Capítulo 42 – Cordiforme
O galpão era alto e o teto de zinco emitia assobios sombrios com o vento. Entre as duas pilhas de peças metálicas, havia uma grande poça de sangue no chão de concreto, e o corpo de Evelyn caído a frente de Sam e Theo.
– A namorada é sua, decepe você os dedos. – Sam resmungou.
– Se você não parar de chamá-la de namorada, eu vou decepar os dedos de outra pessoa.
– Quanta violência. – Sam tomou a adaga de dentro da bota. – Está bem, eu corto. Droga.
– Você matava criancinhas inocentes na guerra, do que está reclamando? – Theo disse.
– Criancinhas inocentes? Quem te falou isso? Eu não sou nenhuma máquina de guerra insensível, ok? Saiba que estou fazendo isso contra minha vontade e meu código de ética.
– Já cortou?
– Não. Polegar e indicador?
– Sim. Espera, acho que você deve cortar da mão esquerda também, Evelyn era canhota.
– Então corto apenas da mão esquerda.
– Não, eu não sei como é o procedimento de cadastro biométrico, se deve ser da direita ou não. Corte das duas mãos para garantir.
– Espera aí, era um dedo, passou para dois, agora você quer quatro dedos? Não seria melhor levar o corpo?
– Ocuparia muito espaço no carro.
– Eu não estava falando sério.
– Ah. Corte logo, alguém pode chegar e nos pegar no flagra.
– Ok, olhe para o lado. – Sam falou, e segurou firmemente a mão de Evelyn no chão.
Alguns segundos se passaram, mas Sam ainda fitava o corpo no chão, criando coragem.
– E então? – Theo perguntou. – Já posso olhar?
– É irônico, não acha? Eu estar cortando os dedos da sua ex namorada.
– Ah finalmente! Achei que nunca ouviria você falando a palavra ex.
– É, ela está morta, é ex de qualquer forma…
– Por que é irônico?
– Se isso fosse um filme de terror lésbico, essa seria a vingança perfeita. Eu incluiria a língua também.
– Eu adoraria ter essa capacidade de devanear nos momentos críticos. – Theo disse, incrédula.
– Você tem boa mira, acertou um tiro em cheio na testa dela. – Sam fitava o corpo.
– Acertei apenas um tiro?
– Disparou quantos?
– Sei lá, uns cinco ou seis.
– Você está dentro da média. Para pessoas cegas.
– Pare de enrolar, Sam.
Sam firmou a faca sobre a base do dedo, fechou os olhos com força, e cortou o primeiro dedo.
– Pronto, vou guardar na bolsa dela.
– Ela tem uma bolsa? Cortou os quatro?
– Não, apenas o primeiro. Tenha paciência, Theo.
Sam finalizou o serviço, fechou a bolsa e tomou Theo pela mão, saindo do local.
– Esse sangue na sua mão, é dela? – Theo perguntou na saída do galpão.
– É sim. O remorso está chegando?
– Não é remorso, é decepção. Eu sabia que ela não me amava nem nada, mas nunca imaginei que para ela eu era um negócio.
Sam parou o passo por um instante.
– O que foi?
Sam contemplava o reluzente Porsche vermelho, estacionado ao lado do galpão.
– Tudo isso por causa de um pedaço de lata. Um pedaço caro de lata, dado por seu pai.
– Você está olhando o carro dela?
– Sim, e com vontade de atear fogo nele. Vamos embora antes que eu faça uma besteira. – A dupla voltou a caminhar pelo ferro velho, na direção do carro azul.
– Eu nunca desconfiei de nada, você tem razão quando diz que confio nas pessoas erradas. – Theo dizia enquanto caminhavam.
– Ela não merecia você, mas agora sim teve o que merecia.
– Sabe… Isso é tão desanimador… Você tem ideia há quanto tempo uma pessoa não fica comigo por simplesmente gostar de mim? – Theo desabafava.
– Mais tempo do que você imaginava.
– É, mais tempo do que eu imaginava…
Sam ajudou Theo a entrar no carro, entrou também no veículo, tirou a camisa, removeu o colete, e voltou a vestir a camisa azul.
– Quer ver como ficou o colete por dentro? – Sam perguntou.
– Quero.
Sam tomou a mão dela e colocou na parte interna do colete, onde haviam as marcas dos projéteis.
– Deve ter te machucado. Mas você deveria andar de colete o tempo todo.
– Não, são desconfortáveis. – Sam atirou o colete e a bolsa com os dedos para o banco de trás.
– Já colocou nosso destino no localizador? – Theo perguntou.
– Sim, são aproximadamente seis horas até Paranaguá, de onde pegaremos algum transporte marítimo.
– Então vamos nessa.
– Espera. – Sam a puxou delicadamente pela nuca, lhe dando um beijo um tanto demorado.
– O que foi? – Theo perguntou ao final.
