Capítulo 42 – 2122
Foram 8 horas de voo tenso rumo ao desconhecido, sem a certeza de que um dia voltaria para casa, ou se sairia de onde estava indo, seja lá qual fosse seu destino. Samantha sabia que estava encrencada, mesmo sem ter ideia do que a acusavam. Talvez estivessem requerendo o coração artificial de volta, ou então o exército queria tudo de volta, cada parte do seu precário sistema Borg, juntamente da sua vida. Estaria sendo acusada de algo feito após a fuga?
Passou quase 24 horas trancafiada dentro de uma pequena sala dentro de uma base militar na Turquia, sem contato além do recebimento de alimentos e água. Mais um voo e agora estava na Rússia.
Após chegar num grande aeroporto, foi conduzida no fundo de um caminhão militar ainda com correntes nas mãos e nos pés até uma prisão próxima. Já sabia que estava em algum lugar da Rússia, e que fazia um frio extremo.
Ainda no aeroporto, um guarda cedeu um casaco pesado e negro, que aplacava razoavelmente a sensação congelante no piso de madeira do caminhão. Quando a tiraram de lá, pode ver na porta de ferro um letreiro ilegível, estava em russo, mas reconheceu numa outra placa a palavra Sibéria.
– Eu estou na Sibéria? – Perguntou para o guarda que a conduzia pelo braço por um corredor largo.
Ele apenas a entreolhou, e não respondeu. Temeu mais um agravante: a barreira da língua. Entraram numa pequena sala, onde uma senhora trabalhava detrás de uma mesa, o guarda disse algo em russo, fazendo com que a mulher levantasse lentamente, a fitando dos pés à cabeça. Suas correntes foram removidas.
– Então você é estrangeira? – A senhora perguntou, com sotaque.
– Da Inglaterra. Mas eu estava morando na…
– Coloque seus pertences em cima da mesa, aí dentro. – A interrompeu, se dirigindo a um armário cheio de uniformes azuis e botas.
– Pertences? – Sam imediatamente olhou para seu pulso direito, entrou em pânico ao perceber que estava sem a pulseira.
– Não tem nenhum pertence? Então tire toda a roupa e coloque sobre a mesa, depois vista isso.
– Espere, eu perdi minha pulseira, ela deve ter caído no caminho, eu preciso procurar a pulseira. – Sam dizia angustiada.
– O que está esperando? – A mulher apontou para as roupas azuis em cima da cadeira.
– Pode ter caído no caminhão, ou já aqui nos corredores, eu preciso procurar, por favor.
– Se você não se trocar por bem terei que pedir ao Sirkis para trocar sua roupa.
– Posso procurar a pulseira antes?
– Claro que não, faça logo o que estou mandando.
– Eu só vou dar uma olhadinha no corredor. – Sam disse se dirigindo a porta por onde havia entrado.
O grande guarda a segurou pelos braços fortemente, mas Sam lutava para se soltar.
– Por favor, me deixe procurar a pulseira! – Debateu-se.
O grandalhão lhe aplicou um murro em seu estômago, fazendo com que ela caísse curvada a frente.
– Minha pulseira… Eu perdi… – Sam murmurou ainda curvada com as mãos sobre o estômago, com dores.
O guarda falou algo para a mulher.
– Vá em frente, Sirkis. – Ela respondeu.
Grosseiramente, ele removeu o casaco de Sam.
– Eu posso me trocar! – Bradou resistindo.
– Facilite minha vida, se troque logo, tenho mais o que fazer. – A mulher disse com impaciência.
– Não encoste em mim. – Ela disse raivosamente ao homem, se erguendo do chão.
– Quer ajuda? – A mulher perguntou.
– Não.
– Então se troque logo.
– Na frente dele?
– Você está com sorte que hoje só tem ele na sala.
Contrariada, Sam tirou toda sua roupa, colocando numa caixa plástica sobre a mesa. Vestiu a calça e a camisa de mangas compridas e botões, também azul.
– Posso vestir o casaco novamente? Aqui está frio.
– Não, você vai receber seu casaco em breve, está em falta no momento. Assine aqui, e aqui. – A mulher apontou o tablet sobre a mesa.
O guarda perguntou algo em russo.
– Não, primeiro a leve para o exame médico cautelar, depois para o segundo andar.
Após um procedimento invasivo numa sala que parecia um quarto de enfermaria, Sam foi levada de elevador para um corredor cheio de portas brancas, entraram na penúltima.
