PH Poem a Day – Dia 13 – O marinheiro

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Dia 13 – O marinheiro

A grande nau cortava ondas ferozes numa tarde de mar tempestuoso, embalando marinheiros italianos que se aproximavam de casa, após meses de navegação no mar aberto. Os porões vazios, os bolsos cheios, e apenas almejavam deitar em suas camas com suas esposas.

– Estamos próximos da Ilha de Capri! Protejam seus ouvidos! – O honrado capitão alertou à todos, do alto da popa.

Mudaram sua rota para chegarem mais rápido em sua terra natal, mas desta forma passariam próximo aos rochedos da temível ilha conhecida pelas histórias de sereias, seres sedutores com cantos irresistíveis, que atraiam e matavam marinheiros que por ali passavam.

– E o senhor Capitão, por que não cobrirás seus ouvidos? – Perguntou um tripulante, já preparando os tampões para suas orelhas. – Pedirás que o amarrem ao mastro, como Homero fez em sua odisseia?

O sábio capitão desceu os degraus que o colocavam acima do convés, aproximou-se e disse em tom confessional:

– Não preciso, sou imune ao canto das sereias.

– Nenhum homem na terra ou nos mares resiste àquela sinfonia feminina e mortal, senhor. – O jovem tripulante respondeu.

– Garoto, coloque seus tampões e tome seu lugar, elas não me seduzem, sejam sereias ou mulheres de fato.

O jovem obedeceu suas ordens, mesmo contrariado e sem compreender o capitão, que caminhou de forma altiva até a proa, prostrando de pé, observando atentamente as pedras com sua luneta.

O barco movia-se lentamente, todos já estavam preparados para os cantos que não seriam ouvidos, mas também esperavam atentamente a imagem das belas mulheres, metade escamas, metade pele.

O capitão franziu as sobrancelhas, fitava boquiaberto às pedras à sua frente, o canto já podia ser ouvido.

– Raios! Raios! – Ele bradava, após atirar a luneta ao chão, com desespero. – Me tragam os tampões de ouvido! Rápido!

Mas era tarde demais, o capitão atirou-se ao mar, nadando na direção dos rochedos, onde tritões emitiam seu canto sedutor.

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