– Pronto, você ficou com alguém que gosta de você de verdade. – Sam disse e deu partida no carro.
– Estou começando a acreditar.
Após dirigir por cinco minutos, Sam freou o carro, parando numa via de acostamento.
– Por que parou aqui? – Theo questionou.
– Vamos nos organizar, não podemos simplesmente pegar a estrada a esmo.
– Certo, você quer planejar a viagem e a abordagem?
– Theo, são onze da noite, se dirigirmos a noite toda, chegaremos lá por volta das cinco, com o sol nascendo. Até chegarmos na ilha, será umas oito, que é o horário de trabalho, estará cheio de funcionários.
– Passaremos o dia esperando os funcionários irem embora.
– Eu acho melhor ficarmos aqui hoje.
– Em San Paolo? – Theo perguntou.
– Sim, vamos dormir em algum hotel aqui, e amanhã no meio da manhã partimos para nosso destino. Chegaremos lá no final da tarde, teremos tempo hábil para encontrar algum barco ou outra forma de entrarmos na ilha.
Theo ficou pensativa por um instante.
– É uma boa ideia. Temos dinheiro para hotel?
– Provavelmente para um último hotel, depois, se houver um depois, vou assaltar alguém.
– Sério?
– Claro que não. Uma noite em San Paolo então?
– Uma noite em San Paolo. Posso indicar os bairros com hospedarias de baixo custo.
– Ótimo. Mas podemos economizar a grana do hotel se formos dormir na sua casa, tem quarto de visitas? – Sam brincou.
– Tem. Onze. – Theo respondeu com desconforto, ainda estavam paradas na marginal da supervia, com carros passando próximos em alta velocidade.
– Onze quartos de visitas? – Sam espantou-se.
– E duas casas de visitas.
– Nossa. Você gostaria de poder ir para lá, não é? Voltar para casa.
Theo demorou para responder.
– Meu pai deve ter transformado meu quarto em mais um quarto de visitas. Ou num depósito para seus tacos de golfe.
– Vou te levar para um hotel decente hoje, ok?
– Já sei, Copan.
– O que?
– É um prédio conhecido daqui, que se tornou hotel popular. Não é caro, mas tem um mínimo de conforto. E uma bela vista da cidade.
Minutos depois a dupla se acomodava num quarto do famoso hotel, no último andar, o 35º. Ao lado da cama de lençóis brancos, havia uma parede de vidraças, com as persianas digitais abertas, dando uma vista noturna do centro de San Paolo.
– Uau, que vista. Você tinha razão. – Sam comentou, ao entrar no quarto e perceber a parede de vidraças.
– Se você quiser, posso te mostrar alguns pontos da cidade, com sua ajuda. – Theo disse.
– Eu adoraria. Ai. – Sam resmungou ao abaixar-se largando sua bolsa.
– Como estão os lugares onde você levou os tiros? – Theo perguntou, após encontrar a cama do quarto e sentar-se nela.
– Verei o estrago quando for tomar banho.
– Dói?
– Só quando eu respiro ou me movimento. – Sam quase sorriu, ainda largava algumas coisas no chão do quarto.
Theo levantou-se, seguindo sua voz, com a mão direita estendida a frente.
– Aqui. – Sam tomou sua mão, a trazendo para perto.
– Me mostre – Theo repousou sua mão sobre o abdome de Sam, que ainda trajava o uniforme policial.
– Mostro. – Sam desabotoou sua camisa azul. – Um aqui em cima. – Sam guiou sua mão até um pouco abaixo do ombro direito. – Dois no meio.
– Onde está sua cicatriz do coração, não é?
– Sim, foram próximos. E um aqui embaixo, próximo das costelas. É o que mais dói.
– Dá para sentir, foi embaixo de sua tatuagem. – Theo disse, deslizando seus dedos acima. – Você tem sorte de estar viva.
– Eu sei. – Sam a abraçou. – Vem cá.
– Você deve estar exausta. – Theo murmurou, havia traspassado seus braços e corria suas mãos lentamente pelas costas de Sam.
– Muito. Não só fisicamente. – Abraçar Theo era a melhor forma de recarregar sua energia e ânimo.
Theo desprendeu-se um pouco do abraço.
– Vá lá tomar banho, cuide da sua perna, e venha descansar. Temos mais estrada amanhã. – Theo disse.
– Cuidarei da minha perna e de sua mão.
– Minha mão é caso perdido.
– Não é não, em breve consertaremos sua mão e sua visão.
– Já era, Sam. Não pense nisso. – Theo acariciou seu rosto. – Banho?
– Hum… Um longo banho. É bom estarmos novamente num hotel, com água quente e cama de verdade.
– Eu estava com saudades disso. – Theo respondeu.
Sam aproximou-se de seu rosto, e falou baixinho próximo ao seu ouvido.
– Tem outra coisa que estou com saudades. – Disse maliciosamente.
