa Cris é muito psicopata! rsrsrs

          2. Nada passa desapercebido por você, não é Marília? Outra profissão que você se daria bem é continuista de novela, a Globo tá perdendo um talento.
            Outra coisa que tô de cara que você percebeu: Theo esfregando o pulso. Ela já fez isso outras vezes e tem um motivo, mais tarde saberemos.
            Mas voltando ao assunto da falta de perguntas (fiquei encafifada com isso), me dei conta que a leitura que mais tem influenciado 2121 (uma HQ chamada Sunstone), tem a narrativa construída em cima exatamente disso, elas não fazem as perguntas certas, continuam cheias de dúvidas e incertezas, emitindo e recebendo sinais de forma errada, e a bola de neve vai crescendo. Se uma delas tivesse feito algumas perguntas simples, toda a confusão que se desenrola durante o romance teria sido evitada. E percebi que é isso que eu adoro nessa história, ou seja, eu gosto dessa palhaçada de não perguntar hauhauahuha
            Tem para ler aqui (http://shiniez.deviantart.com/), tem que fazer cadastro no Deviantart para poder ver (pq é para maiores de 18). Estava pensando em traduzir a HQ aos poucos, mas cadê o tempo?
            Cara, parem de amputar a menina antes da hora. Psicopata são vocês duas.

        2. Sabe que a princípio eu tinha montado o personagem dela como serial killer? E que só revelaria seus crimes no final. Mas desisti da ideia, é muito difícil ser serial killer e cega.

      2. Eu acho tão macabro taxidermia.
        A princípio, só na segunda parte saberemos porque Theo sabe dar pontos, Letícia nos contará. (baita spoiler, né?)

    1. Vou pedir licença aqui para participar do papo, já puxei cadeira e tudo.
      Então, menina impulsiva, ela não deveria ter se tatuado, muito menos no pulso esquerdo, mas né, paciência. Até poderíamos nos aprofundar nessa atitude, que foi uma forma indireta dela chamar a atenção de Sam e tal, mas vamos colocar a culpa na impulsividade mesmo, até porque Theo é de áries. E também porque essa tatuagem precisa estar no pulso esquerdo por um motivo que veremos mais adiante.
      E prepare-se pq essa mão esquerda vai continuar sofrendo.
      Sei que já falei isso, mas repito: você poderia trabalhar betando histórias, sério. Porque betar é isso, achar incongruências e erros de lógica, um colega escritor betou de leve Amigos de Aluguel, e me apontou uns 20 erros.
      É super pertinente isso que você levantou das perguntas óbvias, para mim é conveniente fazer protagonistas que não costumam questionar porque consigo manter mistério e segredo do que me convém, mas tem momentos em fica inverossímil não perguntar.
      No Amigos de Aluguel eu até justifico um pouco porque a louca da Alice preferia criar teorias próprias para tudo (A mãe dela descobriu mais coisas de Lina em alguns minutos de conversa do que ela em 4 meses), mas concordo que Sam tá deixando passar algumas perguntas que não poderia.
      Não sei se isso compensará de alguma forma, mas a maior parte das perguntas que você citou, Mike irá fazer a Theo em breve (e ela respondeu tudo).
      Com certeza, a batata está nas minhas mãos mas eu ADORO que você ou as outras leitoras me questionem, se uma história real já tem vários pontos de vistas, imagina uma história inventada? Eu deixo passar muitas coisas, e graças à vocês (você principalmente), me dou conta e corrijo. Continue se sentindo completamente a vontade para reclamar, perguntar e pedir. Continue barulhenta.
      Por que lembrou de Percy Jackson? Eu li o primeiro livro e vi o filme (que não tem quase nada a ver com o livro, é lastimável o que fizeram, nem o boné da invisibilidade da Annabeth colocaram no filme). Até gelei quando li esse seu PS, porque o trope principal de 2121 é o mesmo de Percy Jackson, mas é claro que não vou dizer qual é.
      Fique a vontade para recomentar o capítulo 21 e tudo mais o qeu quiser, sinta-se no seu blog.
      Capítulo 22 só quando eu terminar de escrever o 26 (no momento estou finalizando o 25)
      Beijos!

      1. Na minha falta do que fazer, estava relendo umas coisas dos primeiros capitulos e a Theo disse que é de fevereiro então ela não pode ser de Áries, a não ser que já esteja sendo regida pelo ascendente…Rsrs

        1. Cara, vocês são fodas huahuahauh
          Você tem razão, mas é uma pegadinha, vou tentar explicar sem dar spoilers: Theo acha que nasceu em fevereiro.