O local parecia um escritório amplo e velho, com uma larga mesa branca, sentado atrás dela estava um militar devidamente paramentado e com o peito repleto de insígnias no uniforme azul marinho, a calça era azul clara com uma faixa amarela em cada lado, havia também uma espécie de cinto azul claro sobre o casaco. Sam o reconheceu imediatamente.
– Por que o senhor está aqui? – Perguntou assustada.
– A pergunta correta é: você sabe porque está aqui?
– Coronel Phillips, eu acredito que houve algum equívoco, eu fui anistiada, não entendo porque me prenderam. – Sam falava respeitosamente com seu ex-sogro, pai de Mike. – Por favor, me ajude a desfazer esse engano.
O coronel militar de cabelos calvos e grisalhos e de porte altivo, quase atlético, espojou-se em sua cadeira a fitando com um sorriso cínico. Em cima da sua mesa uma placa com o nome ‘Coronel Aidan Phillips, vice-diretor’.
– Sente-se.
– O senhor pode me ajudar? – Sam disse sentando-se rapidamente.
– Não, eu não posso.
– Não pode ou não quer?
– Você achou que poderia trair e expulsar meu filho da sua vida, e que isso ficaria impune? Eu estava esperando o momento certo de colocar minhas mãos em você, e fazer com que você se arrependa amargamente das escolhas egoístas que tomou.
– Eu estou aqui porque traí Mike? Esse é meu crime? – Sam perguntou sem compreender.
– Seus crimes serão citados em breve, numa audiência formal. Depois você passará alguns meses trancafiada aqui aguardando o julgamento. E quando o dia do julgamento chegar, estarei ao lado da promotoria e do juiz que vai te condenar a muitos anos de prisão.
– Por qual crime?
– Crime é o que não falta, você já errou muito em sua vida, só reunimos alguns que te darão uma pena alta.
– Eu posso ter um advogado, não posso? Eu quero um, eu sei que os advogados da Archer já devem estar envolvidos no caso, eu tenho direito a falar com eles.
– Fique tranquila, não privaremos você de seus direitos. Essa prisão leva a alcunha de Gulag, mas atualmente é uma prisão respeitada e que cumpre os acordos com essas merdas de organizações de direitos humanos.
– Essa prisão é um gulag? – Sam perguntou assustada. – Aqueles campos soviéticos de trabalho forçado?
– Já foi um autêntico gulag, agora é uma prisão militar, com toda rigorosidade e ordem de nosso sistema.
– Um dos guardas me deu um soco no estômago agora há pouco, é assim que funciona?
– Os guardas e carcereiros tem permissão de uso da violência quando necessário. – O coronel ajeitou-se na cadeira. – Não se preocupe, temos uma enfermaria bem grande.
– Eu quero ser transferida daqui.
– Samantha, você não entendeu ainda? Essa é sua nova casa, trate de se acostumar, fique à vontade. – Ele fez sinal com a mão erguida. – Sirkis, venha até aqui.
O guarda de semblante fechado aproximou-se, o coronel levantou-se, recostando na mesa.
– Essa moça é minha ex-nora, então quero que ela tenha um tratamento especial, mas no sentido inverso. – Ele sorriu, de pé a sua frente. – Não permitirei que ela tenha nenhuma regalia, quero que você certifique-se de que ela não tenha uma vida fácil aqui dentro. Em qualquer confusão que se meter, a culpa será sempre dela, não importa o que acontecer. Enfiem na solitária por qualquer mínimo motivo, compreendeu?
– Sim, senhor.
– Isso é ilegal, eu não posso ter tratamento diferente. – Sam disse com revolta.
– Não há nada de ilegal, apenas quero manter você aqui para pagar pelos seus crimes, e por ter desonrado meu filho.
– Quem é o senhor para falar em desonra? Vive batendo na esposa, isso é ter honra?
Coronel Phillips a golpeou no rosto violentamente com as costas da mão, lhe cortando o lábio inferior.
– Seja bem-vinda à minha prisão, aqui você terá o tratamento que eu quiser. – Ele suspirou profundamente antes de voltar a falar, recompondo-se. – Que vergonha você deve ser para a família, que mulher vulgar você se tornou. Samantha, você frequentou minha casa por tantos anos, acolhemos você como uma filha, sempre te tratamos com respeito, e o que você nos dá em troca? Traição e vergonha. Você traiu toda nossa família, a confiança que depositamos em você, vendeu-se de forma barata e suja. Agora exige um bom tratamento? Você está colhendo o que plantou.