– Você não é a única. – Theo respondeu no mesmo tom, de forma intimista.
Sam a beijou, despretensiosamente, subiu sua mão pela nuca de Theo, e o beijo tornou-se pretensioso.
– Humf. Melhor parar agora. – Sam cessou o beijo ofegante, lutando contra suas vontades. – Senão ninguém toma banho hoje, e eu tenho sangue da sua ex namorada nas minhas mãos ainda.
– Onde está seu autocontrole, oficial?
– Perdi naquela rua onde te encontrei.
– Que bom. – Theo sussurrou e a beijou.
– Você me acostumou mal…
Theo riu, e estendeu a mão.
– Me dê a nécessaire, vou tomar banho primeiro.
Theo, já de banho tomado, fazia pesquisas por voz no comunicador. Enquanto Sam mexia em sua bolsa preta, que estava em cima de uma cadeira.
– Mocinha, você tem ideia onde pode estar minha calça de dormir? – Sam perguntou.
– Sim, eu peguei. – Theo disse, largando o comunicador no criado mudo.
Sam virou-se para trás, a fitando sem entender.
– Pegou?
– A minha já estava indo dormir sozinha, a sua estava limpa.
– Por que não me deu para lavar então?
– Esqueci. – Theo levantou da cama, indo devagar na sua direção.
– Eu não tenho outra. – Sam voltou a mexer na bolsa.
– Você não precisa de calça, você é quente. – Theo a abraçou por trás, a pegando de surpresa.
– Eu não gosto de dormir sem calças. – Sam falava num tom mais suave, aproveitando as mãos de Theo que passeavam a sua frente.
– Eu adoro quando você dorme nua. – Theo sussurrou enquanto beijava seu pescoço.
– Você sabe como me sinto… – Sam já respirava mais rápido.
– Acho sua calça desnecessária entre quatro paredes… Assim como essa calcinha. – Theo escorregou a mão para dentro da calcinha dela.
– Theo… Não comece algo se não tem intenção de terminar… – Sam já estava completamente entregue com os toques dela.
– Eu sei onde isso vai terminar. – Theo mordeu de leve sua orelha. – Vire-se para mim.
Sam virou-se, ficando de frente para Theo, e teve sua regata, que um dia fora branca, retirada.
– Quero te ver um pouquinho. – Theo disse, correndo sua mão direita pelos seios dela.
Sam encarava o olhar sem foco de Theo, sentia-se revelando mais de si assim, sendo observada por mãos. Não de uma forma invasiva, nem como uma observação analítica, era como se finalmente alguém a enxergasse como ela era, com todas as suas imperfeições, dos dois lados.
A luz do quarto estava apagada, mas a persiana ainda estava aberta, e pela parede de vidraças um sem número de luzes da rua, de letreiros e painéis, tomavam conta do ambiente.
Theo aproximou-se, com a mão esquerda sem muita mobilidade a trouxe para perto pela cintura, e com a outra mão enxergava suas costas. Sam fazia o mesmo, com as mãos também pelas costas.
– Posso tirar sua roupa? – Sam pediu, baixinho.
– Você quer sua calça de volta?
– Não. – Sam riu. – Quero ver você também.
– Pode tirar. – Theo sorriu maliciosamente, empurrou Sam até a parede e a beijou, se tornando um beijo vigoroso em segundos.
Ao final, tudo que Sam conseguiu tirar de Theo foi sua camiseta, a abraçou em êxtase após um clímax contra a parede, ainda de pé.
– Meu Deus, isso só melhora… – Sam balbuciou, ainda se recompondo.
Theo sorriu e tirou a mão de dentro de sua calcinha, ouviu por alguns instantes a respiração de Sam próxima a seu ouvido, voltando ao normal.
– De pé é mais desafiador, não acha? – Theo zombou.
– É difícil permanecer de pé, principalmente quando uma perna está debilitada.
– Por isso que é desafiador.
Sam olhou para baixo.
– Diga adeus à sua calça. – Sam disse.
– Você vai tirar minha calça?
– Vou.
Theo deu alguns passos para trás, esbarrando na cama, se desequilibrando, Sam a segurou.
– Tente. – Theo sorriu a desafiando novamente, e atirou Sam na cama.
Um segundo round crescia e ardia naqueles lençóis. Mais uma vez Sam alcançou o gozo, desta vez com sexo oral. Ela queria mais, se recompôs e partiram para uma terceira rodada, ainda mais excitada.
– Hey! – Sam exclamou, com a mão na testa.
– O que foi? – Theo respondeu, ofegante e assustada.
– Acho que você reabriu aquele meu corte na testa. – Sam estava por baixo de Theo.
– Voltou a sangrar?
– Sim, veja. – Sam tomou a mão de Theo e colocou em sua cabeça.
– Onde? Não sinto nenhum sangue por aqui.
– Ahá! Tirei! – Sam vibrava, ao conseguir baixar a calça dela.