      2. Ah, por que eu lembrei de Percy Jackson? rsrsrs Só depois que eu reli é que eu me dei conta do quão aleatório o meu PS pareceu, embora na hora pra mim ele parecia fazer o maior sentido. rsrsrs. Não, eu não sei qual é o trope principal do Percy, mas admito que me deu vontade de sair correndo para ler só para ver se descubro qual o trope de 2121 por associação… =P Então.. Acontece que eu tinha te comparado a uma deusa toda poderosa no PS anterior, o que me lembrou dos deuses do Olimpo, que por sua vez me levou a Percy Jackson, provavelmente porque fazia pouco tempo que eu tinha assistido O mar de monstros, filme que tem a “Theo”. Explicado? hehehe… Não liga, minha cabeça é assim mesmo… As associações que eu fiz pra chegar na ideia de que Theo poderia ser a dona do Circus, por exemplo, foram ainda mais longínquas, eu diria até estapafúrdias! rsrs…

        Sobre trabalhar com betagem, acho que vou me candidatar! xD Mas preciso conhecer mais escritores… (Engraçado como essa palavra – beta – já virou verbo, substantivo e adjetivo…xD ). E que bom que você é super receptiva aos nossos comentários, mesmo quando eles têm um tom mais de crítica do que elogio. Infelizmente, nem todo mundo é assim. Existem pessoas mais *sensíveis* e sinceramente meu objetivo nunca é desmotivar um autor a continuar sua obra… Muito pelo contrário. Por pior que o treco seja, só o fato da pessoa estar lá tentando escrever, tentando concretizar uma ideia, já é algo que me alegra. =)

        E já que você quer que eu continue barulhenta, vou te contar mais uma teoria maluca minha… Eu acho que a Lindsey é ou pode vir a ser uma espiã, só não sei se a favor ou contra a Sam…. =P

        Um bj

        1. Meo, vc foi tão longe que eu nunca entenderia por conta própria sua associação com percy jackson ahuahah
          Não vi o filme do mar de monstros ainda pq quero ler o livro primeiro (sinto que irei me decepcionar de novo, mas enfim, a vida segue, fico feliz em saber que não farão mais nenhum filme do percy).
          Super uso beta como verbo, ‘fulano betou tal história’, eu curto neologismos.
          Até tava conversando isso com minha mulher dia desses, que crítica construtiva é muuuuuuito diferente de crítica negativa. Infelizmente as críticas negativas ainda me afetam, já as construtivas me motivam a escrever melhor, estudar mais. Então seu barulho é bem-vindo sim.
          Eu já betei, tentava corrigir de forma tranquila, e também levantar os pontos positivos, não apenas acusando os erros. Escritor é um bicho sensível.
          Sobre sua teoria, eu não costumo confirmar nem desconfirmar as suposições que vocês fazem, mas é inevitável que eu não desconfirme essa, a explicação vem a seguir.
          As vezes eu fico envergonhada com as suposições e teorias que vocês levantam, pq o que eu bolei é bem mais simples do que foi levantado hauhauahau
          Por exemplo, essa sua teoria da Lindsay ser espiã, eu li e coloquei a mão no rosto “meu deus, ela vai ficar tão decepcionada quando souber que Lindsay só é uma dona de casa maluca mesmo”.
          Desculpe o spoiler, mas é que eu precisava contar isso ahuahuahua
          Tipo, to lendo os comentários e alguém supõe algo, e eu penso “nossa, sua ideia é melhor que a minha, vc vai se decepcionar com a verdade”. hauhauhauha
          Mas continuem supondo, a criatividade de vcs sempre me surpreende.
          Ah, e tem as vezes que a pessoa supõe algo e acerta na mosca, fico coçando de vontade de responder “puta que o pariu, é exatamente isso que vai acontecer”, mas tenho que enrolar, disfarçar…