– Tal pai, tal filho… – Sam resmungou, com os dedos sobre o lábio ferido.
– Já fizeram todo o procedimento de entrada, Sirkis?
– Sim, senhor.
– Inclusive a desinfecção?
– É necessário, senhor?
– Com certeza, nunca se sabe quais doenças ou parasitas ela pode te pego nessa vida mundana.
Sam chegou até sua cela uma hora depois, após mais um procedimento invasivo. Na pequena cela de paredes de blocos haviam dois beliches metálicos, duas prateleiras logo atrás das camas, um lavatório e um vaso sanitário mais ao canto, ambos metálicos.
– A janta é as cinco, mas hoje será mais tarde, as oito, porque será uma jantar especial. – A carcereira disse ao trancar a cela.
– Especial?
– Ceia de réveillon. – Disse e saiu sacudindo o chaveiro pelo corredor.
Sam estava de pé no meio da cela, um tanto perdida. Lembrou que era o último dia do ano, mas os pensamentos não vinham de forma ordenada, pensou na festa planejada com tanto esmero, na sua pousada na Baia. Pensou em Theo. Prisão. Prisão na Sibéria. Sentia frio.
Finalmente reparou que havia uma colega de cela, uma mulher de cabelos negros trançados e de quadril largo estava deitada virada para a parede, sequer se mexeu com sua chegada.
– Olá? – Sam a chamou.
Ela não respondeu, continuou deitada coberta por um cobertor cinza.
– Você fala minha língua? – Sam insistiu.
– Não está vendo que estou tentando dormir? – A mulher respondeu grosseiramente.
– Me desculpe. Posso ocupar qualquer cama?
Nenhuma resposta. Sam olhou para o beliche vazio e sentou-se na cama de baixo, causando um ruído metálico. Repousou ao lado um saco plástico que continha objetos de uso e higiene pessoal, que lhe foi entregue após a desinfecção. Uma prisão. Estava de fato numa prisão.
***
– Não é questão de cavalheirismo! – Theo discutia com Stefan, subindo o elevador de um hotel simples na cidade de Novosibirsk.
– É o que? Feminismo? Carregue suas próprias malas.
– Eu não me importo de carregar malas, mas são três malas grandes, e um dos meus braços está ocupado com a muleta, você tem apenas uma mala.
– E uma mochila.
– Tem um braço sobrando.
– Eu não mandei você trazer três malas.
– Uma é com coisas da Sam.
– Ela está presa, não havia necessidade de trazer uma mala de coisas que ela não vai usar.
– Você é um saco, Stef. – Theo disse bufando, saindo pelo corredor arrastando três malas.
– Aqui, esse é seu quarto. – Stefan abriu uma porta e ajudou a colocar as malas ao lado da cama.
– Você vai ficar aqui também?
– Claro que não, meu quarto está logo ali, me chame em caso de emergência, mas só em emergência, estou cansado.
– Você tem algo para comer? Estou morrendo de fome.
– Ligue na recepção e peça algo, eles devem ter alguma janta. – Passava das dez horas.
– Eles entendem nossa língua? – Theo perguntou com ares confusos, também estava exausta da viagem.
– A maioria sim. Bom, estarei no quarto 1809, coma algo e vá descansar, farei o mesmo, espero que nesta ordem…
Theo apenas o fitou paralisada.
– O que foi? – Ele perguntou.
– Por que faz tanto frio nessa cidade?
– É a Sibéria em pleno inverno, você esperava o que?
– Sibéria? – Indagou assustada.
– Sibéria, norte da Rússia, Europa, planeta Terra. Em qual planeta você está agora?
– Não neste… – Theo respondeu irritada com o lapso, sentou-se na borda da cama largando a muleta ao lado.
– Já pode tirar o casaco.
– Já pode ir para seu quarto, Stef.
– É o que farei. Boa noite.
Após a porta se fechar, Theo olhou ao redor, para os detalhes do pequeno quarto de hotel. Além da cama e do criado mudo, apenas uma janela com as persianas de lado chamava a atenção pela claridade que a ultrapassava.
Ainda reunia todas as novas informações em seu cérebro confuso, que piorava em situações de estresse e privação do sono. Se deu conta que não tomava nenhum remédio há pelo menos doze horas, talvez a nuvem escura em seus pensamentos já fosse fruto da abstinência de algum deles.