– Não se brinca com isso.
– Posso tirar o resto?
– Agora que começou, vá até o fim. – Theo saiu de cima dela.
Sam deu um sorrisinho e tirou sua calça e calcinha, retornou por suas pernas, beijando sem pressa, até chegar novamente a boca. Depois de algum tempo ambas pareciam igualmente inflamadas de desejo, viviam suas horas de prazer despreocupado num mundo criado por elas. Aquele momento era sagrado, aquela cama era um altar, onde nada poderia impedir que fossem felizes. Não naquelas horas, aquelas horas eram religiosamente delas.
Theo surpreendeu Sam ao tomar a mão dela e colocar entre suas pernas, a fazendo despertar do beijo, abrindo os olhos. Sam não sabia o que fazer num primeiro instante, apenas continuou hesitante com seus lábios ainda nos lábios de Theo, mas ela sabia exatamente o que sua amante estava pedindo.
– Não tenha pressa. – Theo sussurrou, percebendo o misto de hesitação e apreensão dela.
Sam ajeitou-se por cima dela, repetia em Theo o que aprendera nas últimas semanas, com seus dedos não tão ágeis e seus movimentos um tanto desajeitados. Pareciam fazer algum efeito, Sam percebia as reações positivas e enchia-se de autoconfiança.
– Devagar… – Theo sussurrou num entrebeijo.
– Assim?
– Assim.
Depois de algum tempo Sam percebeu que não havia evolução, Theo parecia excitada, mas não próxima de algo mais. Achou que seria um bom momento para penetrá-la com seus dedos, a pegando de surpresa. Theo parou o beijo.
– Volto uma casa? – Sam perguntou, com insegurança.
– Não, continue.
Sam continuou, mas à medida que o tempo passava e nada acontecia, entrava em pânico. Desistiu, subiu suas mãos e dedicou-se apenas a beijá-la, lhe entregando todo desejo que havia dentro de si.
Enquanto beijava seu pescoço, Theo a chamou, com uma voz apaziguante.
– Sam?
– Ãhn?
– Tá tudo bem.
– Não, eu só estava aquecendo.
Theo riu.
– Sério, está tudo bem.
Sam segurou seu rosto, e falou baixinho, com seus lábios próximos.
– Me dá mais uma chance?
Theo não respondeu de imediato, deixando a pergunta suspensa.
– Dou. – Por fim autorizou.
Sam sorriu maliciosamente, e a beijou. Não mais de forma afoita, a beijou devagar, as mãos também tomaram novo ritmo e rumo, seus dedos corriam por seu corpo como se estivessem sentindo a mais pura seda.
– Me sinta em você. – Sam sussurrou enquanto beijava seu pescoço.
Theo apenas assentiu com a cabeça.
Sam desceu por seu pescoço, beijava seus seios, ela já conhecia os pontos que arrancavam os suspiros de Theo, arrancou vários enquanto passeava com sua língua pelos bicos de seus seios. Os beijos desceram para o abdome, e se encaminhavam para seu ventre.
– Fique aí, eu já volto.
– Onde você vai?
– Eu já volto.
– O que você está fazendo? – Theo perguntou entendendo suas intenções. – Sam, acho melhor não…
– Curta a viagem.
Sam não queria assustá-la, sentia o corpo de Theo tenso sob sua mão enquanto iniciava um sexo oral despretensioso, tentava repetir com seus lábios e língua o que recebera outrora. E desta vez estava funcionando.
– Ai.
– O que foi? – Sam perguntou assustada.
– Acho que você me mordeu. – Theo disse segurando um sorriso.
Sam subiu.
– Desculpe. Vou tomar mais cuidado.
– Amor?
– Sim?
– Relaxe. – Theo acariciou seu rosto. – Não pense, apenas faça.
– Ok. – Sam a beijou antes de descer novamente.
Ela fez exatamente o que Theo pediu, não pensou, não calculou seus movimentos. E em poucos minutos tudo finalmente se encaixou: Sam sentia que estava fazendo a coisa certa, sem entender ao certo o que fazia. Theo não estava mais tensa, seu corpo agora tinha pequenos espasmos, mordia o lábio inferior, e estava quente, tão quente quanto o corpo Borg de Sam. Theo estava entregue.
Sam levou alguns segundos para perceber que algo acontecia, sentir o corpo de Theo vibrando em sua boca foi como se ela também estivesse experimentando um orgasmo. Sam mal podia conter sua euforia por ter finalmente ultrapassado aquela linha que sempre pareceu tão distante. Observava seu corpo ainda contraído e arqueado, e era como ver o amor que sentia por ela materializado a sua frente. Que forma teria o amor?
A última peça daquele quebra-cabeças improvável havia encaixado perfeitamente. Caia por terra a penúltima promessa de Theo.
Ela permanecia de olhos fechados, com a cabeça levemente inclinada para trás. Sam subiu, Theo a abraçou forte assim que percebeu a presença dela acima de si.
