Quando tive finalmente em mãos o novo livro da Diedra Roiz, “O Suave Tom do Abismo”, assim todo negro, inclusive a área externa das páginas, eu já imaginava que algo angustiante e denso estaria ali dentro. Li dois capítulos, no dia seguinte mais dois. Deitei na cama numa tarde fria e chuvosa de sábado, enrolada em cobertores, e resolvi ler mais dois. Li todos.
Quando fechei o livro ia dar 4 da madrugada, então me dei conta o quanto havia me absorvido naquelas 263 páginas claustrofóbicas, ainda impressionada com tanta escuridão que tinha sentido nas últimas horas, naquelas linhas sem sol.
Tentando não dar maiores spoilers, a história se passa numa era de breu total, sem luz alguma, a não ser das velas e lamparinas. Alexandra é uma mulher mortalmente ferida pela vida, uma humilde caçadora reservada e que se dá muito bem na escuridão, se guiando por instintos. Sophia é uma fina dama que sofre um revés trágico às vésperas do casamento arranjado, usando a oportunidade para fugir de sua vida pomposa e medíocre. E ela odeia a escuridão.
Sophia, agora sob a identidade de Alicia, passa a viver com a família de Alexandra, formada por pessoas iletradas e também marcadas pela desgraça e vergonha que Álex representa para eles, apesar de amarem a parente.
Sinceramente, eu não sei o que mais me angustiou. As cenas se desenrolarem quase sempre sob a ausência total de luz, o qual eu morro de medo, ou a vigília constante na vida de Alexandra, para que ela não sucumba a desgraça novamente.
Mas eu sei exatamente o que me fisgou: a dualidade na escrita da Diedra, na maior parte do tempo tão poética e delicada, intercalando com narrativas duras e selvagens. Além de uma crítica social ferrenha, onde talvez mais eu tenha me identificado, na crítica subjetiva à disparidade social e à igreja. A hipocrisia patriarcal e religiosa chega a doer nos ossos. Junte à toda essa castração de liberdade uma tensão sexual proibida permeando todas as páginas, e você tem uma primeira parte de trilogia desesperadamente cativante.
As 4 da madrugada, depois dessa viagem negra, só me restou apagar as luzes e tentar dormir, numa escuridão agora (mais) angustiante.
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Perfeita análise e descriçao!E vc,assim como Drieda,é mt poética escrevendo,achei muito linda sua posiçao sobre o livro!Louca pra ter em maos!Drieda vai se derreter com essa sua opiniao!Beijos,Schu!
No lo puedo creer,fue dos veces jajaja.Borralo,porfi!!!/Nao posso acreditar,mandei duas x.Apagá-lo,plis!
Eu li no kindle, eu só assinei o kindle unlimited(uma espécie de netflix só que com livros) pq eu vi que o livro da Diedra tava disponível para leitura. Muito legal, fiquei muito ansiosa e angustiada, é como vc disse a Alexandra vive sendo vigiada e a gente sente a tensão e principalmente a impotência dela em relação a tudo que a permeia. Acabou com cliffhanger, do jeito que vc gosta, Cristiane, agora vou esperar pela continuação. Fico feliz que pessoas como vc, a Diedra e outros estejam empreendendo com histórias criativas e com pegada de ficção científica, pq praticamente todo conteúdo desse gênero é importado, é legal ver o desenvolvimento dessa literatura nacional pra algo mais moderno, sem desmerecer os mestres da nossa literatura, mas estamos em outros tempos e realmente a literatura nacional precisa evoluir para os tempos atuais, o público leitor no Brasil ainda é pequeno, sem contar que dessa fatia, somente pouquíssimas obras nacionais tem destaque no gosto popular. Bem, é isso… bjs
Perfeito.
A sua análise acerca do livro nos impulsiona a curiosidade por folhea-lo. Parabéns!