Tirou o casaco e abriu uma das malas no chão, jogou algumas coisas sobre a cama e seguiu para o banheiro. Após o banho pediu uma refeição na recepção. Falavam sua língua, mas percebera que todos mantinham um sotaque carregado, duro.
Apesar da fome, fez sua refeição em cima da cama sem muita animação, enquanto assistia noticiários na tela em frente. Lembrou dos remédios, levantou e foi até o final da cama, onde jazia uma bagunça de nécessaires, bolsas e remédios. Pegou os que pareciam ser os noturnos e os engoliu.
– Será que já tomei algum deles hoje? – Era angustiante não confiar na própria memória.
Viu a pulseira prateada de Sam dentro da nécessaire, com esforço lembrou do porquê ela estar ali. Resolveu usar, juntamente da sua. Assustou-se com o barulho que parecia um tiroteio do lado de fora, foi até a janela e viu os clarões no céu.
– Réveillon! – Se dava conta.
O ano estava virando, 2121 ficaria para trás em poucos minutos. Não da forma imaginada, muito longe da forma desejada. Observou a chuva de fogos no céu negro com um braço recostado na vidraça e um olhar abatido, desapontado.
O desapontamento era o menor dos problemas, sentia medo da situação e de todas as possibilidades reais de tudo piorar, temia ser apenas o início de mais uma fase de trevas em sua vida. Remexeu nas pulseiras, agora juntas. Viu seu nome gravado dentro da pulseira de Sam, aquilo doeu de forma contundente.
Voltou a olhar de forma lânguida os clarões lá fora, agora com os olhos marejados. Era réveillon. Naquele momento há um ano estava sendo salva do Circus pela mulher sem face e de voz apaziguadora. Doía, machucava muito não ter Sam com ela naquele momento, não ter a chance de agradecê-la por nunca ter saído do seu lado nos últimos 365 dias. Por não ter desistido dela quando essa era a única expectativa em seu mundo violento e hostil.
Girava a pulseira devagar em seu pulso, na mesma velocidade das lágrimas. Estava sozinha num país estranho e frio, mas estava livre. Soluçou ao pensar em seu amor numa situação ainda pior, numa prisão, rodeada de pessoas estranhas e com medo de todos.
– Eu vou compensar cada momento ruim que você passar nesse lugar te enchendo de bons momentos. – Prometeu em voz alta.
Foi desperta com o som de seu comunicador, era Stefan.
– Você ainda está acordada? – Stefan perguntou.
– Tem fogos estourando lá fora, percebeu? – Rebateu fungando.
– Sim, por isso estou ligando para desejar um feliz ano novo repleto de realizações e luz.
– Vá dormir, Stefan.
– Gostava mais da sua versão sarcástica me chamando de Stef.
Theo suspirou pesadamente antes de responder.
– Desculpe. – Esfregou os olhos com os dedos. – Você sabia que Sam me resgatou na noite do réveillon passado?
– Não, não sabia.
– Eu queria que ela estivesse aqui. – Theo voltou a chorar.
– Nós vamos tirá-la da prisão.
Pela primeira vez Theo sentiu segurança nas palavras de Stefan, acreditou que ele talvez estivesse mesmo disposto a ajudá-las.
– Vamos, não vamos?
– Torça para que Sam não tenha esqueletos demais no armário.
– Sam não é uma criminosa, isso é alguma armação.
– Saberemos nos próximos dias do que a acusam.
Theo sentou-se cansada na cama.
– A partir daí montaremos a defesa dela. Essa prisão permite visitas?
– Ainda não sei, mas amanhã passarei o dia me informando acerca da prisão e das leis europeias.
– Stef?
– Sim?
– Obrigada por tudo.
– Quer espumante?
– Onde arranjou?
– O serviço de quarto me trouxe de presente.
– Por que não me trouxeram também?
– Porque o cadastro está no meu nome, coloquei que você é a minha filha.
– Eu não posso beber, por causa dos remédios. Mas aceito uma taça, traz aqui?
– A distância até aqui é a mesma.
– Ok, vista-se, estou indo aí e não quero ver ninguém de cueca.
– Mais respeito comigo, viu?
***
As oito da noite as celas foram abertas automaticamente. Sam apenas seguiu sua companheira de cela, que continuava pouco amistosa. Andou pelo enorme salão refeitório cabisbaixa, evitando encarar qualquer pessoa que a fitava, e eram muitas as mulheres que lançavam demorados olhares curiosos na novata.