Theo se desprendia de Sam aos poucos, gentilmente a tirou de cima de si, e virou-se para o lado de fora da cama, encolhendo-se devagar. Sam apenas a observou, querendo compreender o que se passava, Theo tinha um semblante culpado.
Sam a acolheu por suas costas, a abraçando de forma suave.
– Fiz algo errado? – Sam perguntou num tom baixo.
– Não.
– Mas você está bem?
– Sim.
Theo não parecia bem, Sam nunca a tinha visto naquele estado, parecia em choque, assustada.
Sam sabia que não era boa com as palavras, seu tato para situações delicadas deixava a desejar e temia piorar a situação se tentasse conversar. Mas ela queria fazer algo por Theo, e arriscou. Soltou-se dela e cobriu ambas com o cobertor.
– Theo?
– Sim?
– Você pode virar para cá?
Theo virou-se sem responder, Sam a trouxe para perto, lhe abraçando com força, não foi correspondida na mesma intensidade, mas ela transpassou seu braço pelas costas de Sam, aninhando à sua frente.
– É diferente agora. – Sam tentou, hesitante.
Theo não respondeu, apenas mantinha-se presa a Sam, de olhos abertos, amedrontados.
– Não é a mesma coisa, é completamente diferente. Você está comigo. – Sam completou.
– Eu sei. – Havia um tom de nervosismo na voz de Theo.
Sam corria sua mão pelas costas de Theo, não era simples captar os sinais que ela lhe dava, muito menos interpretá-los, mas Sam estava se esforçando mais do que nunca.
– Você consegue se sentir segura comigo? – Sam perguntou, com receio.
Theo não respondeu.
– Eu sei que dei motivos para que você tenha ressalvas comigo. – Sam continuou, com uma voz suave. – Eu admito que nunca terei dimensão das coisas pelas quais você passou, mas isso não impede que eu me envolva. Eu quero lidar com isso.
– Você não está preparada para lidar com isso. – Theo murmurou, de forma abafada.
– Eu estou preparada para passar por qualquer coisa com você.
– É melhor cada uma cuidar do seu próprio demônio particular.
– Não. – Sam disse incisiva. – Você tem cuidado do meu, você tem cuidado do meu desde o início, é tudo que tem feito, eu sei que você engoliu o seu para poder me ajudar, desculpe perceber isso apenas agora.
Theo permaneceu em silêncio, na mesma posição.
– Eu quero que isso acabe logo, quero poder cuidar de você, juntar seus pedaços, e te dar segurança. – Sam disse.
Sam percebeu que Theo havia relaxado, a tensão estava indo embora. Voltou a acariciar suas costas, carinhosamente, desenhando lemniscatas.
– Eu te amo, garota. – Sam sussurrou, lhe fazendo carinho. – Eu vou tomar conta de você.
Theo a puxou contra si, aninhando-se ainda mais em Sam, e fechou os olhos. Sam abriu um sorrisinho, havia conseguido interpretar os sinais e finalmente lhe dar conforto. Apesar de mais alta, Theo parecia minúscula nos braços de Sam agora, engolida por braços protetores que pareciam a defender de tudo e todos. Pela primeira vez Sam percebeu-se fazendo a coisa certa, e sentiu-se incrivelmente bem em poder confortá-la.
– Fique comigo. – Theo pediu baixinho.
– É só o que eu quero.
Depois de alguns segundos silenciosos, Theo voltou a falar no mesmo tom baixo de voz.
– Eu vi, hoje eu vi o que você disse que sente por mim.
– Você viu? – Sam abriu um sorriso bobo.
– É grande, não é?
– É enorme, Theo. É o maior de todos. – Sam a abraçou forte. – Se o amor tivesse uma forma, qual forma você acha que teria?
– Seria cordiforme.
– O que é cordiforme?
– Que tem formato de coração.
– Coração assim? – Sam desenhou um coração clássico nas costas de Theo.
– Não, não esse. Forma de coração de verdade, e seria vermelho e pulsante.
– O meu deve ser cinza. Cinza metálico, como minha perna. Eu não tenho um coração de verdade.
– Você tem o meu.
Minutos depois Sam percebeu Theo respirando forte, quase roncando, havia adormecido, mas continuou a segurando em seus braços, não tinha coragem de soltá-la. Se dava conta que as coisas poderiam ser não apenas diferentes, mas melhores. Lembrava do papel imposto por toda a vida, de precisar estar sempre sob a sombra de um homem, e enxergava nitidamente tudo isto caindo por terra enquanto a sentia em suas mãos e distribuía beijos suaves no alto da testa dela.
Theo ainda dormia aninhada em Sam, quando o comunicador tocou, eram três da madrugada. Sam tomou o aparelho e viu o nome de Lindsay no visor, atendendo prontamente, sonolenta.
– Oi Lynn, aconteceu alguma coisa?