          1. Cris, fiquei agitada quando li esse seu comentário e senti a necessidade de responder o quanto antes.

            Olha só, não se preocupe que sua história não vai me decepcionar. Não tem nem chances de isso acontecer… Primeiro porque eu me sinto à vontade para “reclamar” e você sempre me dá um feedback… Seja pra reconhecer minha reclamação, ou me mostrar um outro lado que eu não tinha enxergado antes, ou mesmo para me corrigir… Qualquer dessas alternativas é válida, apazíguam a inquietude! E mesmo quando o retorno não vem, eu sempre encontro uma resposta (admito que não gosto muito de ter que pegar uma hipótese e transformá-la numa verdade sem ter base para tanto, mas eu já aprendi que não dá pra se ter resposta pra tudo nessa vida… hoje em dia, eu canto “let it go” e tudo passa rsrsrs =P).
            Em segundo lugar, essas teorias malucas são apenas isso. Elas não são expectativas, pelo menos não para mim. O segredo é não se agarrar a elas!! =P Sabe, eu gosto de deixar ideias fluírem sem julgamentos ou censura. Faz bem e, no mínimo, a gente se diverte com os absurdos. ^_^ Você, por outro, quando escreve, tem que considerar muitos outros aspectos. Não dá pra simplesmente fazer surgir um dinossauro em baixo da cama de Mike abocanhando o membro mais precioso dele… Estou ciente disso. o.O
            E em terceiro lugar… Eu li o Esperança Artificial assim que você divulgou. E a história ainda está vívida na minha cabeça. Então, assim, se sua história estiver seguindo o mesmo rumo do conto, eu sei mais ou menos onde vai chegar… E ainda assim estou curtindo MUITO a viagem!! 😉
            Pode acreditar! ;D

            Então, moça, nada de ficar envergonhada.. A simplicidade é na maioria das vezes muito melhor do que coisas complexas… Você como webdesigner deve saber disso. E fazer algo simples é, em geral, mais difícil do que fazer algo complicado, né? =P

            Um beijo!! =)

          2. Sorry, I’m late.
            Tb estou me aperfeiçoando em cantar “let it go” para as coisas que não tenho controle, é libertador.
            Obrigada pelo cuidado de me responder prontamente, me tranquilizando. Eu continuo recebendo suposições complexas e me surpreendendo com vocês, mas já aceito melhor o fato de que às vezes não corresponderei às suposições.
            O dinossauro que vc citou, que poderia aparecer embaixo da cama do Mike, seria fácil colocá-lo lá, mas depois eu teria que dar um jeito de tirar da história, e pior ainda, eu teria que justificar a existência de um dinossauro no ano de 2121. É por aí, eu adoro improvisar coisas que não estavam planejadas, mas preciso fazer isso de forma responsável.
            Tem um post it colado na minha parede escrito “E se…”, que serve para me desafiar a criar estas coisas inesperadas. Quer um exemplo disso na prática? Eu estava escrevendo aquela parte onde Mike liga para Sam para falar sobre a data do casamento, de repente passa pela minha cabeça “E se o teto caísse agora?”. Eu pensei em todos os desdobramentos que isso causaria, vi que seria útil na cena, e coloquei. Não estava no planejamento.
            Por coincidência essa semana coloquei na minha coluna no AbcLes essa citação da Clarice Lispector “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.”
            Faz sentido.

  6. Adorando como sempre, pena que o Mike esta chegando, bem que Sam podia receber uma ligação dele dizendo que não poderia mais ir, (rsrsrsr).
    A Sam tem que entender que o lugar dela é com a Theo, elas se conhecem a tão pouco tempo e tem uma cumplicidade enorme.
    As novas descobertas e Theo estão ligadas, ela tem algum tipo de ligação com a Archer, como a Maria Clara tambem penso que pode ser filha.

  7. A Theo é um mistério. Realmente essa empresa pode ser familiar não? Não vou especular ainda, vou ‘absorvendo ‘ e observando a Theo por enquanto.

    Mas confesso que estou ansiosa para o encontro de ambos. Isso já ver interessante, talvez até importante para a Sam ver certas coisas.

    Esperando pelo capítulo…

  8. Cristiane, quando vem o próximo? e a pergunta que não quer calar o que a Theo esconde? e mas nesse hotel vai aparecer alguma deusa para fazer companhia a Theo? porque a Sam vai ter a companhia do noivo mala, acho até que vai trair a Sam para se promover e ficar bem na fita…..

    até breve!

    1. Antecipei um pouquinho e postei antes do meu niver. \o/
      Olha, você chegou muito perto de quem Theo vai encontrar no hotel, não é bem uma deusa…

  9. Ah, eu sou desatenta. Nem reparei nada, rsrs. Tb não tô triste com a demora do próximo capitulo, assim o Mike não chega

  10. Reação suspeitíssima a de Theo, mas esse assunto vai se dissipar nos próximos dias, Mike é um cara espaçoso, vai ocupar vários capítulos.
    Sobre sua teoria, só posso confirmar que Theo seria ovelha negra em qualquer família… rs

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