Estava faminta e devorou avidamente o prato pouco atrativo a sua frente, repleto de purê de batatas com um pedaço de frango esbranquiçado. Por alguns minutos esqueceu os olhares analíticos, alguns até amedrontadores. Após a refeição tentou prestar atenção ao ambiente e à dinâmica das coisas de forma discreta, estava sozinha numa mesa comprida metálica, pintada de laranja.
As nove uma sirene tocou, era o toque de recolher, voltaram em fila para o pavilhão das celas, que parecia uma imensa gaiola cercada de grades por todos os lados.
– As celas ficam fechadas o dia inteiro? – Perguntou para a senhora que seguia a sua frente.
– Não, fecham as 18h, logo depois da janta, e abrem as 6h. – Respondeu educadamente.
– O que acontece durante o dia?
– Algumas vão trabalhar nas instâncias aqui dentro, o restante fica pelo pátio ou nem sai da cela.
– Posso passar o dia inteiro na cela, então?
– Desculpe, não quero parecer rude, mas eles não gostam que conversem nos corredores, melhor você perguntar para suas companheiras de cela.
– Se ela falasse… Mas obrigada pelas informações, que Deus a abençoe.
Fazia um frio moderado na cela, enquanto sua companheira dormia com um casaco pesado e enrolada em dois cobertores, tudo que Sam tinha era um cobertor. Por volta da meia-noite, ainda lutava para dormir por conta do cansaço e sua mente acelerada, a incerteza do seu amanhã e a falta de notícias de Theo a perturbavam.
Encolhida em sua cama de beliche, ouviu os fogos ao longe. Sem saber, despediu-se de 2121 de forma semelhante a de Theo, desejando estar ao lado dela e com os olhos molhados.
***
– Disseram que o senhor queria me ver assim que chegasse, achei que estivesse de folga hoje, aconteceu algo? – Coronel Phillips adentrava a sala do diretor do presídio, um homem de cabelos e bigodes grisalhos, aparentando 65 anos e com uma barriga proeminente. Era a manhã do dia seguinte.
– Sente-se, Aidan. – Pediu o General Paul Turner, seu escritório era maior e melhor decorado.
– Não quis passar o dia primeiro em casa?
– Vim resolver algumas coisas, não devo ficar aqui hoje. O chamei aqui para esclarecer algumas coisas que ouvi.
– Que coisas?
– Soube que uma familiar sua deu entrada na prisão ontem.
– Ela não tem nenhum parentesco comigo, é apenas a ex-noiva do meu filho, uma desqualificada.
– Também fiquei sabendo que ela é um desafeto seu, o que acabei de comprovar.
– Não nutro nenhum sentimento cordial por esta interna, senhor.
– Aidan, conseguimos controlar as brigas e conflitos nessa prisão com muito custo, até mesmo as gangues estão sob controle, então não me venha com incitação de violência, eu…
– Eu não incitei violência alguma. – O interrompeu.
– Como eu ia dizendo, eu fiquei sabendo que o Sirkis recebeu ordens de dificultar a vida dela aqui dentro, pois eu desfiz a sua ordem, e espero que você não vá contra minhas decisões.
– Pelo contrário, senhor, eu pedi ao Sirkis para dar um tratamento igualitário para ela, pedi para que ela não tivesse regalias.
– Não importa, se eu souber que essa garota sofreu alguma violência ou foi prejudicada a seu pedido, teremos um problema. Elas se agitam com facilidade, qualquer injustiça pode ser estopim de outra rebelião, e não estou nem um pouco disposto a voltar a enviar corpos de detentas para suas famílias. – Fulminou o General Turner.
– Isso não acontecerá, senhor.
– Ok, estamos conversados. Está dispensado.
Coronel Phillips voltou esbravejando para sua sala.
Olha, confesso que eu pensei que a chegada de Sam à prisão seria pior. Ainda bem que o pai de Mike não é o mandante maior, já pensou? Iria ser quase uma equivalência ao Circus 🙁
Curiosa para saber de quais crimes Sam será acusada e como serão os procedimentos.
E 2121 está de volta, agora em 2122…hehe
Oiee
Passei raiva nesse capítulo viu! Pai de Mike ja tava me deixando insana. .kkkk.Ainda bem que não diretor deu um chega pra la…mas tô preocupada ainda. ..
Ja to vendo os absurdos dos quais Sam vai ser acusada…raiai.
Beijossss