– Eu que pergunto, você mandou mensagem a tarde dizendo que queria conversar comigo. Você está bem?
– Sim, é, eu preciso conversar com você. Pode falar agora?
– Posso.
– Me dê um minuto.
Sam beijou o rosto de Theo, antes de lhe falar baixinho.
– Eu já volto, vou lá fora conversar com minha irmã.
– Está tudo bem?
– Está sim, volte a dormir, ok? Estarei no final do corredor.
Sam vestiu-se e dirigiu-se até o fim do longo corredor, onde havia uma grande janela alta, parcialmente aberta para cima. Ela empurrou mais um pouco a vidraça para fora, e voltou a falar com a irmã.
– Pronto, agora posso falar.
– Onde você está? – Lindsay perguntou.
– Ainda em San Paolo.
– O laboratório não é em outro estado, ou província, sei lá como são as coisas aí na América.
– Estado, sim, no Paraná, mas resolvemos passar a noite aqui, não teríamos nada para fazer lá se chegássemos de manhã.
– Eu soube que aí é violento, você está em segurança? Estão num hotel?
– Sim, um dos mais famosos, o prédio forma uma onda, se chama Copan, eu já tinha visto em fotos, e a vista é ótima. – Sam se animava, olhando as luzes da cidade pela janela.
– Você ainda tem dinheiro?
– Quase nada, mas estou no final da minha jornada, não estou preocupada com dinheiro a essa altura.
– Três dias, não é? – Lindsay falava agora com um tom sóbrio.
– Três dias, e é sobre isso que eu queria conversar com você. Provavelmente essas são as últimas horas de calmaria que terei, amanhã entrarei naquela ilha, não sei se conseguirei as matrizes, nem se elas realmente existem. Talvez eu nem saia daquela ilha com vida.
– Você precisa permanecer otimista.
– Eu estou, eu estou com esperanças de sobreviver, eu preciso sobreviver. Mas Theo tem me ensinado a pensar de forma prática, e é isto que estou sendo agora. Preciso falar algumas coisas com você, caso tudo dê errado.
– Não fale assim.
– Lynn, eu gostaria que você contasse a verdade às crianças, elas entenderão, já tem idade para compreender a morte de alguém.
– Você está se despedindo?
– De certa forma, sim, estou. Você fará isto?
– Farei. – Lindsay disse após um longo suspiro.
– Nosso pai, você acha que tem alguma possibilidade de falar comigo?
– Eu não sei, Sam.
– Ele não falou nada sobre mim recentemente?
– Falou, anteontem ele perguntou se você já tinha conseguido o coração, e ontem perguntou quantos dias você ainda tinha.
– Isso é bom, não é? Ele tem perguntado por mim então. – Sam falava cheia de esperanças.
– Tem, mas não sei se aceitaria falar com você, ele continua dizendo que você estragou sua vida, que você não tem mais jeito.
– Lynn, eu vou morrer dentro de três dias, eu queria poder me despedir dele. – Sam falava com um nó surgindo na garganta.
– Eu sei… Prometo conversar com ele amanhã, ok? Vou pedir para que esqueça tudo e fale com você, acho que ele está amolecendo o coração.
– Por favor, tente com ele. Com nossa mãe troquei mensagens hoje, disse que me ligaria amanhã, porque um dos gêmeos está doente.
– Eu soube, Eugene está com pneumonia.
– Tem falado com ela?
– Sim, ela tem ligado, vem nos visitar no mês que vem.
Sam recostou-se na lateral da janela, tinha um ar entristecido.
– Tenho saudades de vocês… Eu queria poder vê-los novamente.
– Tenha fé em Deus, tudo vai dar certo, você vai sobreviver e sua vida vai voltar ao normal, como era antes.
– Minha vida nunca vai voltar ao normal, não a vida que eu tinha antes.
– Você continua com essa ideia estúpida de morar na Nova Capital?
– Nunca tive tanta certeza de algo.
– Vivendo em pecado?
– Finalmente vivendo. – Sam sorriu torto.
– Acho que nunca vou entender o que fizeram com você, todos os seus valores foram invertidos, isso é falta de Deus no seu coração, e no coração dessa menina que está com você, uma pessoa de índole ruim.
– Lynn, a crença de uma pessoa não determina caráter nem índole, eu prefiro estar ao lado de uma pessoa sem crenças e sem discursos de valores, mas com boas atitudes, do que um cristão com belas palavras e que não pratica o que aprende na igreja. A religião tem criado muitos hipócritas.
– Você não é mais temente a Deus, mudaram sua cabeça.
– Eu continuo com minha religiosidade e minha fé, nada mudou nesse âmbito. Mas minha visão limitada mudou, eu compreendo coisas que não compreendia, eu não respeitava o diferente, mas eu sequer me respeitava, e tudo mudou depois que passei a me aceitar.
– Apenas consiga logo um coração, ok? É isso que importa agora, eu discordo de nosso pai, eu acho que você tem jeito ainda, que pode voltar ao caminho de Deus, então vamos deixar essas coisas para quando você voltar para casa.
Sam exasperou antes de voltar a falar.
– Lynn, eu sei que nunca fui uma pessoa carinhosa, nem de falar sobre sentimentos, mas… Caso nosso pai não aceite falar comigo… – Diga a ele que o amo, sempre o amei incondicionalmente, e que sinto por tê-lo desapontado, tudo que fiz foi tentando sobreviver. Assim como amo você, Gerry, Oliver e Amanda, que eu gostaria de vê-los adultos um dia, mas se Deus tiver um outro propósito para mim, diga a eles para buscarem a felicidade dentro do coração deles, que façam coisas que amam.
– Sam… – Lindsay tentava segurar as lágrimas, mas Sam ouviu sua respiração fungada.
– Finalmente estou dando ouvidos ao meu coração, e estou feliz. Quero que eles saibam disso, ok?
– Eu direi.
– Não chore, Lindsay, você é a mais velha, precisa fazer seu papel de durona. – Sam riu.
– Não estou chorando. – Disse, aos soluços.
– Não, não está. Escute, continue fazendo suas orações por mim, se tudo der certo estarei de coração novo neste final de semana, e iremos comemorar, ok?
– Tentarei visitar você, onde você estiver.
– Quero balões coloridos no meu quarto.
– Eu sei, da sua cor preferida, azul.
– Isso aí. Vá dormir, voltarei para o quarto, não gosto de deixar Theo sozinha. Tentarei falar com você novamente antes de quinta-feira, combinado?
Sam despediu-se da irmã, voltando para o quarto se sentindo estranhamente em paz. Ao abrir a porta não encontrou Theo na cama, mas logo a viu de pé junto à grande janela, já vestida com sua calcinha e camiseta branca.
Não fazia ideia do que passava pela cabeça dela, mas sentiu um arrepio ruim subindo sua espinha ao vê-la tão próxima daquela janela baixa.
Cordiforme: adj.: Em forma de coração.
Perfeito!!!
Realmente, perfeito… Amei esse envolvimento de Theo com Sam… Mas, espera, o que ela vai fazer???
Theo vai testar se as asas já nasceram. xD
Mto Bacana, vale mto apena, é suportar a ansiedade até o próximo capitulo..Amei a História.
Parabéns..
Adriana, o próximo capítulo ainda estará razoavelmente tranquilo. O bicho pega no 44.
Obrigada por me ler e comentar, grande beijo!
amei esse cap e essas duas mereciam, por tanto nada pode da errado….perfeito!!!
Agora que chegamos ao final eu tenho a certeza que esse momento de entrega aconteceu no tempo certo, não poderia ter sido antes.
Bjos, Ada!
To adorando demaisss…e confesso que tb cai de paraquedas pelo abcles…
Ganhou uma fã…
Escreve muito bem…
E já solicitei a Lince e a Raposa no seu e-mail…
Espero q acabe logo essa tortura das duas e elas possam ser felizes…
Menina super recomendo A Lince e a Raposa…
Cris sabe escrever de tudo.
E essa é meu xodó, como eu disse uma vez a ela: Se ela cruzasse um gnomo e um abacaxi, Anna ainda seria um hibrido perfeito.
Vou começar a ler logo…to ansiosa…hahaha
Obrigada pela recomendação!! 😉
Posso pagar a comissão para a Diin então? rs
Diin querida! Obrigada pelo merchan! rs
A Lince será meu xodó forever, não é a toa que comprei uma lince e uma raposa de pelúcia hahahaha
Imagina se eu tivesse cruzado um gárgula com uma raposa?
Bjo!
Oie Márcia! Bem-vinda ao meu humilde blog!
Que bom que aprovou, eu que me torno fã de vocês, que tiram um tempo do seu dia para me ler, obrigada!
:*
Já ando sonhando com essa história e nos sonhos aparecebem umas teorias bem loucas de como vai ser o final disso tudo.
Amei esse capitulo apesar do clima de despidida
Você não viu nada, clima de despedida vai chegar pesado no 44… rs
Começei a ler essa historia recentemente, mas já estou viciada nela. Fique praticamente dois dias sem dormi pra consegui termina de ler os capitulos. Esperando, com o coração na mão, os proximos capitulos.
Não acredito que já esteja acabando..
Só tire a Theo de perto dessa janela pelo amooooooor!
Falando sério agora.. Que capítulo mais cheio de entrega. Por um momento achei que Theo fosse repelir a Sam. Deve ser uma montanha-russa de emoções e sentimentos contraditórios para Theodora..
Sinto em meu âmago que Theo pode por tudo a perder, mas quero acreditar que elas ficarão juntas e torço demais por isso!
Nem tudo são flores, mas espero que seja rsrs
Um abraço para você Schwinden que faz um grande trabalho, proporcionando os melhores minutos de leitura e imaginação que acabam virando horas!
Obrigada!!
É, está acabando… Eu tb estou um tanto triste. (Na verdade já acabou pra mim, e foi bem difícil escrever o final).
Será que vou derrubar Theo daquela janela? Hehehehehe
Sabe como deixar essa cena de sexo delas ainda mais intensa? Releia o capítulo 31. Ok, melhor não reler, aquele capítulo é muito depressivo. Mas se você lembrar de algumas coisas por qual ela passou, essa entrega vai ter um peso ainda maior, foi um esforço descomunal por parte da Theodora. E ela conseguiu!
Está com pressentimento ruim com Theo, não é? É, eu tb estou…
Obrigada pelo carinho, Alice.
Beijos!
Cris, sabe quantas vezes eu já li esse capítulo?
<3 <3 <3
É o tipo de capítulo que me faz ter vontade de ler logo a segunda parte… De ver Theo se curando aos poucos, superando seus medos, tendo esperança, fazendo planos para o futuro… A jornada é difícil, mas é possível. Estou torcendo para que ela não morra no momento… rsrs.. Você sabe, meus sentimentos para com o futuro de Theo variam muito, às vezes torço para que ela morra logo para parar de sofrer, mas no fundo só quero que ela fique bem. Quanto a Sam, ela ganhou uns pontinhos nesse capítulo comigo. =)
[um suspiro sorridente]
É bom te ver por aqui 😉
Sobre quantas vezes você leu esse capítulo, era uma pergunta retórica?
Só por curiosidade: você ainda odeia Sam?
Com o final dessa primeira parte não dá para saber o que de fato acontecerá na segunda parte, mas como eu sei o quanto você quer saber o que vai acontecer com Theo, se vc quiser saber depois, eu te conto, ok?
Vou anotar aqui sua sugestão de matá-la logo. XD
Um beijo, Marilyn.
Quem vai passar por tudo é a Sam… A Theo não enxerga ela não saberia que a sala é branca e nem algo do tipo, a Sam vai achar que a Theo está morta… Mas ela vai estar viva, e a Sam que vai passar por tudo aquilo que está escrito no 1° cap… A Sam!
E se… dentro daquele hospital estiver outra pessoa morrendo, e não Theo?
Eu gosto de brincar com as possibilidades… hehehe
Esse cap. é agora um dos meus favoritos, e o que tenho mais gostado é do amadurecimento gradual das personargens, e isso foi demonstrado com perfeição. Depois de muitos deslizes Sam está fazendo as coisas certas, pensando além dos seus problemas, para olhar um pouco para Theo e perceber o quanto ela está fragilizada e tbm precisa de ajuda. Esse comportamento acredito eu, foi decisivo para Theo baixar a guarda e confiar mais um pouco nela e nos sentimentos confessados. Assim a cena de amor foi uma consequência natural, em face da evolução da relação, que se consolidou em um novo nível . A cena foi perfeita e sobretudo "verdadeira" pois levando em consideração os traumas de Theo ela não poderia ser uma simples descrição de entrega, e isso deixou a cena coerente, pq embora Theo confie em Sam, superar um trauma é bastante penoso, e um simples eu te amo não é suficiente para apagar a dor, então as demonstrações de insegurança no momento era algo natural. Acho que no próximo cap. Theo vai finalmente externar toda sua dor e sofrimento que foi sufocado por todo esse tempo, para ajudar a Sam e tbm por perceber que ela não tinha estrutura para ouvir e lhe dar o apoio necessário.bj
Obrigada! :*
Eu adoraria ouvir suas teorias (mas tem que ser antes de sábado, pq sábado vou postar o final… rs)
Olá Talita! Bem-vinda à insanidades que saem da minha cabeça! rs
Espero que tenha tomado bastante café nessa sua maratona de leitura (e que tenha valido a pena).
Sábado termina, apareça mais, ok?
Grande beijo!
Olha, não sei se é porque você realmente presta atenção na história e sempre faz comentários coerentes e sensíveis, ou se você tem bola de cristal, mas é mais ou menos isso que vai acontecer no próximo capítulo, uma conversa sobre aquilo que Sam nunca teve coragem (ou vontade?) de perguntar.
Eu tb gostei desse capítulo, ele foi o fim de um arco importante, aquela parte pós-sexo eu havia escrito logo no início, mas precisei dar uma modificada quando a coloquei na história, na cena original Sam continuava sem compreender o que Theo sente e precisa, mas essa menina evoluiu mais do que eu imaginava, e ela agora tinha condições de captar o que estava acontecendo dentro daquele abraço. Ponto para Sam, conquistou de fato a confiança de Theo.
Obrigada pelo seu comentário, confesso que reli várias vezes 😉
Bjos
sabia que sam ainda iria surpreender, espero que ela mate os demonios de theo
bjos moça muito bom